quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Um milhão de portugueses pobres mas que trabalham como mouros. Só?

Existe mais de um milhão de portugueses pobres com trabalho, segundo o apuramento da Rede Europeia Anti-Pobreza, foi ontem divulgado no assinalar do Dia Internacional de Erradicação da Pobreza. Não sabemos como os autores chegam a estes números mas é facto que ao olharmos nos locais de trabalho, pelas ruas, pelos aglomerados de zonas pobres com casarios e barracas que se estendem pelas zonas degradadas de Lisboa e Porto, olhando para como sobrevivem os que por ali habitam, pudemos pôr as mãos no fogo em que por todo o Portugal existem muitos mais trabalhadores pobres que 1.1 milhão, fruto dos salários de miséria que recebem, quando recebem e não lhes pregam o “calote”. Oportunistas caloteiros vimos aos magotes, por exemplo, em empreiteiros e subempreiteiros na construção civil e noutras artes profissionais. Apesar disso colamos a seguir o texto retirado do Esquerda.net, onde pelo menos alguma realidade consta, embora que decerto não correta nos números e na quantidade de trabalhadores que trabalham para continuarem sempre pobres, contagiando sem quererem os filhos e restantes famílias. Isso, enquanto os que roubam os trabalhadores vivem nababamente e asseguram a continuidade da vivência à fartazana aos filhos e restantes famílias. (CT | PG)

Em Portugal há 1,1 milhões de pobres com trabalho

Especialistas reconhecem o impacto da recuperação de rendimentos e aumento das pensões na melhoria de vida dos muito pobres nos últimos dois anos, mas lembram que não é suficiente. Hoje celebra-se o Dia Internacional de Erradicação da Pobreza.

A Rede Europeia Anti-Pobreza (EAPN Portugal) alerta para a existência de mais de 1,1 milhões de pessoas em Portugal que têm trabalho, mas são pobres. Os dados foram dados pelo presidente da EAPN Portugal em entrevista à agência Lusa, por ocasião do Dia Internacional de Erradicação da Pobreza.

Jardim Moreira salienta que a existência de um emprego não é suficiente nestes casos, sendo necessária uma maior aposta na educação e na melhoria das qualificações. 

“Em Portugal, temos 10,8% de trabalhadores que são pobres, achámos que era necessário chamar a atenção para esta realidade, de que não basta ter um emprego para sair da pobreza”, apontou à Lusa o padre Jardim Moreira.

O responsável sublinhou que “não basta ter um qualquer dinheiro para ter uma vida adequada à dignidade humana, é preciso ter um rendimento adequado, que possibilite satisfazer as necessidades familiares”.

Uma das dificuldades que destacou para a dificuldade em aceder a empregos com melhores remunerações é a ausência de qualificações necessárias. Como tal, defendeu que as políticas que melhorem as condições de trabalho incluam também uma política de formação em educação. 

Reconhecendo as melhorias “no nível de vida dos muito pobres” nos últimos dois anos, seja pelo aumento dos rendimentos disponíveis, seja pelo aumento do valor das reformas, o responsável considera que ainda não chega.

“Mas a verdade é que ainda continuamos com 18,3% de pobres de rendimentos e chegam aos 23,3% os excluídos”, destacou, considerando que “apesar da melhoria, de modo global, os números não são ainda satisfatórios”.

Esta é também a opinião de Carlos Farinha Rodrigues, investigador  e professor universitário, também entrevistado pela agência Lusa no âmbito deste dia. 

Segundo Farinha Rodrigues, apesar das melhorias económicas observadas nos últimos anos, o país ainda não conseguiu regressar aos valores registados antes da crise de 2008, altura em que a taxa de pobreza se situava nos 17,9%, 0,4 pontos percentuais abaixo dos 18,3% registados em 2016, e que significam mais de 1,8 milhões de pessoas em situação de pobreza. Houve “um agravamento muito grande” dos principais indicadores de pobreza durante a crise económica, explica. 

“Os últimos resultados conhecidos referem-se a 2016 e esses resultados foram simultaneamente promissores e com fatores de preocupação”, apontou, explicando que foram promissores porque uma “forte repressão na taxa de pobreza das crianças e jovens”, “alguma redução” na taxa de privação material severa e uma redução ligeira na taxa global de pobreza.

O investigador defende uma estratégia nacional mais abrangente no combate à pobreza, uma que tenha em conta não apenas políticas sociais, mas também políticas económicas em geral, bem como as áreas da saúde e educação. “É esta visão de conjunto que eu continuo a achar que falta no nosso país”, concluiu.

Esquerda.net | Foto de Paulete Matos

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