Professores mantêm braço de ferro
com Governo quanto ao pagamento de salários em atraso. Alunos das
escolas públicas ocuparam na quinta-feira as principais avenidas de Bissau
contra greve que começa na próxima semana.
Os estudantes decidiram bloquear
na quinta-feira (07.02) as estradas de Bissau para demonstrar o seu desagrado
com "as sucessivas greves dos professores", disse Francisco da Silva,
jovem aluno do liceu Agostinho Neto, à agência de notícias Lusa.
"Se estão a bloquear as
nossas aulas, então também nós vamos bloquear as atividades dos adultos",
cortando as circulações dos automóveis, afirmou Francisco da Silva.
Empunhando um megafone na mão, o
jovem, de 18 anos, incentivava os colegas a não terem medo perante o cordão
policial que se encontrava diante dos alunos que se agruparam na rotunda do
mercado do Bandim, ao lado do parlamento guineense.
Vindos de todos os liceus
públicos de Bissau, centenas de jovens ocuparam as avenidas Combatente da
Liberdade da Pátria - que liga o Palácio do Governo no bairro de Brá ao centro
da cidade - e Amílcar Cabral, que vai do Palácio da Presidência à baixa de
capital guineense.
Alguns entoavam cânticos como:
"Dêem-nos os nossos direitos" ou "Queremos ir à escola".
A polícia apenas interveio quando
alguns tentaram agredir pessoas ou vandalizar carros.
"Essas crianças estão no seu
direito"
Os transeuntes, sobretudo pessoas
que tentavam chegar de carro ao mercado de Bandim, questionavam os motivos do
bloqueio, mas rapidamente deixavam sinais de agrado com a manifestação dos
alunos.
"Essas crianças estão no seu
direito de ir à escola, são os nossos filhos", disse à Lusa Enfamara
Cissé, comerciante no Bandim.
Após duas vagas de greves, os
professores das escolas públicas anunciaram, na quarta-feira, uma nova
paralisação laboral, de 30 dias, a partir da próxima segunda-feira, para
reclamar do Governo o cumprimento de uma série de acordos que possibilitaram o
levantamento da última greve em dezembro.
Mas, segundo os estudantes, alguns
professores já não compareceram esta quinta-feira em algumas escolas
públicas.
Entre os pontos do referido
acordo, figura o pagamento de salários em atraso a várias categorias de
professores, nomeadamente os contratados e novos ingressos, bem como aplicação
efetiva do Estatuto da Carreira Docente.
Três sindicatos que representam
os professores acusam o primeiro-ministro guineense, Aristides Gomes, de
ordenar o bloqueamento, nas Finanças, do pagamento aos docentes que estiveram
em greve no mês de dezembro.
Um porta-voz dos sindicatos dos
professores, Bunghoma Sanhá, admitiu a possibilidade de o ano letivo ter que
ser anulado pelo Governo, a quem acusa de insensatez.
Agência Lusa | em Deutsche Welle
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