sábado, 9 de junho de 2018

Quem ganha e quem perde com a globalização


Estudo aponta que países industrializados são os que mais se beneficiam economicamente da integração internacional. Suíça lidera o ranking, enquanto Brasil aparece na 37ª posição, à frente de Argentina, China e Índia.

A população dos países industrializados é a que mais se beneficia economicamente da globalização, aponta um estudo da Fundação Bertelsmann, da Alemanha, divulgado nesta sexta-feira (08/06).

O estudo analisou 42 países industrializados e emergentes. A Suíça lidera o ranking de beneficiados pela integração global, seguida por Japão, Finlândia, Irlanda, Israel e Alemanha.

O Brasil figurou na 37ª posição, atrás da Bulgária e do Chile, por exemplo, e à frente dos também emergentes México, Rússia e Argentina. A Índia aparece na última posição, precedida pela China.

Na Alemanha, por exemplo, de 1990 a 2016, o Produto Interno Bruto (PIB) aumentou, em termos reais, 1.150 euros por habitante por ano, graças à globalização. Na Suíça, foram 1.900 euros no mesmo período. Na Índia, apenas 20 euros. O Brasil fechou o período com 125 euros de crescimento por ano por habitante. Na Grécia, que atravessou uma das mais graves crises econômicas recentemente, o valor foi de 895 euros.

Nos Estados Unidos, o salto foi de 445 euros por ano e o país ficou na 25ª colocação na lista final. "Partindo do princípio de um alto grau de globalização, os EUA pouco expandiram seus laços internacionais desde 1990", de acordo com o estudo.

O cálculo é baseado num índice preparado pelos pesquisadores da consultoria Prognos AG em nome da Fundação Bertelsmann. As interdependências internacionais são acompanhadas no cálculo por fatores econômicos, políticos e sociais de cada país.

Levando em conta somente o ano de 2016, o Brasil, por exemplo, fechou em antepenúltimo no quesito economia, penúltimo no quesito social e em nono lugar no quesito política. 

"Protecionismo é o caminho errado"

Como o levantamento faz um cálculo médio para países inteiros, os números não mostram perdedores individuais da globalização. "Para a Alemanha, é sabido que, por exemplo, a indústria têxtil e parte da eletrônica e algumas regiões são perdedoras da globalização. Nem todos na Alemanha são vencedores", afirma Cora Jungbluth, autora do estudo.

"O relatório mostra que a globalização pode claramente gerar ganhos em termos de prosperidade. O protecionismo é o caminho errado. Mas a globalização deve ser concebida de tal maneira que o ser humano esteja no centro", comentou Aart De Geus, diretor-executivo da Fundação Bertelsmann.

De Geus também se referiu à guerra comercial internacional impulsionada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, que impôs tarifas de importação sobre aço e alumínio. Trump tem repetidamente classificado o livre comércio como algo prejudicial ao seu país. Na quinta-feira, a União Europeia reagiu com taxações de produtos americanos, como uísque, suco de laranja, calças jeans e motocicletas. Economistas temem uma escalada da guerra comercial.

A Fundação Bertelsmann suspeita que, em consequência da crise econômica e financeira global que eclodiu há cerca de dez anos, o volume do comércio mundial diminuiu e, em seguida, enfraqueceu mais do que antes da crise. Posteriormente, os mercados domésticos ganharam em importância e, desta forma, o crescimento do PIB impulsionado pela globalização foi menor no geral.

PV/dpa/ots | Deutsche Welle

UE | Chanceler britânico alerta para possível colapso do Brexit


Johnson disse que a primeira-ministra britânica, Theresa May, está começando a adotar uma linha mais dura, mas que será preciso ter cabeça fria à medida que as conversas se tornarem mais difíceis nos próximos meses

O secretário das Relações Exteriores do Reino Unido, Boris Johnson, alertou que a desfiliação britânica da União Europeia pode fracassar, mas que tudo “dará certo no final” e que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, adotaria uma postura mais rigorosa se estivesse conduzindo as conversas, de acordo com o BuzzFeed.

Os comentários de Johnson foram gravados em segredo durante um jantar na noite de quarta-feira e obtidos pelo site de notícias; que os divulgou na quinta-feira horas depois de ministros chegarem a um consenso; sobre um plano de contingência do Brexit para a fronteira irlandesa. 

Johnson disse que a primeira-ministra britânica, Theresa May, está começando a adotar uma linha mais dura; mas que será preciso ter cabeça fria à medida que as conversas se tornarem mais difíceis nos próximos meses. 

Na gravação se ouve Johnson dizer: “Acho que Theresa entrará em uma fase na qual ficaremos muito mais combativos com Bruxelas”. 
Colapso
– É preciso encarar o fato de que agora pode acontecer um colapso. Certo? Não quero que ninguém entre em pânico durante o colapso. Nada de pânico. Pro bono publico, nada de pânico. Tudo dará certo no final.

Johnson disse que Trump, envolvido em uma batalha com aliados europeus; como Londres, devido à adoção de tarifas sobre o aço, adotaria uma postura mais rigorosa se estivesse a cargo das negociações.

– Imagine Trump cuidando do Brexit – disse Johnson. “Ele entraria com tudo… haveria todo tipo de rompimento, todo tipo de caos. Todos pensariam que ele enlouqueceu. Mas na verdade se pode chegar a algum lugar. É um pensamento muito, muito bom”. 

Johnson também pareceu criticar o ministro das Finanças, Philip Hammond; que é visto como um dos membros mais pró-europeus do gabinete de May e atraiu críticas de eurocéticos. 

O Tesouro

O Tesouro é “basicamente o coração do (movimento anti-Brexit) Ficar” e está tentando impedir; que o Reino Unido tenha liberdade total na política comercial depois do Brexit mantendo-o preso à união alfandegária da UE e em grande parte ao mercado comum; disse Johnson, segundo o BuzzFeed. 

Nesta sexta-feira, Hammond disse que uma abordagem colaborativa é melhor do; que uma conflituosa nas negociações com a União Europeia, enquanto uma porta-voz de May disse que a primeira-ministra tem confiança em Johnson.

– A premiê acredita que seu gabinete e seu governo estão trabalhando duro para atender a vontade do povo e trabalhando duro para retomar o controle do nosso dinheiro, leis e fronteiras – disse.

Correio do Brasil com Reuters – de Londres | Boris Jonhson na foto

CÚPULA DO G7: MUITO RUÍDO E POUCOS RESULTADOS


A 44ª Cúpula do G7 entra neste sábado (9) em seu segundo e último dia, depois de um início na cidade turística canadense de La Malbaie, em que se ouvia muito ruído, mas até agora com poucos resultados.

247, com Prensa Latina - Os líderes do G7 reunidos no hotel Fairmont Le Manoir Richelieu conduziram o encontro sem abordar os temas mais complicados, pois são demasiadas as tensões geradas pelo crescente protecionismo dos Estados Unidos em detrimento de seus históricos parceiros.

Segundo observadores que se encontram no local, as piores previsões de um enfrentamento aberto se mitigaram momentaneamente depois de um almoço de trabalho e a chamada foto de família com os quais começou o encontro de alto nível.

Durante a jornada, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, teve seu encontro bilateral com o anfitrião, o primeiro-ministro canadense Justin Trudeau, e conversou com o presidente francês, Emmanuel Macron.

Apenas 24 horas antes, na rede social Twitter, Trump, tinha atacado os dois líderes: "Digam ao primeiro-ministro Trudeau e ao presidente Macron que estão cobrando tarifas alfandegárias altas aos Estados Unidos e criando barreiras monetárias. O superávit comercial da União Europeia com os Estados Unidos é de 151 bilhões de dólares (...) Espero vê-los amanhã".

Para os observadores, o ambiente mais calmo se instalou porque na sexta-feira (8), falou-se de perspectivas econômicas e inteligência artificial, sem tocar em aspectos como o comércio ou as mudanças climáticas que são temas considerados explosivos.

Neste sábado, os chefes de Estado e governo vão debater sobre as relações comerciais, tema que deixa Trump isolado dos seus parceiros da União Europeia, Canadá e Japão.

Mas o governante republicano não verá o fim da reunião, porque avisou que sairá antes.

Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Japão integram o grupo cujo peso econômico representa cerca de 64 por cento da riqueza mundial.

Alguns antecipam que está sendo feita uma tentativa de consenso em torno de uma declaração final assinada pelos sete líderes (Angela Merkel, da Alemanha, Justin Trudeau, do Canadá, Donald Trump, dos Estados Unidos, Emmanuel Macron, da França, Giuseppe Conte, da Itália, Shinzo Abe, do Japão e Theresa May, do Reino Unido).

Contudo, é difícil alcançar o consenso se o chefe da Casa Branca abandonou o acordo de Paris porque nunca acreditou na mudança climática; saiu do pacto sobre o programa nuclear iraniano e acaba de entrar em guerra comercial devido às fortes tarifas alfandegárias sobre as exportações de aço e alumínio dos seus aliados.

Como quem deixa uma janela aberta, Macron sublinhou na quinta-feira que a cúpula "ao menos reforçará os acordos entre os seis", em alusão ao bloco sem Washington, caso ao final, em matéria de declaração final surja um cenário de G6+1 em vez de G7.

A sociedade dos empregos de merda


Como o capitalismo contemporâneo cria sem cessar ocupações inúteis, enquanto remunera muito mal as mais necessárias. Quais as alternativas? Garantia de trabalho? Ou Renda Cidadã Universal?

David Graeber, entrevistado por Eric Allen Been, na Vice| Tradução: Antonio Martins | em Outras Palavras

Em 1930, o economista britânico John Maynard Keynes previu que, no final do século 20, países como os Estados Unidos teriam – ou deveriam ter – jornadas de trabalho de 15 horas semanais. Por que? Em grande medida, a tecnologia tiraria de nossas mãos tarefas sem sentido. Claro, isso nunca ocorreu. Ao contrário, muitíssimas pessoas, em todo o mundo, estão submetidas a longas jornadas como advogados corporativos, consultores, operadores de telemarketing e outras ocupações.

Mas enquanto muitos de nós julgamos nossos trabalhos muito aborrecidos, algumas ocupações não fazem sentido algum, segundo o escritor anarquista David Graeber. Em seu novo livro, “Bullshit Jobs: A Theory” [“Trabalhos de Merda: Uma Teoria”], o autor argumenta que os seres humanos consomem suas vidas, muito frequentemente, em atividades assalariadas inúteis. Graeber, que nasceu nos EUA e que já havia escrito, entre outras obras, Dívida: Os Primeiros 5000 anos e The Utopia of Rules [ainda sem edição em português] é professor de Antropologia na London School of Economics e uma das vozes mais conhecidas do movimento Occupy Wall Street (atribui-se a ele a frase “Somos os 99%”).

A “Vice” encontrou-se há pouco com Graeber para conversar sobre o que ele define como “emprego de merda”; por que os trabalhos socialmente úteis são tão mal pagos, e como uma renda básica assegurada a todos poderia resolver esta enorme injustiça.

Em primeiro lugar, o que são empregos de merda e por que existem?

David Graeber: Basicamente, um emprego de merda é aquele cujo executor pensa secretamente que sua atividade ou é completamente sem sentido, ou não produz nada. E também considera que se aquele emprego desaparecesse, o mundo poderia inclusive converter-se num lugar melhor. Mas o trabalhador não pode admitir isso – daí o elemento de merda. Trata-se, portanto, em essência, de fingir que se está fazendo algo útil, só que não.

Uma série de fatores contribuiu para criar esta situação estranha. Um deles é a filosofia geral de que o trabalho – não importa qual – é sempre bom. Se há algo em que a esquerda e a direita clássicas frequentemente estão de acordo é no fato de ambas concordarem que mais empregos são uma solução para qualquer problema. Não se fala em “bons” trabalhos, que de fato signifiquem algo. Um conservador, para o qual precisamos reduzir impostos para estimular os “criadores de emprego”, não falará sobre que tipo de ocupações quer criar. Mas há também partidários da esquerda insistindo em como precisamos de mais ocupações para apoiar as famílias que trabalham duro. Mas e as famílias que desejam trabalhar moderadamente? Quem as apoiará?

Até mesmo os empregos de merda garantem a renda necessária para que as pessoas sobrevivam. No fim das contas, por que isso é ruim?

Mas a questão é: se a sociedade tem os meios para sustentar todo mundo – o que é verdade – por que insistimos em que os trabalhadores passem sua vida cavando e em seguida tapando buracos? Não faz muito sentido, certo? Em termos sociais, parece sadismo.

Em termos individuais, isso pode ser visto como uma boa troca. Mas, na verdade, as pessoas obrigadas a tais trabalhos estão em situação miserável. Podem considerar: “estou ganhando algo por nada”. Bem, as pessoas que recebem salários bons, muitas vezes de nível executivo, certamente de classe média, quase sempre passam o dia em jogos de computador ou atualizando seus perfis de Facebook. Quem sabe, atendendo o telefone duas vezes por dia. Deveriam estar felizes por ser malandros, certo? Mas não são.

As pessoas contratadas para tais trabalhos relatam, regularmente, que estão deprimidas. E se lamentarão, e praticarão bullying umas contra as outras, e se apavorarão com prazos finais porque são de fato muito raras. Porém, se pudessem buscar uma razão social no trabalho, uma boa parte de suas atividades desapareceria. As doenças psicossomáticas de que as pessoas padecem simplesmente somem, no momento em que elas precisam realizar uma tarefa real, ou em que se demitem e partem para um trabalho de verdade.

Segundo seu livro, a sociedade pressiona os jovens estudantes para buscar alguma experiência de emprego, com o único objetivo de ensiná-los a fingir que trabalham

É interessante. Chamo de trabalho real aquele em que o trabalhador realiza alguma coisa. Se você é estudante, trata-se de escrever. Preparar projetos. Se você é um estudante de Ciências, faz atividades de laboratório. Presta exames. É condicionado pelos resultados e precisa organizar sua atividade da maneira mais efetiva possível para chegar a eles.

Porém, os empregos oferecidos aos estudantes frequentemente implicam não fazer nada. Muitas vezes, são funções administrativas onde eles simplesmente rearranjam papéis o dia inteiro. Na verdade, estão sendo ensinados a não se queixar e a compreender que, assim que terminarem os estudos, não serão mais julgados pelos resultados – mas, essencialmente, pela habilidade em cumprir ordens.

E os empregos tecnológicos ou na mídia. Seriam, também, de merda?

Certamente. Por meio do Twitter, pedi às pessoas que me relatassem seus empregos mais sem sentido. Obtive centenas de respostas. Havia um rapaz, por exemplo, que desenhava bâners publicitários para páginas web. Disse que havia dados demonstrando que ninguém nunca clica nestes anúncios. Mas era preciso manipular os dados para “demonstrar” aos clientes que havia visualizações – para que as pessoas julgassem o trabalho importante.

Na mídia, ha um exemplo interessante: revistas e jornais internos, para grandes corporações. Há bastante gente envolvida na produção deste material, que existe principalmente para que os executivos sintam-se bem a respeito de si próprios. Ninguém mais lê estas publicações.

A automação é vista, muitas vezes, como algo negativo. Você discorda deste ponto de vista, não?

Certamente. Não o compreendo. Por que não deveríamos eliminar os trabalhos desagradáveis? Em 1900 ou 1950, quando se imaginava o futuro, pensava-se: “As pessoas estarão trabalhando 15 horas por semana. É ótimo, porque os robôs farão o trabalho por nós”. Hoje, este futuro chegou e dizemos: ”Oh, não. Os robôs estão chegando para roubar nossos trabalhos”. Em parte, é porque não podemos mais imaginar o que faríamos conosco mesmo se tivéssemos um tempo razoável de lazer.

Como antropólogo, sei perfeitamente que tempo abundante de lazer não irá levar a maioria das pessoas à depressão. As pessoas encontram o que fazer. Apenas não sabemos que tipo de atividade seria, porque não temos tempo de lazer suficiente para imaginar.

Pergunto: por que as pessoas agem como se a perspectiva de eliminar o trabalho desnecessário fosse um problema? Deveríamos pensar que um sistema eficiente é aquele em que se pode dizer: “Bem, temos menos necessidade de trabalho. Vamos redistribuir o trabalho necessário de maneira equitativa”. Por que isso é difícil? Se as pessoas simplesmente assumem que é algo completamente impossível, parece-me claro que não estamos em um sistema eficiente.

Um dos pontos mais interessantes do livro são suas observações sobre como os empregos socialmente valiosos são quase sempre menos bem pagos que os empregos de merda.

Foi uma das coisas que, pessoalmente, mais me chocou na fase da pesquisa. Comecei a tentar descobrir se algum economista havia observado o fenômeno e tentado explicá-lo. Houve antecedentes, na verdade. Alguns eram economistas de esquerda; outros, não. Alguns eram totalmente mainstream.

Mas todos chegaram à mesma conclusão. Segundo eles, há uma tendência: quanto mais benefícios sociais um emprego produz, menor tende a ser a remuneração – e também a dignidade, o respeito e os benefícios. É curioso. Há poucas exceções e não são tão excepcionais como se poderia pensar. Os médicos, é claro, são um caso notório: é evidente que são pagos com justiça e oferecem benefícios sociais.

Porém, há um argumento recorrente: “Não seria bom que pessoas interessadas apenas em dinheiro ensinassem as crianças. Não se deve pagar demais aos professores. Se o fizéssemos, teríamos gente gananciosa na profissão, em vez de professores que se sacrificam”. Há também a ideia de que se um trabalhador sabe que sua atividade produz benefícios, isso pode ser o bastante. “Como, você quer dinheiro, além de tudo?” As pessoas tendem a discriminar qualquer um que tenha escolhido um emprego altruísta, sacrificante ou apenas útil.

Aparentemente, você é pouco favorável à ideia de garantia de trabalho, defendida entre outros por Bernie Sanders [candidato de esquerda à presidência dos EUA], por preferir a garantia de renda cidadã.

Sim. Sou alguém que não quer criar mais burocracia e mais empregos de merda. Há um debate sobre garantia de trabalho – que Sanders, de fato, propõe, nos EUA. Significa que os governos deveriam assegurar que todos tenham acesso ao menos a algum tipo de trabalho. Mas a ideia por trás da renda universal da cidadania é outra: simplesmente assegurar às pessoas meios suficientes para viver com dignidade. Além desse patamar, cada um pode definir quanto mais deseja.

Acredito que a garantia de trabalho certamente criaria mais empregos de merda. Historicamente, é o que sempre acontece. E por que deveríamos querer que os governos decidissem o que podemos fazer? Liberdade implica em nossa capacidade de decidir por nós mesmos o que queremos e como queremos contribuir para a sociedade. Mas vivemos como se tivéssemos nos condicionado a pensar que, embora vejamos na liberdade o valor mais alto, na verdade não a desejamos. A renda básica da cidadania ajudaria a garantir exatamente isso. Não seria ótimo dizer: “Você não tem mais que se preocupar com a sobrevivência. Vá e decida o que quer fazer consigo mesmo”?

*David Graeber - Anarquista, antropólogo e professor no Colégio Goldsmith da Universidade de Londres . Anteriormente foi professor associado na Universidade de Yale. Graeber participa ativamente em movimentos sociais e políticos, protestanto contra o Fórum Econômico Mundial de 2002 e o movimento Occupy Wall Street. Ele é membro do Industrial Workers of the World e faz parte do comite da Organização Internacional para uma Sociedade Participativa (em inglês: International Organization for a Participatory Society)

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