sexta-feira, 2 de novembro de 2018

EM ANGOLA HÁ 20 ANOS – II


Martinho Júnior, Luanda  

1- Em meados de 1998 ainda não havia a possibilidade de melhor definir a geoestratégia de Savimbi, mas pouco a pouco se começou a perceber que as unidades à sua disposição, em posição defensiva só poderiam estar nas proximidades das explorações de diamantes aluviais que ele passou a explorar.

As ordens de pesquisa no Gabinete de Apoio ao Chefe do Estado-Maior Geral das FAA sobre essas explorações aluviais foram cumpridas pelo camarada José Herculano Pires, “Revolução”, muito embora no princípio pouca informação fosse obtida, pois demorou algum tempo até conseguir mobilizar meios humanos nesse conformidade.

Os meios humanos eram na sua esmagadora maioria de origem camponesa e todos originários da Região Central das Grandes Nascentes.

Esses meios humanos que se desligaram de Savimbi mas que continuam na UNITA, são heróis anónimos do povo angolano, na tão difícil busca da paz, em relação à qual tanto contribuíram.

Creio que a persistência nessa pesquisa, contribuiu para acelerar as deserções, que deram um enorme salto quando por via da Operação Restauro,sob o comando militar do General Simeone Mukuni, o Andulo foi tomado.

De facto as contradições internas entre os que seguiam Savimbi aumentavam, por reflexo e em cadeia com o incumprimento sucessivo dos Acordos Internacionais, a escolha traumática da opção da “guerra dos diamantes de sangue” e a exaustão de argumentos, de forças e de meios.

As pesquisas na região do Andulo, Nhareia e Lúbia, antes da Operação Restauro, permitiram fazer avaliações sobre as estruturas em toda essa vasta região, contribuindo para definir o que era a Zona Estratégica de Savimbi.

Contribuiu também para avaliar o que se passava no Cuango e na bacia do Cuanza, pois a distribuição militar da quadrícula defensiva das forças sob as ordens de Savimbi cortavam Angola ao meio, seguindo a linha de meridiano que as duas bacias, Cuango e Cuanza, compõem em direcção ao fulcro da Região Central das Grandes Nascentes.

Em relação às pesquisas, as directivas a partir do contentor de suporte ao Estado Maior-Geral das FAA, cobriram três curtos períodos no desenvolvimento cronológico dos trabalhos “no terreno”:

. Uma recolha inicial que permitiu os primeiros balanços, com uma informação ainda pouco estruturada e sujeita a confirmação e verificação (conforme ainda o trabalho que se junta);

. Uma recolha dirigida à pesquisa operativa das explorações de diamantes aluviais, na perspectiva que à sua ilharga e a curta distância, estariam disseminadas algumas das principais unidades militares; nessa fase incrementou-se a pesquisa de informação que levou ao desencadeamento da Operação Restauro, reforçando-se o apoio no terreno ao camarada General Simeone Mukuni;

. A continuação da pesquisa, desta feita em relação ao próprio Savimbi, tendo em conta o desastre de suas forças no Andulo e a perda de domínio em vastas regiões circundantes.

Em todos os casos as pesquisas em torno do território de Angola mantiveram-se a um bom nível, quer por via da Internet, quer com recurso a algumas fontes no exterior, pelo que o cruzar das informações possibilitaram uma melhor compreensão analítica da evolução da situação operacional (militar) e operativa (de movimentações político-diplomáticas, de inteligência, de contrainteligência e de reconhecimento).

O trabalho foi abruptamente interrompido, por ordens expressas do General João de Matos, Chefe do Estado-Maior, em Março do ano 2000, sem qualquer explicação: o camarada José Herculano Pires foi dado como “persona non grata” no Bié e quando não me deram as devidas explicações, dei por finda a nossa participação patriótica!

Recebi ordem para destruir todo o registo de nosso esforço no contentor, mas desobedeci: entendi sem equívocos que um trabalho feito com a abnegação patriótica, por causas justas e numa perspectiva de interesse nacional em prol da independência e da soberania, ainda que não fosse oficiosa ou oficialmente reconhecido, tinha pelo contrário de ser“religiosamente” guardado… 20 anos depois começo então a revelá-lo, ainda na espectativa de sempre servir o povo angolano!


2- A evolução dos trabalhos permitiu-nos avaliar melhor o que estava a acontecer com a exploração e comércio de diamantes, após a minha própria prisão e de outros camaradas em Março de 1986, quando a Segurança do Estado, ao ser desarticulada, perdeu capacidade de investigação nesse sentido, o que foi aproveitado por Savimbi para se introduzir no ramo de forma a financiar as suas iniciativas de subversão, de inteligência e militares.

Desse modo ainda sem chegar a essa conclusão, chegou-se ao entendimento preliminar do que mais tarde iria formular como choque neoliberal protagonizado por Savimbi entre 1992 e 2002.

Seria os dados sobre a informação ideológica da “nova” configuração da Organização Terrorista Armada de Savimbi que complementaria esse esforço, sendo as informações deste tipo as primeiras a ser coligidas de forma verificada, com a vantagem de conduzir as interpretações em direcção à geoestratégia e às estruturas tácticas de Savimbi.


3- A aprendizagem de então permitiu também a Angola perceber aos desenvolvimentos após o choque neoliberal que terminou em princípios de 2002.

Com o início da terapia neoliberal de 2002 até ao momento do desencadear da “Operação Transparência”, ali onde Savimbi atraiu para a exploração de diamantes aluviais a fim de ganhar capacidade financeira para garantir as forças que lhe eram fieis, depois do seu colapso instalaram-se em grande parte os mesmos interesses na exploração de diamantes aluviais por sua conta ou por conta de terceiros, interesses esses que possuíam uma parte importante dos seus núcleos duros na República Democrática do Congo.

Apesar da iniciativa do Processo Kimberley, a hemorragia de lesa-pátria foi garantida e à medida que os anos decorreram, foi sendo ampliada, sem que o estado angolano tomasse as necessárias e oportunas medidas que cada vez mais punham em causa o exercício pleno de sua própria soberania.

O caudal de mão-de-obra barata e ilegal que foi chegando da República Democrática do Congo, engrossou as redes que passaram a explorar e comercializar os diamantes aluviais, provenientes dum garimpo cada vez mais desenfreado, à margem das leis e da legalidade e até, em muitos casos, clandestino e mercenário…

Para além dos congoleses, os tentáculos possuíam nos “comptoirs” os nós dos interesses em território angolano, autênticos pontos de referência para a delapidação em curso, como passaram a ser referência os “bosses” que os guarneciam, tudo isso em grande parte à revelia dos interesses e da influência das comunidades locais autóctones, que desse modo começaram a ser sujeitas a pressões, como se culturalmente se tornassem estrangeiros na sua própria terra…

Martinho Júnior - Luanda, 31 de Outubro de 2018

Imagens:
- Núcleo de contentores num espaço onde se encontrava o contentor de apoio ao Estado-Maior Geral das FAA, entre meados de 1998 e Março de 2000:
- O camarada General João de Matos, Chefe do estado-Maior Geral das FAA, herói nacional;
- O camarada General Simeone Mukuni, que comandou a Operação Restauro, herói nacional;
- Identificação do camarada José Herculano Pires, “Revolução”, membro da Associação de Antigos Guerrilheiros;
- O camarada Alberto José Barros Antunes Baptista, “Kipaka”, a quem foi atribuída nacionalidade angolana pelo camarada Presidente António Agostinho Neto, como tributo ao seu empenhamento no âmbito da Luta de Libertação Nacional.

UNITA – Uma nova estratégia de desestabilização do País – II

FONTES: “LUMIÈRES NOIRES MAGAZINE” – 07 JUN 98                               
                                                 
PANFLETO 1 – “MANIFESTO POLÍTICO DOS EX –         COMBATENTES DAS FAPLA”
.
PANFLETO 2 – “A VOZ DOS CAMARADAS USADOS E DEPOIS ESQUECIDOS”.
                                                 
INFORMAÇÃO ESPECIAL dirigida ao CMP do CACUACO – 30 JUN 98.

DOCUMENTO INFORMATIVO de Candidato a AS.

18 JUL 98

I) TIPOLOGIA DAS ACÇÕES DE PROPAGANDA

O conjunto dos documentos permitem-nos identificar alguns aspectos relevantes da acção que a UNITA está a desencadear neste momento em todo o espaço Nacional e em alguns fóruns exteriores que lhe são favoráveis, colectando apoios e mobilizando gente a seu favor.  

A 05 MAI 98, realizou-se na SORBONE, em PARIS um Colóquio subordinado ao tema “GUERRE OU PAIX EN ANGOLA ?”, promovido pelos sectores favoráveis à UNITA, aproveitando praticamente as comemorações dos 30 anos do MAI 68, dando seguimento propagandístico às ideias expressas por SAVIMBI em entrevista realizada pelo historiador Togolês ATSUTSÉ KOKOUVI AGBOBLI, traduzida no livro “JONAS SAVIMBI – COMBATES PELA ÁFRICA E PELA DEMOCRACIA”.  

Já antes, em ABR 98, a INTERNET era utilizada para, através da página “DEMAIN L’UNITA” dar a conhecer extractos substanciais desse livro e agora a revista “LUMIÈRES NOIRES MAGAZINE” dedica espaço ao que foi esse Colóquio pró UNITA.

SAVIMBI traduz claramente todo o dispositivo filosófico-ideológico e político que dá substância a uma nova fase de desestabilização em direcção a uma nova guerra que se prepara para desencadear em ANGOLA, com apoios Internacionais poderosos e (sempre) com o objectivo de conquistar o poder pela força armada.

Às acções de propaganda a nível Internacional estão a seguir-se acções muito concretas dentro do País, de que são exemplo os PANFLETOS 1 e 2 que se juntam, com características distintas, mas que são o seguimento , na sua linha de pensamento e proposta de acção, das revelações de SAVIMBI (pela via de seus apoios) no exterior.

O PANFLETO 1, “MANIFESTO POLÍTICO DOS EX – COMBATENTES DAS FAPLA”, é dirigido a um sector de opinião que a UNITA simultaneamente considera muito importante, que abrange as classes baixas e médias da área urbana da Capital, em grande parte constituída por gente conotada por antigos combatentes e antigos militantes do MPLA, numa linguagem que não usa (nem podia usar) a terminologia político-ideológica corrente da UNITA, mas que surgindo neste preciso momento e com os objectivos que identifica, nós não hesitamos claramente em referir que é de seu interesse e autoria.

Ele procura mobilizar uma franja importante da população urbana de LUANDA intelectualmente mais evoluída, precisamente aquela que quando recentemente foi necessário pegar em armas não teve dúvidas em as utilizar para desalojar a UNITA da Capital, mas que neste momento se pode mostrar no mínimo indecisa em relação ao poder instituído, tendo em conta o desgaste que os sucessivos Governos do MPLA têm sofrido com a guerra prolongada e as mudanças de fundo implementadas no quadro político, económico e social. 

Mesmo que a UNITA não venha a contar com essa “5ª coluna” que há aliás alguns indícios de estar em estado de gestação, há contudo vários efeitos que ela pretende alcançar e entre eles:

Lançar o máximo de suspeita sobre antigos militares, de forma a procurar enfraquecer a capacidade de resposta do Governo, das Forças Armadas e do Interior (incluindo os sistemas de Segurança e Contra Inteligência) na Capital.

Levar o Governo a desarmar esses elementos, de forma a decididamente criar rupturas com eles, de que vai tentar explorar para melhor dirigir os seus golpes (em preparação).

Dar melhor cobertura à infiltração de seus grupos especiais, assim como de armamento sob seu controlo na cidade Capital (e provavelmente outras do litoral), a partir das respectivas periferias, pois o Governo ficará confundido e terá mais dificuldades em definir o “inimigo”.

O PANFLETO 2 tem um (público) alvo diferente do anterior: dirige-se às camadas populacionais urbanas e suburbanas mais desfavorecidas, politicamente menos preparadas e é um apelo psicológico que traz sinais evidentes do discurso da UNITA, nomeadamente no tipo de vocábulos que aqui e ali utiliza, como por exemplo:

A “VOZ” DOS CAMARADAS USADOS E DEPOIS ESQUECIDOS

HOJE SÓ DE CITAR ESSE NOME, REVOLTA-NOS E JURAMOS REIVINDICAR POR FORMA PACÍFICA ATÉ VERMOS OS NOSSOS DIREITOS E A NACIONALIDADE RESPEITADAS, PORQUE SOMOS“AUTÓCTONES” ...

FOMOS “CLANDESTINOS” DURANTE ANOS, COM TODOS OS RISCOS DESSA ACTIVIDADE NESSE PAÍS...

O NOSSO INIMIGO NÃO É O ANGOLANO “AUTÓCTONE” MAS SIM OS CONTINUADORES DO COLONIALISMO...

Os PANFLETOS referidos, são um efectivo seguimento, em muitos aspectos, do discurso de SAVIMBI no seu livro, sob os pontos de vista ideológico e político, por exemplo:

ACTUALMENTE OS ÓRGÃOS DE SOBERANIA INSTITUÍDOS NO PAÍS E DO PODER, NOMEADAMENTE, O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, A ASSEMBLEIA NACIONAL E A PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICA, NÃO TÊM QUALQUER LEGITIMIDADE. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA NÃO FOI ELEITO PELO POVO. ELE NÃO PODE DE MANEIRA ALGUMA CONSIDERAR-SE PRESIDENTE DE TODOS OS ANGOLANOS.

II) PREPARATIVOS PARA NOVA E DECISIVA GUERRA.

Enquanto decorrem as acções de propaganda no exterior e o lançamento de panfletos na Capital, pouco a pouco começam-nos a chegar documentos que se referem à actividade real da UNITA e que são uma amostra das suas verdadeiras preocupações e intenções.

A 30 JUN 98 o Comité Municipal do Partido do CACUACO deu a conhecer através duma INFORMAÇÃO ESPECIAL, dirigida ao Secretariado do BP do CC do MPLA, algumas actividades clandestinas de nível táctico operativo em curso:

Para dentro de LUANDA, através de camiões cujas matrículas são indicadas, elementos afectos estão a introduzir material de guerra dentro de sacos de crueira, colocando-o em residências sob seu controlo (algumas delas relacionadas).

A coberto das Igrejas que proliferam na Capital estabelecem ligações e mantêm o enquadramento, estando a aumentar as infiltrações de pessoal treinado a partir dos DEMBOS (referência a PANGO ALÚQUEM), a três Companhias de 200 homens cada, com destino a CACUACO, VIANA e SAMBA.

Este documento é ilustrativo que está a haver uma aceleração das actividades da UNITA que se caracterizam por um “modus operandi” que visa desencadear, com o máximo de intensidade, uma acção de surpresa (provavelmente dentro do perímetro urbano da Capital) que envolverá um movimento de pessoas para fora de LUANDA, sendo por causa disso que os seus efectivos estão-se a colocar próximo dos acessos NORTE, LESTE e SUL. Em alternativa, os dispositivos que estão a ser montados podem ser os que ajudarão na manobra de entrada de outras forças (NORTE e LESTE), ou que cumprirão missões especiais com destino ao FUTUNGO (SUL).

O segundo DOCUMENTO INFORMATIVO proveniente dum Candidato a AS de nível estratégico, parece-nos ainda mais importante, pois faz um retracto interno da situação da UNITA, assim como de aspectos estratégicos e alguns de seus principais dispositivos em desenvolvimento.

Em relação à situação interna da UNITA ele evidencia que a linha dura, formada por homens como NUMA, CHIMUCO, ANTERO, KALALA, BOCK e GATO, mantendo-se afastados do controlo do ESTADO, comandam os dispositivos clandestinos e militares que se estão a organizar com vista a desencadear “uma guerra relâmpago”, em “paralelo ao movimento de implementação do protocolo de LUSAKA”, numa escalada sem precedentes, enquanto a ala moderada , se encontra praticamente toda em LUANDA integrada nas FAA, no próprio Governo e no quadro da Assembleia Nacional.

As forças coligadas da UNITA e Zairenses (em particular elementos da DSP de MOBUTU) receberam armamento comprado à UCRÂNIA, como mísseis SCUD, ou os blindados BMP 2, tendo em conta que SAVIMBI teria conseguido ligações preferenciais com esse País, incluindo para formação dos seus homens.

Um outro País que teria passado a apoiar SAVIMBI foi o IRAQUE, que recebeu os efectivos que foram preparados para actuar com os mísseis solo – solo SCUD (a fonte diz – se ser um desses elementos).

A UNITA tem um amplo dispositivo de aeroportos onde esse material foi sendo desembarcado  sob supervisão de Oficiais provenientes dos novos Países afectos (Ucranianos, Romenos, Russos, Sul Africanos e Portugueses), sendo citados:

QUIMBELE.

Corredor do Rio QUANZA nas áreas de CALUSSINGA e confluência com o Rio CUANDO.

JAMBA.

LUZAMBA.

BUYA.

ANDULO.

Ao todo estão preparados “15 regimentos”, sendo “5 regimentos de luta anti carro”, equipados com armas muito modernas.

Os meios anti aéreos têm capacidade para derrube de aviões a grande altitude, a artilharia possui canhões de 155 mm, além dos mísseis solo – solo SCUD e os regimentos anti carro possuem entre outros meios , mísseis MILAN.

A “guerra relâmpago” será realizada com um ataque fulminante sobre LUANDA, desempenhando a FRENTE NORTE, comandada por NUMA e BLACK POWER o papel decisivo (e mais importante).

Essa FRENTE NORTE estende-se pelas Províncias de ZAIRE, UÍGE, BENGO, QUANZA NORTE, MALANGE e LUNDAS, (portanto com a base ao longo da fronteira com a RDC e primeiros objectivos em LUNDA NORTE, MALANGE e UÍGE, para depois fechar rapidamente sobre LUANDA).

A FRENTE CENTRO SUL tem como missão tomar e destruir a Base Aérea do LUBANGO e consequente tomada daquela cidade.

A FRENTE OESTE “tem como alvo principal a Base Aérea da CATUMBELA”.

Não chegou a fazer referências à FRENTE LESTE.

Os mísseis solo – solo estão, segundo ele instalados na região CALUSSINGA – ANDULO – NHARÊA e serão utilizados na ofensiva final sobre LUANDA, contra objectivos na Capital que incluem Aeroportos, Bases Aéreas, Portos, grandes fábricas e indústrias, quartéis “e sobretudo o FUTUNGO DE BELAS”.

III) ALGUMAS CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES.

Parece-nos óbvio que se devem organizar todos os dispositivos centralizadores de INFORMAÇÃO que visem fazer uma avaliação ampla e correcta da situação, tendo em conta que apenas dispomos de amostras recolhidas num espectro relativamente vasto de entidades, que vão desde a Revista Internacional, ao Candidato a AS.

Esses dispositivos centralizadores da INFORMAÇÃO deverão estabelecer o quadro geral e fazer propostas que conduzam à tomada de medidas nos vários sectores de actividade, desde os sectores político-administrativos, até aos organismos do MINISTÉRIO DO INTERIOR e FAA.

Entretanto pensamos que é importante a célula que mantém o empenhamento de ligação ao Candidato a AS ser apoiada, de forma a ampliar a INFORMAÇÃO e dar hipótese a, com um mais minucioso inventário da situação, possibilitar melhor a verificação de dados.

Ao mesmo tempo, dispositivos internos de reconhecimento ofensivo (incluindo reconhecimento em profundidade, ou de destino especial) e contra inteligência deverão ser implementados, com vista a procurar detalhar melhor os procedimentos táctico operativos da UNITA, se possível as suas armas de âmbito estratégico, de forma a verificar os dados ora transmitidos e outros que se lhes sigam.

A nível Internacional, incluindo com o apoio de amigos e aliados (seja pelas vias político diplomáticas, seja pelas vias dos sectores de INTELIGÊNCIA), é necessário verificar os dados recolhidos com este DOCUMENTO INFORMATIVO, mas também com outros anteriores, ou que estejam a ser recebidos neste momento, relacionando-se com todos os apoios que a UNITA tem recebido do exterior, com prioridade para aqueles que se referem ao seu esforço clandestino e militar.

Estamos em crer que havendo apoios a um elevado nível, de Oficiais da UCRÂNIA, RÚSSIA, ÁFRICA DO SUL e IRAQUE, a UNITA pressupõe ter um elevado índice de conhecimentos sobre os dispositivos, procedimentos e“modus operandi” das Nossas Forças, especialmente das FAA, assim como de aspectos técnicos e tácticos ligados ao material em uso (por exemplo formas de atacar os blindados e tanques, formas de destruir os aviões e helicópteros, etc.).

É de considerar também que para um plano da natureza do que ela está a procurar levar a cabo, o reconhecimento com o emprego dos mais diversificados meios, pessoal e equipamento, é um factor de extrema importância, pelo que é necessário adoptarem-se as medidas defensivas mais adequadas no sentido de se procurar detectá-los, pois aparentemente eles estão já a ser deslocados para os vários objectivos principais (alguns deles foram enumerados).

Como é óbvio o ESTADO Angolano deverá decidir-se sobre os aspectos de estratégia que se devem utilizar perante uma situação com indícios que pouco a pouco se estão a tornar tão evidentes sobre o agravamento da vida do País; por exemplo, no caso de se verificarem os dados que possuímos, parece-nos que se deve ter como um dos objectivos a condenação Internacional da UNITA enquanto Organização Armada de características fundamentalistas e terroristas, responsável por uma política de genocídio contra o Povo Angolano e por crimes contra a Humanidade, condenação que se deve tornar extensiva a quem a estiver a apoiar nas presentes circunstâncias.

18-07-1998 18:24

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