Decorre a partir desta
terça-feira (06.11.) a Operação Resgate em Angola que visa pôr fim às
transgressões administrativas e acabar com a criminalidade. A Polícia garante
que a operação foi antecedida por um estudo.
O diretor do gabinete de
comunicação da Polícia de Angola, o comissário Orlando Bernardino, disse nesta
terça-feira (06.11), em entrevista à DW África que a Operação Resgate, que
"decididamente” começou no país, visa essencialmente fazer as pessoas cumprirem
as leis de Angola e não impeça nenhuma atividade a quem esteja legal
administrativamente.
Questionado pela DW África sobre
as denúncias e acusações dos alegados maus tratos praticados pelas autoridades
angolanas aos cidadãos estrangeiros, o comissário Orlando Bernardino disse o
seguinte:
Orlando Bernardino (OB): As
pessoas estão a fazer muita confusão com relação a Operação Resgate. A Operação
Resgate é uma operação que vai ser inserida fundamentalmente no combate a
criminalidade e combater a criminalidade tem a vertente de combater as
transgressões administrativas que se podem transformar em crimes. Elas têm duas
vertentes: uma, é o combate às transgressões administrativas e
à criminalidade. O combate vai permitir que as instituições que lidam com
questões administrativas fiscalizem o cumprimento daquilo que são os
procedimentos administrativos que existem por parte dos cidadãos. E depois, tem
uma vertente que é de combater a criminalidade. As pessoas que
cometeram crimes obviamente são levadas aos órgãos judiciais para que se
despoletem os procedimentos judiciais para o efeito.
DW África: Pode explicar-nos
de uma maneira mais clara como é que se materializa esta operação no
terreno? Porque ela começou hoje e gostaríamos de saber como é que está a ser feita?
OB: No terreno se manifesta
por sensibilização dos cidadãos, apelo aos cidadãos para que cumpram aquilo que
são as posturas administrativas que existem ao nível dos municípios e a nível
das cidades, é fundamentalmente isso. Fazer com que os cidadãos percebam que
estão a incorrer em transgressões administrativas e apelar no sentido de
mudarem de atitudes e mudarem aquilo que é a forma como exercem algumas
atividades, no caso dela não estiver correta. E no que diz respeito ao combate
ao crime, naturalmente, é orientar as operações no sentido de desmantelar
grupos de pessoas que se dedicam ao cometimento de crimes.
DW África: Sabemos que essa
campanha foi lançada oficialmente a 30 de outubro e começa hoje, dia 6 de
novembro, "decididamente", segundo as autoridades. O que quer dizer
"decididamente”?
OB: É uma ação de
sensibilização contínua. A operação prossegue, enquanto continuam as ações
de sensibilização. O objetivo não é de impedir quem quer que seja de exercer as
atividades que exerce, mas sim de apelar e sensibilizar as pessoas no sentido
de cumprirem aquilo que são normas, posturas administrativas e leis. Se tu
exerces uma atividade que não está legal tens que a legalizar. Se tu
entendes que não tens condições para a legalizar e de exercer a atividade
conforme manda a lei, não exerça essa atividade. O que se passa aqui, quando o
despacho do ministro do Interior disse "decididamente”, é porque de forma
decidida os órgãos da administração pública, que na verdade são os que estão a
coordenar essa operação com a polícia nacional, vão fazer de tudo para que os
cidadãos, numa primeira fase, percebam a necessidade que há de cumprirem com os
preceitos legais para o exercício de qualquer atividade ao nível das nossas
cidades. E, obviamente, a necessidade de termos uma organização de salubridade
pública ao nível das nossas cidades. E depois, obviamente, é questão de combate
ao crime... quem comete um crime obviamente é levado para que os
órgãos judiciais tratem que se cumpra a legalidade.
DW África: Qual é o balanço
preliminar que a polícia faz da operação que começou nesta terça-feira?
OB: Ainda é cedo para fazer
um balanço. A Operação mal começou, nós queremos é que os cidadãos compreendam
e acatem aquilo que são as orientações, a sensibilização que está a ser levada
a cabo e até lá entendemos que haverá da parte dos cidadãos uma compreensão
daquilo que é necessidade de termos as nossas cidades mais arejadas, mais
organizadas e naturalmente sem crimes, que é um dos grandes focos dessa
operação, que é também o combate a criminalidade, por isso, ainda é muito cedo.
Mas também entendemos que tem havido da parte dos cidadãos uma compreensão da
necessidade que há de termos as nossas cidades mais organizadas e obviamente,
no âmbito do cumprimento da lei e do respeito para com terceiros para que
se possa viver com mais saúde e naturalmente com mais segurança.
DW África: Esta operação foi
definida com base nalgum estudo feito previamente com participação de alguns
sociólogos ou antropólogos?
OB: Quando é realizada tem
como base um estudo, um levantamento que é feito. E com base nesse estudo
faz-se a operação. Há um levantamento, conhecemos quais são os problemas, a
sociedade sabe quais são os problemas e obviamente mediante um levantamento
feito e do conhecimento que se tem da situação, tratar de fazer a operação. É
preciso só sublinhar que a operação não é da Polícia. A operação é conjunta
entre os órgãos de administração local, os órgãos de administração principais,
os órgãos administrativos no sentido de um controlo do cumprimento das posturas
administrativas por parte dos cidadãos que têm atividades e nós,
naturalmente, órgãos da polícia, aparecemos como braços dos órgãos de
administração que vão fazer as inspeções de todo o tipo de atividade. Não se
está a proibir ninguém de exercer seja qual for a atividade. Toda gente pode
exercer a sua atividade desde que seja dentro dos preceitos legais, como
acontece em qualquer país do mundo.
Nádia Issufo | Deutsche Welle
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