O barulho é uma das
características das campanhas eleitorais na Guiné-Bissau e fazê-lo é sinal da
força dos partidos políticos, até porque a ausência de ruído é sinal de
"medo ou fraqueza".
Por estes dias, a cerca de duas
semanas das eleições legislativas, os apitos, os tambores, os megafones e os
carros com colunas em volume máximo ouvem-se por toda a parte, principalmente
na capital, Bissau.
Todos os partidos guineenses têm
de ter na sua campanha o maior barulho possível para chamar a atenção, mas
também para "chatear a concorrência", como explicam os militantes.
Para um candidato ou um partido entrar num bairro tem que ser antecedido de uma
ação de 'batedores' com megafones, comprados no mercado do Bandim ou importados
da China, a anunciar um comício.
Assim, estar em casa e ouvir, aos
berros, apelos em nome de um partido ou de um candidato é normal em qualquer
bairro ou terra da Guiné-Bissau, por estes dias.
"O barulho faz parte da
festa, porque é uma atração", disse à Lusa Mário da Silva Monteiro,
habitante de Kupilon de Cima, um dos bairros de Bissau.
Um outro habitante daquele bairro
explicou que é "carnaval e até anima" as pessoas, que convivem, e
"até se bebem umas cervejas", salientando que o "barulho é
normal no período da campanha".
A chegada de um candidato ou de
uma delegação de um partido é que não pode ser em silêncio.
Entrar num bairro ou chegar a uma
terra para uma ação de campanha sem fazer barulho é sinal de "medo ou
fraqueza", explicaram vários animadores partidários.
A juntar aos apelos do megafone,
está, sempre, o rufar dos tambores, para animar as mulheres e raparigas que
seguem na caravana.
O rufar dos tambores, pelo vigor
que os 'djidius' (tocadores e cantores) emprestam à ação, convida logo as
mulheres para um "pezinho de dança" do lendjô, mbelebeletchô ou
apenas sarbedeu (danças guineenses).
A concorrência ou os apoiantes
têm que sentir a presença do candidato ou do partido naquela zona da campanha.
Já com os candidatos ou os
elementos do partido instalados no lugar do comício entram em cena os apitos.
Fazer soar os apitos de todas as
cores, de plástico e pendurados ao pescoço, é uma tarefa que mobiliza todos os
que se juntam à campanha eleitoral.
Parece um concerto de apitos.
Todos têm que soprar com força. É preciso fazer muito barulho, que só para
quando começa o comício.
Na Guiné-Bissau, é difícil
assistir a um comício sem encontrar uma pessoa com um megafone em riste ou aos
berros, sem ouvir o rufar dos tambores e sem ser surpreendido com um sonoro
sopro de um apito nos ouvidos.
A juntar à campanha eleitoral
para as legislativas de 10 de março na Guiné-Bissau, alguns bairros de Bissau
recebem também as manifestações de apoio de senegaleses aos candidatos às
eleições presidenciais do Senegal, que se realizam domingo.
"Sem barulho não há
campanha", disse à Lusa uma habitante de Kupilon de Baixo.
A campanha eleitoral termina a 08
de março. Concorrem às legislativas, 21 partidos políticos.
Lusa | em Diário de Notícias
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