domingo, 7 de janeiro de 2018

A UBERIZAÇÃO DA ECONOMIA – SONHO DO CAPITAL


A UBER não é apenas um problema no sector dos transportes. É a concretização de um modelo que conduz à eliminação do assalariamento e ao desaparecimento dos direitos que lhe estão associados. É por isso que a decisão de um tribunal de Londres de obrigar a UBER a reclassificar os seus condutores como assalariados é tão importante. E é por isso também que a passividade do governo do PS em relação à UBER (culminando com a falada intenção de lhe perdoar multas decorrentes da aplicação da lei) deve ser denunciada.

(…) A UBER pretende ser uma plataforma que relaciona condutores de automóvel, considerados como trabalhadores independentes, e clientes. O instrumento de trabalho, o veículo, pertence ao condutor, mas a aplicação, que permite o estabelecimento da relação com os clientes é propriedade da UBER. O que, aliás, autoriza esta sociedade a fixar os preços do percurso feito pelo condutor, e a impor uma certa categoria de veículos. A remuneração da UBER consiste numa percentagem que ela retém sobre o preço do trajecto.

Por um lado, o preço é fixado pelas sociedades e não pelos condutores. Deste ponto de vista, está-se numa estranha situação. Por outro lado, os condutores vêm-se na necessidade de contrair dívidas para adquirir o veículo que a UBER (ou as outras sociedades) lhes impõe. Este endividamento pesa fortemente sobre o seu equilíbrio financeiro. Então, poderá dizer-se, porque é que esses condutores não se retiram dessas sociedades para operarem como “verdadeiros” independentes? O que é mais fácil de dizer do que de fazer. Para exercer como taxista é necessária uma licença, e estas licenças são estritamente controladas pela prefeitura da polícia. E para trabalhar como VTC independente é necessário dispor de um caderno de endereços e de clientes regulares. Vê-se assim que por detrás da aparente promessa de uma “liberdade” se perfila um implacável constrangimento que encurrala os condutores UBER num colete de forças do qual não se podem libertar.

Neste contexto, chegou-nos de Londres uma importante notícia que não foi suficientemente divulgada pela imprensa. É nesta cidade, capital do Reino Unido – como sabem, o país que é descrito como um templo do neoliberalismo e como um inferno em consequência da sua decisão de sais da UE – que foi tomada uma decisão que fará história: a sociedade UBER é intimada a requalificar os condutores que trabalham para ela em «assalariados». Esta decisão (na realidade a primeira etapa de um processo judicial que se prolongará por toda a próxima primavera) vem aliás na sequência de decisões análogas tomadas nas grandes cidades californianas, mesmo no coração daquilo a que se chama a «nova economia».

É uma decisão importante porque põe fim à hipocrisia que reina em torno da UBER, que pretende não ser mais do que uma simples plataforma que coloca em contacto trabalhadores independentes e os seus clientes Efectivamente, a UBER pretende não ser uma transportadora. Mas, sendo assim, porque é a UBER a fixar os preços que os condutores podem pedir? Vê-se bem aqui onde bate o ponto. A UBER pretende impor as regras mas recusa-se a assumir qualquer responsabilidade. É por isso que esta decisão da justiça londrina, para além das queixas que deverão ser apresentadas na justiça em França no final do mês de Março de 2018, convida a que nos debrucemos sobre aquilo que é chamado o «modelo económico» da UBER.

(…) A ideia que preside à criação desta sociedade é engenhosa, mas não necessariamente moral. Ela incide, segundo o que foi dito, em substituir o contrato de trabalho por um contrato de aluguer (da aplicação UBER) e em pretender que os trabalhadores se tornaram «auto-empresários». Vê-se onde se situa a vantagem para esta sociedade. Deixa de pagar encargos sociais, e desinteressa-se em absoluto da situação em que coloca os seus condutores. Este modelo deu origem ao fantasma de uma economia em que o assalariamento teria desaparecido, e com ele os direitos sociais que lhe estão associados, para ser substituído por uma sociedade de empresários, mesmo de micro-empresários. Entretanto, diversos estudos mostram que esses estatutos de empresário ou de micro-empresário, estatutos tão elogiados pelo nosso Presidente da República Emmanuel Macron, encobrem na realidade uma degradação significativa da situação dos trabalhadores. Cabe aqui convidar os leitores a consultarem a obra Ma Vie d’Auto-entrepreneur de Sophie Vouteau, que acaba de ser publicada.

Em numerosos casos esse estatuto, e em particular no caso dos condutores UBER, não faz mais do que reactualizar um modelo económico do início do século XIX: o trabalho «a feitio». O encomendador passava pelos seus trabalhadores a distribuir as matérias-primas e voltava no final da jornada de trabalho a recolher o produto do seu trabalho, pagando portanto à peça, sem contrato nem qualquer obrigação. O “progresso” seria portanto o regresso às mais negras condições da Revolução industrial. Aqui, no caso da UBER, poder considerar-se que os inventores ou os detentores dos direitos de uma aplicação estão sobretudo na situação do proprietário de terras que explora, por meio do arrendamento, o camponês que não pode plenamente constituir-se em «pequeno proprietário».

É por isso que a decisão do tribunal de Londres é tão importante. Resta agora aguardar o que irá resultar desse procedimento, e os resultados dos processos análogos que foram empreendidos em França.

*O Diário.info

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TRUMP, A RELIGIÃO MUÇULMANA E O ISLÃO POLÍTICO

Thierry Meyssan*

Desde há uma dezena de anos, os Estados Unidos estão prisioneiros da sua contradição face ao Islão. De um lado, eles vêm-se como o país da liberdade religiosa, por outro utilizam os Irmãos Muçulmanos para desestabilizar o Médio-Oriente Alargado, e por um terceiro combatem a propagação do terrorismo islâmico para além desta região. Assim, eles interditaram toda e qualquer pesquisa que permita distinguir o Islão enquanto religião da sua manipulação para fins políticos. Depois de ter rompido com o terrorismo dos Irmãos Muçulmanos, Donald Trump decidiu reabrir este dossiê, correndo o risco de provocar reacções violentas no seu próprio país. Uma vez que nos Estados Unidos, a liberdade para praticar o Islão não inclui a de se envolver em política.

a sua nova Estratégia de Segurança Nacional, o Presidente Trump modifica a terminologia oficial e designa os grupos armados muçulmanos como «jiadistas terroristas».

O Islão: religião ou ideologia?

Após os atentados de 11-de-Setembro atribuídos à Alcaida, uma violenta polémica agitou Washington: eram, ou não, os grupos terroristas representativos do Islão? Se sim, convinha considerar todos os muçulmanos como inimigos da pátria. Se não, podia-se estabelecer uma distinção entre muçulmanos «moderados» e «extremistas».

Entretanto, os Britânicos empregavam os mesmos termos com um outro significado: os «moderados» são muçulmanos «moderadamente anti-imperialistas», como o Hamas, que não vê nenhuma objeção de ordem política a Israel, mas que unicamente recusa que muçulmanos sejam governados por judeus; enquanto os «extremistas» são muçulmanos «extremamente anti-imperialistas’ como o Hezbolla que coloca em causa a vitória do Estado colonial israelita sobre os árabes.

A polémica atingiu o seu pico, em Junho de 2006; aquando de uma conferência do New York Metro InfraGard. Um agente e perito do FBI, William Gawthrop, garantiu que é inútil distinguir entre os diferentes grupos terroristas muçulmanos, uma vez que todos se baseiam na mesma ideologia, o Islão. Descobriram-se então cinco documentos internos do FBI [1]. Destinados à formação dos seus agentes, eles consideravam que quanto mais «islamista» se é, mais se é potencialmente «radical», e que o Profeta Maomé fora o líder de uma seita violenta. Gawthrop apoiou-se num estudo indiscutível do Corão, os Hadits e nos principais textos teológicos. Ele demonstrava que, ao longo de toda a História, teólogos das quatro principais escolas sunitas defenderam a guerra contra os infiéis... embora não os pensadores da escola xiita. Além disso, Gawthrop era também instrutor do CIFA (Counterintelligence Field Activity-ndT), no Departamento da Defesa. Aí, ele pressionou para o estudo de Maomé enquanto chefe militar.

Esta polémica não era nova. Por um lado, desde 1953 e da recepção a Said Ramadan pelo Presidente Eisenhower, a CIA e o Departamento de Defesa trabalharam no estrangeirocom os partidários do islão político, os Irmãos Muçulmanos. Por outro lado, durante a segregação racial, fora admitido que os descendentes dos escravos pudessem ser muçulmanos, mas não seria suposto que colocassem reivindicações políticas. Em 1965, o líder político negro e muçulmano Malcolm X foi assassinado, provavelmente com a ajuda encoberta do FBI. Agonizante no chão, ele tentou dar à sua secretária, momentos antes de morrer, uma mensagem para Saïd Ramadan.

Como resposta a esse ponto de vista, uma proeminente figura muçulmana dos EUA, Salam Al-Marayati, ameaçou apelar para o fim de toda a cooperação com o FBI [2].
Imediatamente, o adjunto do Procurador-geral, James Cole; interditou o conjunto de documentos sobre este assunto, não somente no FBI, mas em todas as jurisdições.

Salvo que os documentos do FBI estavam concebidos para cursos onde os instrutores especificavam, longamente, que eles não se referiam ao Islão enquanto religião, mas, sim enquanto ideologia política [3].

Os Estados Unidos: país de liberdade religiosa ou de Islamofobia?

Foi nesse período que o Departamento de Estado criou várias estruturas encarregues de influenciar as opiniões públicas dos EUA e estrangeiras de maneira a que elas não acusassem os Estados Unidos de conduzir uma guerra contra a religião muçulmana. Este dispositivo compreendia, nomeadamente, uma célula de uma vintena de pessoas, expressando-se em várias línguas, que intervinham, sob falsas identidades, em fóruns para guiar os debates.

Qualquer que seja a maneira de abordar a questão, os Estados Unidos regressam sempre ao mesmo problema: desde o século VII, a palavra «islão» serve em árabe tanto para designar uma religião quanto uma ideologia política, no entanto perfeitamente distinta.

Finalmente, em Janeiro de 2008, o Departamento de Segurança da Pátria publicou, por iniciativa do Secretário Michael Chertoff, a Terminologia para Definir os Terroristas (Terminology to Define the Terrorists: Recomendations from American Muslims). Depois, o gabinete do Director da Inteligência Nacional (então dirigido por Mike McConnell) redigiu, em Março de 2008, uma nota semântica à atenção de toda a Administração. Essas instruções visavam limpar a Administração Bush —que havia falado em 2001 de «cruzada contra a Alcaida»— de qualquer suspeita de islamofobia e de restabelecer a honorabilidade do «país da liberdade religiosa».

O facto de elevar à Casa Branca Barack Hussein Obama devia chegar para resolver o problema. Mas não foi o caso, nomeadamente porque enquanto um terço dos seus eleitores o achava muçulmano, ele precisou que era cristão oriundo de uma família muçulmana; o que parecia validar o esquema identitário dos imigrantes vindos da Europa do Norte : pode-se ser Norte-americano sendo culturalmente, ou mesmo religiosamente muçulmano, mas um Presidente deve ser cristão. Daí a truculência da campanha financiada pelo promotor imobiliário Donald Trump quanto ao local de nascimento de Obama (Havai ou Quénia britânico?). É claro, a resposta condicionava a constitucionalidade da sua eleição, mas mais importante ainda, ela implicava aclarar se ele havia nascido cristão ou muçulmano.

Em 2011, o Vice-secretário de Estado encarregado da Propaganda (Public Diplomacy) criou o Centro para as Comunicações Estratégicas contra o Terrorismo (Center for Strategic Counterterrorism Comunications). Em 2016, esta estrutura tomou o nome de Centro de Actuação Global (Global Engagement Center) e estendeu as suas competências à luta contra a Rússia. O seu orçamento foi então multiplicado por 13. O facto de confiar a luta contra o terrorismo e a rivalidade com a Rússia ao mesmo organismo não contribuiu, evidentemente, para clarificar as coisas. Foi neste período que Washington adoptou a expressão da ONU «extremismo violento» para designar a ideologia dos terroristas [4].

Voltemos atrás: a 22 de Dezembro de 2012, o magazine egípcio Rose El-Youssef revelava a presença de vários responsáveis dos Irmãos Muçulmanos no seio da Administração Obama, entre os quais Salam Al-Marayati. Ele representara nomeadamente a Secretária de Estado, Hillary Clinton, e presidira a delegação oficial dos EUA à Conferência da OSCE sobre os Direitos do Homem. A sua esposa, Laila, era uma próxima de Hillary Clinton, quando esta era First Lady (primeira dama-ndT), e membro da Comissão para a Liberdade Religiosa Internacional. A intervenção de Al-Marayati contra Gawthrop, seis anos antes, não passou no entanto, na realidade, de uma manobra dos Clinton, utilizando os Irmãos Muçulmanos para fazer mudar de opinião o FBI e o Departamento de Defesa.

O direito a reflectir

A polémica aumentou, em Julho de 2017, com a apresentação de uma emenda à Lei de Programação Militar (NDAA) autorizando o Departamento da Defesa a estudar «o uso de doutrinas religiosas muçulmanas violentas ou não-ortodoxas para apoiar a comunicação dos extremistas ou dos terroristas e de a justificar». O texto foi rejeitado por 217 votos contra 208, sempre em nome da proteção do Islão enquanto religião.

O Presidente Trump decidiu, pois, finalmente aplicando a palavra «jiadista» aos terroristas muçulmanos, muito embora originalmente a jihad não seja a luta armada contra os Infiéis, mas uma introspecção e auto-questionamento.

Ora, até aqui as decisões de Donald Trump foram objecto dos piores quiproquo. O seu decreto suspendendo a imigração proveniente de países onde os consulados não dispunham dos meios para verificar a honorabilidade dos candidatos foi interpretado como «islamófobo», porque esses países têm uma população de maioria muçulmana.

A sua decisão é uma verdadeira revolução intelectual para os Estados Unidos. Até aqui, o Departamento da Defesa aplicava a estratégia do Almirante Arthur Cebrowski, destruindo —país após país— qualquer forma de organização política no Médio-Oriente Alargado, enquanto o Departamento de Estado se ocupava a assegurar que esta política não era, em si própria, anti-muçulmana.

Todavia, de um ponto de vista médio-oriental, não é o que foi percebido. Como durante quinze anos os Estados Unidos implementaram a estratégia de Cebrowski [5] unicamente na parte do mundo maioritariamente muçulmana, era impossível para os Afegãos, para os Persas, para os Turcos e para os Árabes, compreender fosse o que fosse dos slogans(eslogans-br) dos EUA. Foi, aliás, com essa contradição que Barack Obama se confrontou aquando do seu discurso do Cairo, em Junho de 2009.

Se compreendemos perfeitamente os objectivos da propaganda dos EUA, não podemos deixar de observar que eles tem sido a primeira vítima dela. Com efeito, foi a contradição entre o seu angélico discurso e o seu apoio aos Irmãos Muçulmanos no exterior (e não a sua estratégia de destruição do Médio-Oriente Alargado) que os conduziu a interditar toda a pesquisa sobre a origem do islão político, tanto em casa como entre os seus aliados.

Ora, Maomé era um general e um governante. Esta situação histórica particular permitiu, desde os primeiros dias do Islão, a uma corrente de pensamento tentar manipular esta religião para se apoderar do Poder. A maior parte dos muçulmanos foi instruída com os Hadiths, compostos muito após a morte do Profeta, que lhe atribuem façanhas militares e um pensamento político especial. Os Irmãos Muçulmanos da actualidade apoiam-se, pois, em fortes antecedentes.

No fim de contas, os Estados Unidos não conseguirão distinguir os dois sentidos da palavra «islão» enquanto não tiverem resolvido a questão da sua própria identidade. Donald Trump e os seus eleitores admitem sem dificuldade que Negros e Hispânicos sejam cidadãos dos Estados Unidos, mas dificilmente que eles exerçam funções políticas de primeiro plano.

Paradoxalmente, quando conviria que intelectuais muçulmanos empreendam esta pesquisa e permitam, assim, separar a sua religião de uma manipulação política, serão provavelmente os Estados Unidos quem vai conduzir sós esta exploração. Muito embora exista um grande número de pesquisadores muçulmanos nos EUA, é pouco provável que este país não projecte os seus próprios fantasmas culturais sobre o estudo deste assunto com o risco de o interpretar mal.

Thierry Meyssan* | Voltaire.net | Tradução Alva

*Intelectual francês, presidente-fundador da Rede Voltaire e da conferência Axis for Peace. As suas análises sobre política externa publicam-se na imprensa árabe, latino-americana e russa. Última obra em francês: Sous nos yeux. Du 11-Septembre à Donald Trump. Outra obras : L’Effroyable imposture: Tome 2, Manipulations et désinformations (ed. JP Bertrand, 2007). Última obra publicada em Castelhano (espanhol): La gran impostura II. Manipulación y desinformación en los medios de comunicación (Monte Ávila Editores, 2008).

Notas:
[1] O leitor encontrará aqui os principais documentos citados neste artigo.
[2] “The wrong way to fight terrorism”, Salam Al-Marayati, Los Angeles Times, October 19, 2011.
[3] Este video de um curso em Quantico não deixa nenhuma dúvida a este respeito
[4] « Plan d’action pour la prévention de l’extrémisme violent » («Plano de acção para a prevenção do extremismo violento»- ndT), par Ban Ki-moon, Réseau Voltaire, 24 décembre 2015.
[5] The Pentagon’s New Map, Thomas P. M. Barnett, Putnam Publishing Group, 2004. “O projecto militar dos Estados Unidos pelo mundo”, Thierry Meyssan, Tradução Alva, Rede Voltaire, 22 de Agosto de 2017.

QUANTA MORTE E DESTRUIÇÃO NOS AGUARDAM EM 2018?

Paul Craig Roberts*

O Novo Ano está repleto de ameaças económicas, políticas e guerreiras.

Entre as ameaças económicas estão os mercados de acções, de títulos e do imobiliário que durante anos foram artificialmente inchados através da criação de moeda pelo banco central e por informações falsas de pleno emprego. É uma questão aberta saber se os participantes nestes mercados estão conscientes de que a realidade subjacente não admite os valores [actuais] destes activos. Os bancos centrais suportam os mercados de acções não só com liquidez abundante mas também com compras directas de acções. O banco central japonês é agora um dos maiores possuidores de acções japonesas. Bancos centrais, os quais supostamente proporcionam estabilidade económica, criaram uma fraude maciça.

Por todo o mundo ocidental a política degenerou em fraude. Nenhum governo serve o interesse público (Ver:www.paulcraigroberts.org/2017/12/29/eric-zuesse-explains-americas-worst-enemy/ ). Excepto em alguns antigos satélites soviéticos na Europa Oriental, os governos europeus têm desprezado a vontade do povo ao admitir grande número de refugiados das guerras de Washington e ainda outros que pretendem ser refugiados. Os governos europeus mais uma vez põem em perigo seus cidadãos com o seu apoio com o seu apoio à crescente agressão de Washington em relação à Rússia. O fracasso universal de políticas democráticas está a levar directamente à guerra.

O Saker explica que americanos com inteligência, honra, coragem e integridade desapareceram do establishment de segurança nacional dos EUA. Em seu lugar estão estúpidos arrogantes com alto excesso de confiança e eles acreditam: (1) Que podemos comprar qualquer um; (2) Que aqueles que não pudermos comprar, podemos intimidar; (3) Que aqueles que não podemos intimidar, podemos matar; (4) Que nada nos pode acontecer, vivemos em impunidade total não importa o que façamos. http://www.unz.com/tsaker/2018-war-or-no-war/

Scott Bennett informa que soldados dos EUA estão a receber a propaganda de que a Rússia é um inimigo com o qual estamos destinados a guerrear. www.facebook.com/capsule.ninetynine.7/videos/1992321041038611/

O império anglo-sionista está a tentar derrubar o acordo iraniano e a recomeçar a tentativa de deitar abaixo o governo da Síria. O Hezbollah do Líbano também está sob as vistas do império. Washington está a armar a Ucrânia a fim de capacitá-la a um ataque contra as províncias em ruptura da Novorussia. As ameaças contra a Coreia do Norte escalam. Mesmo a pequena Venezuela é ameaçada com intervenção militar simplesmente porque o país quer controlar o seu próprio destino e não ser controlado por Washington e pelos bancos de Nova York.

Na opinião de alguns, a diplomacia muito cautelosa da Rússia aumentou a probabilidade de que Washington cometa um erro e dê ao mundo uma terça guerra mundial. Ao não aceitar os pedidos das províncias em ruptura de língua russa na Ucrânia de serem reincorporadas à Rússia, o governo russo abriu o caminho para Washington proporcionar os meios militares para o seu fantoche ucraniano tentar reconquistar as províncias. O êxito disto prejudicaria o prestígio russo e encorajaria Washington nas suas acções agressivas. Mais cedo ou mais tarde a Rússia terá de se defender e lutar.

A prematura declaração de vitória da Rússia na Síria e a sua retirada tornaram possível a permanência de forças dos EUA naquele país e a tentativa de recomeçar os esforços para derrubar o governo Assad. A Rússia teria de defender a sua vitória, ou ao deixar de fazer isso encoraja acções mais agressivas de Washington.

Já se evaporaram as esperanças de que o presidente Trump restauraria as relações normalizadas entre as potências nucleares que Reagan e Gorbachev tornaram possível. A questão para este Novo Ano é quando a agressão de Washington contra a Rússia desencadeará uma guerra quente.

Este sítio web estará a examinar estas questões à medida que se desdobrarem em 2018. Da perspectiva de hoje, é improvável que o Novo Ano venha a ser feliz. Em parte alguma no ocidente há um sinal de liderança rumo à paz e ao bem-estar da humanidade.


Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ 

Futebol | RUI VITÓRIA: “INCOERÊNCIA? O SÉRGIO DISSE UMA VEZ 'DEIXEM OS ÁRBITROS EM PAZ’”

Técnico questiona processo do VAR e pergunta como foram feitas as avaliações no dérbi

Rui Vitória foi questionado sobre as palavras de Sérgio Conceição nas quais este pediu coerência, frisando não ter a certeza se o técnico do FC Porto se dirigia a si. O treinador do Benfica reiterou que os árbitros devem ver os lances no monitor quando têm dúvidas e frisou a necessidade de acabar com o que chama de "zona cinzenta".

"Pode não ser diretamente para mim. Não concretamente em relação ao Sérgio, porque não vou comentar, como ele se calhar não comenta as minhas palavras. Não sou nenhuma criança nem sou tonto, quando tenho uma conversa é a pensar que estamos a falar todos a um nível de inteligência relativamente elevado. Abordei aquilo a defender o Benfica e a minha parte, mas a gente que está a viver no terreno estas novas realidades do VAR, dos jogos, alguém que está a sentir esta questão dos jogos a funcionar... Nós que vivemos isto no dia a dia temos uma opinião com outra sensibilidade. É a mesma coisa que dizer ‘vou ser operado’, ‘ai isso não vai custar nada, é fácil’. É fácil no corpo dos outros, porque nós não estamos a viver as coisas.

O que quero transmitir não tem a ver comigo ou o Benfica, tem a ver com a realidade do VAR. Não tenho nada contra o Hugo Miguel, Tiago Martins, Fábio Veríssimo, Jorge Sousa… O Hugo Miguel e o Tiago Martins já me expulsaram e fizeram-no bem. Hão de arbitrar e tem qualidade para isso. Referi-me aos árbitros em relação aos lances. Estes e outros árbitros às vezes é giro ver se repetem a decisão passados três ou quatro meses.

O grande problema que existe no VAR é simples: Eu sou arbitro, há um lance rápido de decisão. Eu digo que aquilo até me parece penálti e deixo correr porque tenho uma pessoa lá em cima a ver, que tem um protocolo para cumprir. O que acontece é que o árbitro tem dúvidas e ficamos nesta zona cinzenta. A decisão dos jogos tem de ser dos árbitros, mas em consciência total. Se calhar, se o Hugo Miguel visse os lances na televisão tinha marcado um ou dois, no mínimo. A ideia que fica é que foi o VAR que acaba por dizer ‘não é penálti’., Mas digo aqui na Luz, como noutro estádio qualquer. Os árbitros acabam por ter esta proteção de ter um colega que está lá em cima e decide."

Não foi coerente?

"Incoerência? Também já o Sérgio Conceição disse uma vez ‘deixem os árbitros em paz’. Isto é como tudo. Se os árbitros tiverem que ir ao monitor, que o façam. Não há problema por isso, mas tiremos todos essas dúvidas. Nestes lances e noutros do campeonato, não me parece que tenham sido esgotadas todas as possibilidades para que a decisão tenha sido uma certeza.

Hoje alguns árbitros vão para casa e dizem: se eu tenho visto na televisão, não era isto que decidia. É um ano experimental mas não podemos andar sempre nisto. Este é o passo necessário nesta altura."

Avaliação dos árbitros do dérbi


"Quem foi avaliado no último jogo? O Hugo Miguel tinha dúvidas e não apitou, o Tiago Martins como não tinha certezas, se calhar… Quem foi avaliado? Como é isto? Quem esteve certo ou errado? Se calhar os dois estiveram certos, um cumpriu e o outro cumpriu o protocolo. Estou a ser coerente."

Luís Miroto Simões | Record | Foto: Lusa

FUTEBOL | Messi sai a custo zero se a Catalunha for independente

O novo contrato de Lionel Messi tem a duração de quatro anos, muitos milhões, objetivos e uma cláusula com um olho na política: argentino sai a custo zero caso não possa jogar em liga de topo.

A renovação de Lionel Messi está a dar que falar em Espanha. Para além dos muitos milhões e objetivos, o argentino incluiu uma cláusula que prevê a sua saída caso a Catalunha garanta a independência de Espanha, conta o El Mundo.

Segundo o diário espanhol, o contrato de Messi permite-lhe salvaguardar o futuro numa "liga de primeiro nível". Ou seja, se o Barcelona continuasse a jogar na La Liga não haveria problema, mas os regulamentos daquele país não o permitirão, segundo a Lei do Desporto de Espanha. Restava-lhe Inglaterra, Alemanha e França.

Conclusão: caso a Catalunha assine a independência, o número 10 dos blaugrana pode sair a custo zero, quando a cláusula de rescisão está fixada nos 700 milhões de euros.

De acordo com o El Mundo, o novo contrato, com a duração de quatro anos, é milionário: Messi receberá 100 milhões de euros brutos durante as próximas épocas, enquanto cobrará ainda 35 milhões de euros liquidos anualmente. Os direitos de imagem e bónus estão fora desta equação.

Lionel Messi chegou a Barcelona com 13 anos, em setembro de 2000. A sua estreia aconteceu aos 16 anos, no Estádio do Dragão, contra o FC Porto.

Hugo Tavares da Silva | TSF | Foto: REUTERS/Sergio Perez

Portugal | PRIORIDADE AO EMPREGO

Manuel Carvalho da Silva | Jornal de Notícias | opinião

O primeiro-ministro, António Costa, na sua mensagem de Ano Novo, colocou como prioridade para 2018 "vencer os bloqueios ao nosso desenvolvimento", relevando como fundamental para esse objetivo sermos capazes de criar "não apenas mais, mas sobretudo melhor emprego". Trata-se de um desafio oportuníssimo, mas muito exigente. A afirmação, aparentemente consensual, de que Portugal precisa de elevar a qualidade do emprego é muitas vezes repetida como forma de esconder a ausência de passos concretos nessa direção. Não se eleva a qualidade do emprego sem pôr em confronto interesses à partida antagónicos e sem, a partir daí, se trabalharem com persistência novos compromissos. Quero acreditar que o Governo está determinado em tratar a sério a prioridade que enunciou. O debate primordial a fazer implicará, pois, uma abordagem consistente sobre o emprego que temos e o que queremos. Daí vai emergir a necessidade de se discutirem, de forma articulada, os caminhos para reequilibrar e dinamizar as relações laborais, o diálogo e a negociação a todos os níveis e, ainda, o modelo de crescimento propiciador de desenvolvimento.

O contexto internacional e, acima de tudo, as políticas seguidas pelo Governo, no cumprimento dos compromissos estabelecidos entre a maioria parlamentar que o suporta, têm permitido retoma económica. Contudo, esta continua com um "lastro chamado precariedade", facto bem confirmado no recente Barómetro do Observatório Sobre Crises e Alternativas1. Como aí é expresso, vai aumentando o "risco de cristalização de um padrão de especialização da nossa economia que retira vantagens do trabalho precário e mal remunerado e que é muito vulnerável a alterações da conjuntura externa".

A retoma económica continua a assentar bastante no turismo e em atividades em que a produtividade, as condições de trabalho e as remunerações são baixas. A prática de baixos salários nesses setores, associada à implementação de redução salarial que vem da imposição de políticas de austeridade, ao efeito negativo da fragilização da negociação coletiva e à perda de direitos e de poder dos trabalhadores, reduziram o valor médio dos salários à entrada no mercado de trabalho e constituem pressão negativa sobre todos os salários. É doloroso ver quanto a sociedade portuguesa está vulnerável à ideia de que salários e direitos acima dos mínimos são privilégios.

O desemprego diminuiu, mas temos ainda uma taxa elevada que favorece políticas de baixos salários. A saída para o estrangeiro de muitos milhares de trabalhadores jovens e qualificados empobreceu o "mercado de trabalho" e a capacidade reivindicativa dos trabalhadores e da sociedade. O pequeníssimo aumento de contratos permanentes nos novos contratos celebrados não chega para travar a predominância do trabalho em formas atípicas e a prazo. O aumento do salário mínimo nacional (SMN) tem sido um impulsionador muito positivo dos salários dos novos trabalhadores em situação de precariedade, e em particular dos menos qualificados, mas o SMN transforma-se, cada vez mais, em salário nacional para todos os jovens e não só.

Para se atingir o desiderato colocado pelo primeiro-ministro, muito há a fazer pela ação política em geral e pelos atores sociais e económicos, mas existem dois eixos das políticas públicas que têm sido negligenciados pelo Governo. O primeiro diz respeito a imprescindíveis reequilíbrios cirúrgicos na legislação do trabalho, a reacertos no enquadramento do diálogo social e à melhoria da ação fiscalizadora no trabalho. Uma economia mais próspera e equitativa necessita de uma estrutura de emprego que proteja os trabalhadores e os seus justos rendimentos e que privilegie o reforço da sua formação e competências. O segundo eixo diz respeito à estrutura produtiva. Precisamos de políticas públicas, nomeadamente fiscal e orçamental, que através de incentivos e investimento público permitam uma diversificação da economia e aumentem a sua imunização face às "gripes" que podem vir do exterior.
O crescimento económico pode ser, simultaneamente, sustentação de uma mais justa distribuição da riqueza, de combate às desigualdades e à pobreza, de desenvolvimento harmonioso do país.

1 Barómetro das Crises n.º 18, disponível em: http://www.ces.uc.pt/observatorios/crisalt

*Investigador e professor universitário

Mário Soares homenageado pelas principais figuras do Estado um ano após a morte


O antigo chefe de Estado Mário Soares, que morreu há um ano, é hoje homenageado com um tributo das principais figuras do Estado, junto ao jazigo onde foi depositado, no cemitério dos Prazeres, Lisboa.

A cerimónia decorrerá pelas 16:00 e, além dos filhos, Isabel e João Soares, estarão presentes o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, o primeiro-ministro, António Costa, e o presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina.

Após o tributo junto ao jazigo, é inaugurada na galeria de exposições temporárias da capela do cemitério a exposição "A cerimónia do Adeus, o funeral de Estado de Mário Soares visto pelos fotógrafos".

Mário Soares faleceu em 07 de janeiro do ano passado no Hospital da Cruz Vermelha, na capital, depois de ter permanecido internado 25 dias.

O Governo decretou então três dias de luto nacional e um funeral com honras de Estado, tendo o corpo do ex-chefe de Estado permanecido mais de 24 horas na Sala dos Azulejos do Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, por onde passaram as mais destacadas figuras da política portuguesa.

A urna depositada em cima de um armão militar puxado por cavalos seguiu depois para o Cemitério dos Prazeres, onde agora se realizará uma homenagem.

Soares desempenhou os mais altos cargos no país e a sua vida confunde-se com a própria história contemporânea portuguesa.

Foi fundador e primeiro líder do Partido Socialista após combater o Estado Novo.

Em 1974 foi titular das pastas dos Negócios Estrangeiros dos primeiros governos provisórios, liderou os I, II e IX Governos Constitucionais (1976-78 e 1983-85), até chegar à Presidência da República, onde ficaria por dois mandatos (1986-1996).

Embora formalmente distante da primeira linha política desde 2006, Mário Soares manteve mesmo assim uma intervenção pública regular, que apenas foi interrompida por razões de saúde nos primeiros dois meses de 2013.
Lusa | em TSF | Foto: Arquivo / Global Imagens

Primeiros Sintomas mudam de casa e levam teatro para a Graça


Depois de sete anos no Cais do Sodré, o grupo de Bruno Bravo instala-se no CAL, na Graça, Lisboa. Com melhores condições de trabalho, uma plateia de 80 lugares e muitos projetos.

De fora é apenas mais uma garagem num prédio cor-de-rosa. Mas quando o portão branco se abre, entramos num teatro. Não há que enganar, pois logo encontramos a plateia de cadeiras coloridas e a black box que há de ser o palco para os próximos espetáculos da companhia Primeiros Sintomas. Esta é a sua nova casa. Depois de sete anos no espaço Ribeira, em pleno Cais do Sodré, o grupo mudou-se em dezembro para o CAL - Centro de Artes de Lisboa, que fica na Graça.

O CAL nasceu da vontade da bailarina e coreógrafa Adriana Queiroz de, depois de sair do Ballett Gulbenkian, ter um espaço onde pudesse continuar a trabalhar. Encontrou aquele armazém na Graça, comprou-o, remodelou-o, equipou-o. E abriu-o em novembro de 2002. Ao longo destes anos foram lá apresentados alguns espetáculos mas a dinamização do local ficou muito aquém daquilo que tinha sido sonhado. Essa é uma situação que Bruno Bravo, diretor artístico dos Primeiros Sintomas, está disposto a mudar.

A mudança aconteceu de forma natural. "Aconteceram duas coisas", começa por explicar. Uma foi a constatação de que precisavam de um espaço maior para trabalhar. "Aquele era um espaço muito limitado a nível de lugares - só podíamos receber 20 espectadores de cada vez - e também a nível de espetáculos. Fizemos muitos dos nossos espetáculos fora da Ribeira, em coproduções, não só por questões económicas, mas também por causa das condições de criação." Em sete anos, a companhia apresentou apenas três produções suas na Ribeira. E isso é algo que vai seguramente mudar.

"A mudança já estava na nossa cabeça e entretanto, no ano passado, começámos a sentir uma pequena pressão do senhorio. Tínhamos um contrato que era renovado anualmente. Mas o Cais do Sodré evoluiu muito e percebemos que o senhorio estava interessado em rentabilizar o espaço e de outra forma e isso deixou-me receoso."

Quando a oportunidade de vir para o CAL surgiu, agarraram-na. E com ela o desafio de ter um espaço com mais 800 metros quadrados onde, além de sala para apresentar espetáculos e uma plateia de 80 lugares, têm ainda vasto espaço de trabalho, três estúdios, balneários e todas as condições não só para as suas produções como para os acolhimentos que já faziam na Ribeira e para os cursos de teatro que começaram a fazer há um ano e meio. Trata-se da "evolução natural" de uma companhia que foi crescendo ao longo de 15 anos de atividade.

Aliás, é precisamente com mais um curso de teatro que, já amanhã, se inicia a atividade dos Primeiros Sintomas no CAL. Será um curso de seis meses para 15 atores de teatro, com orientação de Bruno Bravo, Sérgio Delgado, Miguel Sopas e Lígia Soares.

"O espaço estava pronto a usar e está equipado com muito material técnico. Estamos aqui há um mês e já podemos começar a trabalhar", diz Bruno Bravo. "Vamos apenas fazer algumas intervenções pequenas."

"A ideia é tornar este espaço um teatro. As artes performativas serão a atividade principal do CAL, mas estamos a trabalhar numa programação que envolva outras coisas, como conversas, concertos, outros eventos. Vamos tentar ter mais autonomia, rentabilizar mais o espaço." Para já, é possível dizer que o primeiro espetáculo a apresentar-se ali será uma peça de dança integrada no festival Cumplicidades, em março. Depois, será reposta A História Assombrosa de como o Capitão Michel Alban Perdeu o Seu Braço, espetáculo que os Primeiros Sintomas estrearam no ano passado. Haverá acolhimentos do Teatro da Cidade em abril (com a estreia de Que Boa Ideia, Virmos para a Montanha) e do coreógrafo Francisco Campos (projeto Ruínas). A primeira estreia dos Primeiros Sintomas no CAL será em outubro, com o Tio Vânia, de Tchekhov. "Vão existir de certeza mais coisas, estamos ainda a trabalhar na programação."

Mesmo com uma aposta forte no CAL, os Primeiros Sintomas não vão deixar de ter coproduções e, entre outras coisas, depois de Lear, no passado, planeiam voltar ao Teatro Nacional D. Maria II para fazer Subitamente no Verão Passado (em 2019-2020).
Para além do tamanho do espaço, há ainda outro desafio dos grandes pela frente: mobilizar o público. A Rua de Santa Engrácia, uma rua sem saída, numa zona residencial, é tranquila. Muito tranquila. Muito diferente da movimentação do Cais do Sodré. "Estamos num espaço que ninguém conhece. Teremos de fazer um trabalho muito agressivo de divulgação. Para nós também é um território novo e será um desafio muito, muito grande", admite o encenador. Mas isso não o assusta.

Se dependesse deles, na verdade, estaria tudo sobre rodas. Existe, porém, uma pedra no sapato: os apoios. A mudança de espaço apanhou-os a meio da candidatura aos apoios da DG-Artes. "Estávamos preparados para concorrer ao apoio quadrienal mas devido às regras impostas tivemos de concorrer a um apoio bienal de cem mil euros", lamenta Bruno Bravo. "Há uma sensação de frustração. Havia uma expectativa de haver algumas mudanças mais profundas nas candidaturas, que não existiram. Achámos a candidatura mais complexa do que a anterior, com requisitos que penalizam os grupos que têm um espaço próprio." Além disso, "está tudo atrasado, ainda nem saíram as listas provisórias de quem foi aprovado. E isso causa-nos muita angústia, como causará aos outros grupos também, porque nós já estamos a começar a atividade e, no fundo, não temos garantias nenhumas".

Maria João Caetano | Diário de Notícias

Imagem: Bruno Bravo no CAL | Foto Leonardo Negrão/ Global Imagens

Mais de vinte filmes portugueses esperados em 2018 nas salas de cinema


Mais de duas dezenas de filmes portugueses ou com coprodução nacional, como "Ruth", "Cabaret Maxime", "Hotel Império" e "Soldado Milhões", vão ter estreia comercial nos próximos meses, nas salas de cinema comercial.

O primeiro filme português a estrear-se este ano, já no dia 18, é Bad Investigate, longa-metragem de ação escrita e realizada por Luís Ismael, o mesmo de "Balas & Bolinhos".

Em março, depois de ter tido honras de abertura do DocLisboa 2017, chegará aos cinemas Ramiro, filme de Manuel Mozos sobre um pacato alfarrabista de Lisboa, produzido por O Som e a Fúria.

Esta produtora estreará ainda duas coproduções internacionais: Zama, de Lucrécia Martel, em maio, e 9 Dedos, de F.J. Ossang, em junho, e tem ainda para estrear, sem data, Mariphasa, de Sandro Aguilar, Hotel Império, de Ivo Ferreira, e Extinção, de Salomé Lamas.

Na primavera são esperadas ainda as estreias de Cabaret Maxime, o mais recente filme de Bruno de Almeida, com Michael Imperioli e Ana Padrão, Soldado Milhões, de Gonçalo Galvão Teles e Jorge Paixão da Costa, e Aparição, de Fernando Vendrell, a partir do romance homónimo de Virgílio Ferreira, que passará em antestreia no Fantasporto.

Ruth, a primeira longa-metragem de António Pinhão Botelho, uma produção da Leopardo Filmes, estreia-se a 17 de maio. O filme é sobre o início da carreira do futebolista Eusébio, mas é também um retrato de Portugal em 1961, ainda um regime colonial e ditatorial.

Em junho, a Leopardo Filmes estreará Sauvage, de Dennis Berry, protagonizado por Catarina Wallenstein e, em setembro, fará chegar aos cinemas a segunda longa-metragem de Rita Nunes, Linhas tortas.

No verão haverá ainda espaço para Quero-te tanto, de Vicente Alves do Ó, produção da Ukbar Filmes, e Caminhos magnétikos, de Edgar Pêra, produção da Bando à Parte.
Para este ano, a Filmes do Tejo prevê a estreia comercial de Tristes Monroes, de Gabriel Abrantes.

Com data de estreia a confirmar estão ainda a longa-metragem de Sérgio Tréfaut, a partir do romance Seara de Vento, de Manuel da Fonseca, Colo, de Teresa Villaverde, Pedro e Inês, de António Ferreira, e Snu, de Patrícia Sequeira.

A C.R.I.M. tem ainda inéditos no circuito comercial Amor, Amor, de Jorge Cramez, e Encontro Silencioso, de Miguel Clara Vasconcelos.

Estão previstas ainda várias estreias de coproduções entre Portugal e o Brasil, entre as quais O grande circo místico, que o realizador brasileiro Cácá Diegues rodou em Portugal, e Praça Paris, de Lucia Murat, com a atriz Joana de Verona, ambos com a produtora Fado Filmes.

A estes juntam-se Joaquim, de Marcelo Gomes, e Vazante, de Daniela Thomas, apresentados no ano passado no festival de Berlim. De acordo com a Ukbar Filmes, Joaquim estreará em março e Vazante, em agosto.

Está ainda sem data a estreia portuguesa de O homem que matou D. Quixote, o filme de Terry Gilliam rodado em Portugal e coproduzido pela Ukbar Filmes.
À Lusa a Midas Filmes apenas revelou que fará a reposição de uma versão restaurada de A ilha dos amores, de Paulo Rocha.

Contactada pela Lusa, a distribuidora NOS referiu que fará a estreia comercial de alguns dos filmes aqui citados, entre os quais Ruth, Soldado Milhões, Pedro e Inês e O homem que matou D. Quixote.

Diário de Notícias | Lusa

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