De visita a Bissau para analisar
preparativos eleitorais, o presidente da Comissão da Comunidade Económica dos
Estados da África Ocidental pediu que as legislativas se mantenham a 10 de
março e sejam "eleições modelo".
A Comunidade Económica dos
Estados da África Ocidental (CEDEAO) quer que a campanha eleitoral para
as eleições
legislativas de 10 de março na Guiné-Bissau seja um verdadeiro debate
de ideias, que permita discussões aprofundadas dos programas eleitorais dos
partidos concorrentes. À saída de uma audiência com o Presidente da
Guiné-Bissau, José Mário Vaz, o presidente da CEDEAO, Jean-Claude Kassi Brou,
disse que a organização sub-regional quer que as eleições e sejam um modelo de
credibilidade e transparência e se realizem na data prevista.
"Desejamos que tenha lugar
uma campanha eleitoral com um debate de ideias sérias e de programas
eleitorais, para que sejam umas eleições modelo", declarou. "Terminou
o recenseamento eleitoral, com a maioria dos eleitores recenseados. Foi uma
etapa importante deste processo, daí que queiramos saber o que é que os atores
políticos estão a fazer para manter as eleições a 10 de março", disse
ainda o presidente da CEDEAO.
A deslocação a Bissau de
Jean-Claude Kassi Brou ocorre na sequência da cimeira
da CEDEAO, realizada em dezembro, em Abuja, na Nigéria. A organização tem
estado a mediar a crise política na Guiné-Bissau e, na sua última reunião, os
chefes de Estado e de Governo dos países membros admitiram a possibilidade
de voltar
a impor sanções a quem criar obstáculos ao processo eleitoral no país.
Novo adiamento das eleições?
Quanto a um eventual novo
adiamento das eleições, Kassi Brou deixou claro que recebeu garantias do
Presidente da República da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, de que os atores
políticos estão a trabalhar no sentido de ser respeitada a data de 10 de março
para a realização da votação.
"Vamos continuar a
acompanhar e a apoiar as autoridades na preparação das eleições, que são
importantes, porque vão renovar o Parlamento e permitir à Guiné-Bissau
consolidar o processo democrático e o desenvolvimento económico e social",
sublinhou o presidente da CEDEAO.
Dos 49 partidos legalizados na
Guiné-Bissau, o Supremo Tribunal de Justiça do país recebeu na quinta-feira
(10.01) 24 candidaturas de formações políticas que querem participar nas
eleições legislativas.
O órgão judicial, que na
Guiné-Bissau tem as competências de Tribunal Constitucional e eleitoral, tem
até 25 de janeiro para publicar as listas definitivas admitidas para concorrer
às eleições.
Missão do FMI
Entretanto, uma missão do Fundo
Monetário Internacional (FMI) iniciou também os trabalhos com autoridades
guineenses para avaliar o Programa de Crédito Alargado, a evolução das finanças
públicas e o Orçamento de Estado para 2019. A missão do FMI, que é liderada por
Tobias Rasmussen, vai permanecer no país até a próxima sexta-feira (18.01).
Tobias Rasmussen terá encontros
com o primeiro-ministro e ministro das Finanças, Aristides Gomes, e com a
diretora nacional do Banco Central dos Estados da África Ocidental, Helena
Mosolini Embalo, para "análise da evolução monetária e financeira do país,
do setor bancários e das perspetivas para 2019".
O conselho de administração do
FMI aprovou no início de junho no âmbito do Programa de Crédito Alargado à
Guiné-Bissau o desembolso de mais 4,3 milhões de dólares (cerca de 3,6 milhões
de euros). O FMI aceitou também um pedido das autoridades guineenses para a
intervenção ser alargado até julho de 2019. Com o prolongamento da sua
intervenção no país, o programa de crédito alargado aumentou para 32,2 milhões
de dólares (cerca de 27,6 milhões de euros).
Braima Darame (Bissau) | Deutsche
Welle
Sem comentários:
Enviar um comentário