Caminhadas, manifestações,
aulas-públicas e atividades culturais foram realizadas em várias cidades do
país para marcar os 55 anos do golpe de 1964 e para homenagear as vítimas da
ditadura militar que dele resultou.
No Rio de Janeiro, a manifestação
reuniu 4 mil pessoas para "descomemorar" golpe de 64. Os
manifestantes se encontram na Cinelândia, no Centro do Rio, para repudiar
torturas e mortes ocorridas durante a ditadura militar / Flora Castro / Brasil de
Fato
A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), presente ao ato, afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) viola a Constituição de 1988 ao provocar as Forças Militares a celebrarem o golpe de 1964. “Estamos de preto, não por acaso, porque esse dia rompeu com o que havia de democrático no Brasil. Fez democratas, socialistas e comunistas desaparecerem, pessoas que simplesmente queriam liberdade para lutar, pensar e noticiar. Isso tudo foi cerceado. Até hoje famílias procuram seus filhos, maridos, irmãos e companheiras”, destacou. Ela lembrou que o Partido Comunista do Brasil foi o que mais perdeu, proporcionalmente, militantes, sobretudo durante a Guerrilha do Araguaia.
A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), presente ao ato, afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) viola a Constituição de 1988 ao provocar as Forças Militares a celebrarem o golpe de 1964. “Estamos de preto, não por acaso, porque esse dia rompeu com o que havia de democrático no Brasil. Fez democratas, socialistas e comunistas desaparecerem, pessoas que simplesmente queriam liberdade para lutar, pensar e noticiar. Isso tudo foi cerceado. Até hoje famílias procuram seus filhos, maridos, irmãos e companheiras”, destacou. Ela lembrou que o Partido Comunista do Brasil foi o que mais perdeu, proporcionalmente, militantes, sobretudo durante a Guerrilha do Araguaia.
Uma das primeiras medidas do
golpe militar, assim que foi instalado no país, foi queimar a sede da União
Nacional dos Estudantes (UNE), localizada na Praia do Flamengo, no Rio de
Janeiro. Também presente à manifestação, Leonardo Guimarães, diretor de universidades
públicas da UNE e aluno de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ), afirmou “os ditadores já entendiam que das universidades viria uma
forte resistência ao autoritarismo e à escalada do fascismo”. Ele enxerga
com preocupação o fato do presidente eleito indicar que os quartéis deveriam
comemorar esta data e explicou que para a entidade o 31 de março é sinônimo de
“repressão, perseguição e tortura”.
O historiador Paulo César Pinheiro atuou na clandestinidade contra o regime liderado pelos militares na organização VAR-Palmares. Preso e torturado durante a ditadura, Pinheiro destacou que em todos os países existem lutas por verdade, memória e justiça. “Infelizmente não conseguimos ter julgamentos e condenações daqueles que mataram, torturaram e exploraram o nosso povo de maneira atroz. Não só os que foram assassinados ou desaparecidos, mas também milhares de indígenas, camponeses e todo o povo que teve arrocho salarial e seus direitos cassados.” Na sua avaliação, é necessário que haja uma grande unidade popular dos setores progressistas, além da esquerda, no sentido de recuperar as conquistas do povo brasileiro, antes e depois de 1964.
A professa aposentada Sandra Chaves tinha dez anos quando a ditadura foi instaurada e teve atuação na resistência ao regime enquanto estava na Universidade. “Esse ano nós vivemos um governo muito ruim, com perspectiva de volta da ditadura. Ouvir dizer que não houve ditadura é cruel para quem viveu”, desabafa.
A estudante Raíssa Nascimento, de 26 anos, também participou do protesto. Ela vestia uma camiseta em homenagem à militante Helenira Rezende, vice-presidenta da UNE que foi torturada e morta pelos militares. “Os jovens da zona oeste e da Baixada Fluminense vivem à mercê da milícia, por isso a gente luta contra essas formas de organização que querem reprimir os jovens, da mesma forma que aconteceu na ditadura, no passado, quando os estudantes começaram a ser perseguidos”, comparou Raíssa que é diretora do Diretório Central dos Estudantes (DCE) do Centro Universitário Estadual da Zona Oeste (UEZO) e aluna de Biotecnologia.
Manifestações pelo país
Em todo o Brasil foram
registradas manifestações que repudiaram o golpes e a ditadura. Pela manhã,
cerca de mil manifestantes ocuparam parte do Eixão Norte, em Brasília, para
protestar contra os 55 anos do golpe militar de 1964. Os manifestantes foram ao
local vestidos de branco, com flores nas mãos e fotos de presos políticos
mortos ou desaparecidos durante a ditadura. O protesto foi marcado por
discursos de representantes de partidos políticos e organizações do movimentos
popular, uma caminha e performances artísticas que representavam os métodos de
tortura aplicados nos porões dos órgãos de repressão. Entre os presentes,
destacavam-se João Vicente Goulart, filho do ex-presidente João Goulart,
deposto pelo golpe, e Ana Maria Prestes, neta do histórico líder comunista,
Luis Carlos Prestes, o Cavaleiro da Esperança. Ambos integram atualmente a
direção nacional do PCdoB.
No Ceará, uma aula pública sobre
ditadura reuniu cerca de 500 pessoas na praia de Iracema, em Fortaleza. Entoando
palavras de ordem, manifestantes gritavam “Silêncio nunca mais”, em referência
à censura da época. O evento contou com depoimentos dos professores José
Machado, Paulo Emílio e Nelson Campos, perseguidos pela ditadura. A
manifestação teve ainda a participação de professores como Anna Karina
Cavalcante, André Vinícius, Fabiano Sousa, Zilfran Varela e Nilo Sérgio, que
contextualizaram desde a concepção do golpe até a volta da democracia no País.
Presente à atividade, a professora universitária Bernadete Sousa afirmou em
suas redes sociais: “A ideia da aula-ato é espetacular. Sim, professores
reinventam tempo e espaço.E hoje vi a reinvenção de nossas resistência. Foi bom
ouvir cada relato, cada canção, cada nome ali citado e honrado. Senti vontade
de ir sempre encontrar essa gente que luta com honra e gratidão, que grita,
canta e silencia”. Por outro lado, segundo o jornal O Povo, apoiadores do golpe
tentaram organizar um ato, mas apenas duas pessoas compareceram.
Novas atividades estão
programadas para esta semana.
Vermelho
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