Canal de televisão emitiu
reportagem na qual é avançado que empresa do genro de Jerónimo de Sousa foi
contratada pela câmara de Loures por ajuste direto, chegando a receber dezenas
de milhares de euros por mês.
O Partido Comunista Português
(PCP) acusa a TVI de ter promovido uma "gratuita provocação" ao
partido e ao seu secretário-geral, Jerónimo de Sousa, através de uma reportagem emitida na noite desta quinta-feira, na abertura do
Jornal das 8 . Entende o partido que o trabalho jornalístico é uma
"abjecta peça de anticomunismo sustentada na mentira, na calúnia e na
difamação".
Na peça, é revelado que a Câmara
Municipal de Loures, uma autarquia com liderança comunista, celebrou vários
contratos - por ajuste direto - com uma empresa unipessoal que pertence ao
genro do secretário-geral do PCP. No trabalho da TVI, é explicado que os
valores destes contratos foram subindo a cada nova assinatura, chegando a
empresa em questão a receber um pagamento de mais de 22 mil euros pelo trabalho
de dois meses, uma média de 11 mil euros por mês, conforme se pode ler no
contrato mais recente.
No comunicado publicado no seu site , o PCP defende que a estação de
televisão transforma, "sem escrúpulos", "um contrato
publicamente escrutinável a uma empresa unipessoal" na "escolha de
uma pessoa". O trabalho desta empresa consiste na manutenção de equipamentos
municipais como paragens de autocarros e troca de cartazes publicitários. Num
dos meses em que recebeu 11 mil euros, a mesma empresa limitou-se, segundo a
TVI, a mudar oito lâmpadas e dois casquilhos.
Perante esta situação, os
comunistas consideram que "a peça da TVI e os interesses que a comandam
revelam até que ponto pode chegar a mercenarização do papel jornalístico e o
atrevimento inqualificável de uma estação televisiva", aproveitando
para criticar a "conhecida promoção da extrema-direita e da reabilitação
de Salazar e do regime fascista" que acusam a estação de televisão de
levar a cabo.
Jerónimo de Sousa, confrontado
com a situação durante a reportagem, afirma que "não se usa a família
como arma de arremesso seja contra quem for", negando qualquer
aproveitamento por parte do genro. Essa é uma ideia reforçada no comunicado do
partido, onde se lê que "o nível rasteiro do ponto de vista
deontológico, que a generalidade dos jornalistas rejeitará, é de tal monta que,
em si mesmo, não mereceria resposta nem notas de esclarecimento. Mas porque uma
mentira não desmentida pode ser tida como verdade, cumpre dar nota pública de
que os serviços referenciados na reportagem decorrem de um contrato
publicamente escrutinável a uma empresa unipessoal (que a TVI transforma, sem
escrúpulos e falsamente, em escolha de uma pessoa), a exemplo do que, para a
mesma actividade, foi feito para outra empresa e de milhares de contratos
idênticos a que as autarquias, incluindo a de Loures, recorrem para prestação
de serviços com objectivos diversos."
Também o presidente da Câmara
Municipal de Loures, Bernardino Soares, garante que os preços pagos à empresa
"são os do mercado", reforçando que a ideia de que o município está a
pagar a uma pessoa e não a uma empresa é falsa. Ainda segundo a mesma
reportagem da TVI, o pagamento é feito a uma só pessoa e da fatura consta um
número de contribuinte particular.
No fecho do comunicado, o partido
reforça que "a insidiosa invocação da relação entre uma empresa e as
relações familiares do Secretário-Geral do PCP só pode ser vista como uma
gratuita provocação", reforçando que "aqueles que, como a TVI,
pensam que com o silenciamento, a difamação e a perseguição podem calar o PCP
estão profundamente enganados."
Por último, o partido promove uma
comparação entre o presente e o passado, garantindo que não se deixa intimidar
"hoje, como não se deixou intimidar no passado, incluindo com as mais
torpes e soezes difamações e perseguições movidas pelo regime fascista que a
TVI agora branqueia."
Gonçalo Teles | TSF | Fotos: 1 - Logo TVI com fotomontagem; 2 - Jerónimo de Sousa, por Filipe
Amorim/Global Imagens
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