segunda-feira, 8 de abril de 2019

Angola | Sofrimento dirigido – carta de leitor no jornal O País


Caro director de O País

As minhas calorosas saudações pelo bom trabalho que este jornal tem feito em prol dos angolanos. Muitos fi camos agradecidos por conseguirem contar a nossa própria realidade, para que os angolanos de um ponto do país consigam fi car informados sobre o que se está a passar noutro ponto do país. Também agradeço o espaço que nos dão, enquanto leitores, para falarmos das coisas que nos alegram ou preocupam.

O Estado angolano tem falado muito da autoconstrução dirigida como uma forma para as pessoas resolverem o problema da habitação. Mas é o mesmo Estado que não legaliza os terrenos e é o mesmo Estado que, depois de lotear os terrenos, se esquece do cidadão. Temos muitos exemplos no país; desde Cacuaco, bairros no Huambo, perto do S. João, o da Graça em Benguela e o do Benfica, em Luanda.

As pessoas construíram as suas casas e o Estado não vai lá por as infraestruturas - como os esgotos não estarem acabadas. Todos vivem ao lado de fossas, isso vai causar sérios problemas de saúde no futuro. Também o Estado não asfalta as ruas.

No Benfica, aquilo é sofrimento dirigido, boas casas, mas em ruas esburacadas e com pequenas ravinas, cheias de lama ou poeira, consoante o tempo. Já passou mais de uma década. E lá moram pessoas com posses, imagine-se o que fazem aos mais pobres. Só Deus.

Marcos Afonso | Viana, Luanda

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