Martinho Júnior | Luanda
“Despierto cada cien años quando
despierta el Pueblo” – Un canto para Bolívar – Pablo Neruda.
“…Ser bolivariano es abogar por
una democracia verdadera, como decía Bolívar, que le dé felicidad a un Pueblo,
que le dé estabilidade y que le dé seguridade social.
Ser bolivariano es abogar por el
poder moral, que es el quarto poder del Estado, propuesta bolivariana de 1819.
Ser bolivariano, es abogar por la
unidad del Pueblo com el Exército en una sola fuerza.
Ser bolivariano es abogar por la
unidad de los pueblos de la
América Latina y el Caribe, es decir, Bolívar dejó aquí la
idea central de un proyecto nacional antes de que en el mundo existiera el
comunismo, la izquierda o las derechas…
Entrevista do jornalista Napoleón
Bravo ao Comandante Hugo Chávez em finais de 1998, por altura do pleito
eleitoral em que o Movimento Vª República e seus aliados do Polo Patriótico
venceram sob seu mando, dando início ao percurso que desembocaria na
Constituinte da Vª República.
1- Há 20 anos na Venezuela, o
momento era decisivo em redor do pleito eleitoral de então: um passado de 160
anos, o tempo de duração da IVª República desde o desaparecimento físico de
Símon Bolivar, chegava à exaustão e uma nova era se abria radiosa, em nome de
todo o povo, sem demagogias, sem populismos, com transparência e respeito pela
história, apta ao aprofundamento da democracia popular, participativa e “protagónica”,
em vias de consolidação a partir da aliança cívico-militar que o Comandante
Hugo Chávez viabilizou enquanto líder, estratega e impulsionador.
Por quê a necessidade da Vª República
na Venezuela?
O próprio Comandante Hugo Chávez
nos remetia para a retrospectiva histórica, indispensável para se entender a
necessidade do projecto da Vª República, respeitadora dos ideais libertadores
de Bolivar, aplicando-os agora, nos alvores do século XXI.
Segundo sua apurada visão, na
Venezuela tinham havido até esse pleito eleitoral, quatro Repúblicas, sendo as
três primeiras de relativamente curta duração:
. A Iª República em 1811 e 1812 –
embora nascendo com um Congresso Constituinte, tornou-se fugaz por que ocorre
quando se aceleram as autonomias regionais (algo que estava suspenso desde a
capitania geral), quando nas elites autóctones ganha força a contradição entre
republicanos e monárquicos, ao mesmo tempo que os mestiços, os escravos e os
crioulos, são excluídos;
. A IIª República entre 7 de
Agosto de 1813 e 1814, correspondendo ao período em que Simon Bolívar
entra em Caracas, procedente de Nova Granada e cruzando os Andes (Campanha
Admirável), forma governo e instaura a nova República, que foi breve por que
faltou o apoio à independência por parte dos escravos e dos mestiços, que
estavam contra os escravocratas brancos crioulos; destes últimos alguns
juntam-se às autoridades espanholas que desse modo conseguem reconquistar
Caracas;
. A IIIª República, a República
Bolivariana original, estabelecida em Fevereiro de 1819 com o Congresso de
Angostura e a constituição da Grande Colômbia em Dezembro de 1819; a sua génese
resulta da Carta da Jamaica, escrita por Bolivar em 1815, mudando a atitude
para com os escravos e os mestiços e favorecendo a mobilização de vastos
contingentes deles no exército republicano; o poder colonial, ao ser derrotado
a 24 de Junho de 1821 na batalha de Carabobo, acaba por ceder completamente
após várias outras batalhas perdidas, propiciando-se o Congresso Anfictiónico
do Panamá, que deliberava a unidade continental segundo a concepção de Bolivar,
algo que acabou por não ser alcançado devido à confrontação armada entre
distintas províncias, às confrontações dos escravos e dos mestiços por não
haverem alcançado a igualdade social e ao estado calamitoso da economia em
função dos acontecimentos; a participação dos escravos e dos mestiços
descendentes, foi decisiva, no rescaldo aliás da revolução dos escravos no
Haiti.
. A IVª República surge com o
falecimento de Simon Bolivar, tendo José António Páez como seu Presidente, um
anti-bolivariano e membro da oligarquia; prolonga-se 160 anos, apesar da
Assembleia Constituinte de 1947 que entre outros actos mais, entre eles o Pacto
de Punto Fijo em 1958, não mudou nem o carácter, nem a entidade do próprio
estado, que serviu de representação, democrática ou não, à dominante
oligarquia, que se tornou cada vez mais poderosa, à medida do crescimento do
rendimento do petróleo.
Para que haja independência,
bastam e bastam-se as elites autóctones dominantes, mas para que haja revolução
além da independência, só a energia motora dos excluídos, naquele tempo dos
escravos e dos mestiços seus descendentes directos, a podia garantir!
2- Os 40 últimos anos da IVª
República, de 1958 a
1998, correspondem ao Pacto Punto Fijo, favorecendo as representações
oligárquicas alinhadas na Acção Democrática e no COPEI.
Ao longo dos primeiros 30 anos
desse período, esses agrupamentos representativos da oligarquia venezuelana,
conseguiram manter-se graças ao crescente rendimento do petróleo, que garantiu
uma forte aliança com a burguesia comercial parasitária, com a poderosa
Fedecâmaras, com o imperialismo, com a cúpula da Igreja Católica e com os meios
de comunicação de massas (imprensa sob domínio da própria oligarquia).
Nesse período de 30 anos o poder
manteve um investimento social ascendente nos sectores da educação, da saúde e
no subsídio de alimentos, com uma organização sindical populista, corrompida
mas capaz de controlar o movimento dos trabalhadores.
Esse modelo esgotou-se nos
últimos 10 anos, à medida que o capitalismo neoliberal criou todo o tipo de
impactos, desmontando os direitos sociais, privatizando a educação e a saúde,
bem como desregulamentando os direitos de trabalho.
Em 10 anos de decadência
formou-se uma latente “bomba social” em relação à qual os assinantes
do Pacto Punto Fijo já nada mais podiam fazer face às enormes desigualdades que
foram instaladas no tecido social venezuelano: controlando o poder “democrático
representativo”, tisnado de social-democracia e de cristãos-democráticos, uma
oligarquia que absorvia a fatia maior dos rendimentos do petróleo
interconectada aos interesses do império da doutrina Monroe e da hegemonia
unipolar por via de transnacionais poderosas, passou a dominar uma imensa base
social empobrecida, a desfazer-se em miséria, no desemprego, ou no subemprego e
cada vez com mais baixos padrões de educação e saúde…
A independência de bandeira, já
não bastava para alguma vez ser possível alcançar mais felicidade em todo o
povo venezuelano.
3- O Comandante Hugo Chávez teve
a noção exacta da situação decrépita em que se encontrava a Venezuela em 1998
e, alterando suas táticas, criou o Polo Patriótico sobre o vazio, aglutinando
não só os seus próprios seguidores do Movimento Vª República, mas também
sensibilidades como Pátria Para Todos (PPT), Movimento Ao Socialismo (MAS),
Movimento Eleitoral do Povo (MEP) e Partido Comunista da Venezuela (PCV).
A leitura histórica que fez da
luta pela independência, sobre as Constituintes e sobre as razões da vitória de
Simon Bolivar, permitiu ao Comandante identificar-se por completo com os
substractos sociais mais desfavorecidos, mobilizá-los no sentido de sua
participação e protagonismo, captar neles toda a sua energia em direcção ao
socialismo do século XXI.
As políticas que iria levar a
cabo, mergulharam todas nessas raízes e, a nível do Mar do Caribe, criou
relacionamentos que visaram quebrar o isolamento das pequenas nações insulares
cuja população é maioritariamente afro-descendente em função da escravatura de
então.
Criou por exemplo o PetroCaribe,
através do qual tem sido fornecido combustível a preços baixos a todas elas.
Contribuiu para fortalecer o
CARICOM, apoiando as políticas que visam lutar contra o isolamento e advogar as
devidas compensações das antigas potências coloniais que um dia foram
escravocratas.
Aliou-se a Cuba Revolucionária em
praticamente todas as suas acções na região, Cuba que é aliás a maior das ilhas
do Caribe.
Com seu irmão de profundas
convicções, com o Comandante Fidel, tornaram-se um único vulcão galvanizador
das forças adormecidas da América e do mundo.
Eu próprio senti isso nos 4
meteóricos dias em que em Março deste ano pisei solo venezuelano!
O Comandante Hugo Chávez,
inspirado em Simon
Bolivar , respeitou a revolução dos escravos do Haiti e o
manancial de energias que ela propiciou para as independências na América
Latina, na própria Venezuela, delineando políticas para as comunidades de
afro-descendentes nacionais e para seus irmãos espalhados pelo Caribe e pela América…
Toda a sua obra tem sido
continuada por via da fidelidade, abnegação e coragem do Presidente Nicolas
Maduro, multiplicando as missões criativas que estão empenhadas em alterar
profundamente o nível de vida dos substractos sociais mais desfavorecidos do povo
venezuelano, algo que para a oligarquia e o império da Doutrina Monroe, é
imperdoável!
Defender o legado dos Comandantes
Hugo Chávez e Fidel é uma garantia, hoje como nas próximas décadas, de que se
está inequivocamente na trilha capaz de lógica com sentido de vida,
particularmente ali onde a opressão, o caos, o terrorismo e a guerra dos
mercenários do poder dominante do império se tornou mais acintosa no estertor
dum unipolarismo bárbaro, abjecto e feudal!
A vida e a obra do Comandante
Hugo Chávez, foram uma constante superação de obstáculos, de vulnerabilidades,
de alienações, com um génio, um saber, uma emoção, que contagiou o povo
bolivariano, na Venezuela, na América Latina, um pouco por todo o mundo e, para
aqueles que perfilham a consciência crítica do movimento de libertação em
África, um exemplo abrindo caminho às possibilidades de luta em direcção ao
socialismo do século XXI…
Há 20 anos na Venezuela,
semearam-se as sementes da Venezuela Socialista e Bolivariana!... Que viva a
memória e os lapidares ensinamentos de Simon Bolívar!
Martinho Júnior - Luanda, 7 de Outubro de 2018
A consultar:
“Hugo Chávez y la ressurrección
de un Pueblo” – “Comentario: Este trabajo presenta una visión
narrada de la biografía de Hugo Chávez desde su nacimiento hasta el 2 de
febrero de 1999, víspera de asumir por primera vez la banda presidencial. Se
incluyen diversos análisis y los escenarios políticos en cada fase de su trayectoria.
El libro expone la compleja subjetividad del líder bolivariano, fiel a la
evolución de su personalidad y a sus anhelos, penas, alegrías, frustraciones,
temores y triunfos. Sánchez es Licenciado en Sociología. Ha publicado artículos
sobre temas históricos, políticos y sociológicos” – http://www.rettalibros.com/shop/catalogs/show_material_details/56902; https://www.youtube.com/watch?v=NzVtovkFe04; http://www.nicolasmaduro.org.ve/etiqueta/hugo-chavez-y-la-resurreccion-de-un-pueblo/
“Hugo Chávez y el destino de un
Pueblo” – http://www.cubadebate.cu/especiales/2016/07/22/hugo-chavez-y-el-destino-de-un-pueblo/#.W7jaJSaNxjo; http://www.leyresorte.gob.ve/2016/08/jefe-de-estado-participo-en-bautizo-del-libro-hugo-chavez-y-el-destino-de-un-pueblo/; http://radiomundial.com.ve/article/ad%C3%A1n-ch%C3%A1vez-libro-hugo-ch%C3%A1vez-y-el-destino-de-un-pueblo-es-la-esencia-de-la-revoluci%C3%B3n-video; http://www.cubadebate.cu/noticias/2015/02/14/feria-internacional-del-libro-de-la-habana-la-sensibilidad-revolucionaria-de-hugo-chavez/#.W7jyHSaNxjo
Un canto para Bolívar – Pablo
Neruda – https://www.poemas-del-alma.com/pablo-neruda-un-canto-para-bolivar.htm
Haiti History 101: How Haiti
Helped Some Latino Countries Gain Independence and End Slavery – https://www.youtube.com/watch?v=OTarpvMsvvc
Grandes revoluciones caribeñas:
Revolución haitiana y Revolución cubana – http://www.uneac.org.cu/noticias/grandes-revoluciones-caribenas-revolucion-haitiana-y-revolucion-cubana
Alba! Evocação à pegada ardente
de Bolívar – http://paginaglobal.blogspot.pt/2017/03/alba-evocacao-pegada-ardente-de-bolivar.html