Macau, China, 17 abr 2019 (Lusa)
- O chefe do Executivo de Macau elencou hoje, perante o líder de um partido da
oposição em Taiwan, o êxito do território com a passagem da administração para
a China e as vantagens da participação no projeto chinês da Grande Baía.
Num encontro com o presidente do
Partido O Povo Primeiro, James Soong Chu-yu, Fernando Chui Sai On aproveitou
para "apresentar uma retrospetiva" dos últimos 20, anos desde que a
Região Administrativa Especial de Macau foi criada, na sequência da
transferência de administração de Portugal para a China.
Chui Sai On destacou o êxito da
aplicação do princípio 'Um país, dois sistemas' e os avanços conseguidos em
várias áreas, de acordo com um comunicado divulgado pelas autoridades.
O desenvolvimento económico, o
bem-estar social e a melhoria das condições de vida foram alguns dos exemplos
dados por Chui Sai On ao responsável de um dos partidos que integram a
coligação liderada pelo Kuomitang, o grande partido nacionalista que liderou o
país durante décadas e que está hoje na oposição.
A reunião incidiu no reforço de
cooperação entre Macau e Taiwan e de que forma pode a ilha participar na criação
da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, "mais um passo na definição do
papel e função de Macau na estratégia de desenvolvimento" do país e
"na integração da conjuntura" chinesa, disse Chui Sai On.
A Grande Baía é o projeto de
Pequim para criar uma metrópole mundial que junta as regiões administrativas
especiais de Macau e de Hong Kong e nove cidades (Dongguan, Foshan, Cantão,
Huizhou, Jiangmen, Shenzhen, Zhaoqing, Zhongshan e Zhuhai) chinesas da
província de Guangdong, numa região com cerca de 70 milhões de habitantes e um
Produto Interno Bruto (PIB) que ronda os 1,3 biliões de dólares, maior do que o
PIB da Austrália, Indonésia e México, países que integram o G20.
De acordo com a mesma nota, James
Soong afirmou que quer "aproveitar esta oportunidade para
impulsionar" o "grande rejuvenescimento da Nação Chinesa".
Esta reunião aconteceu no mesmo
dia em que o ministro dos Negócios Estrangeiros de Taiwan, Joseph Wu, declarou
que os laços com os Estados Unidos, o "melhor aliado" da ilha,
"estão mais fortes do que nunca".
Os dois países comemoraram na
terça-feira, em Taipé, o 40.º aniversário do Ato de Relações com Taiwan, que
reafirmou o compromisso dos Estados Unidos com a ilha, nomeadamente através da
venda de armas, mesmo depois de Washington ter estabelecido relações
diplomáticas com Pequim, em 1979.
Pequim considera Taiwan uma
província chinesa, e defende a "reunificação pacífica", mas já
ameaçou "usar a força" caso a ilha declare a independência.
A China cortou os contactos com o
Governo da Presidente Tsai Ing-wen, do Partido Progressista Democrático (DPP),
pouco depois da sua eleição, em 2016, e implementou uma estratégia para reduzir
o apoio entre os eleitores da ilha.
Isto inclui incentivos para os
taiwaneses trabalharem na China, apelando especialmente aos jovens e
trabalhadores do setor tecnológico, frustrados pelo pequeno mercado taiwanês e
pelos salários estagnados.
Pequim tem também isolado Taiwan:
nos últimos três anos, cinco países cortaram relações diplomáticas com Taipé,
que tem agora apenas 17 aliados diplomáticos.
As eleições presidenciais em
Taiwan estão marcadas para 2020 e a popularidade de Tsai tem vindo a descer.
O governador de Kaohsiung, a
segunda maior cidade de Taiwan, Han Kuo-yu, do partido nacionalista Kuomintang
(KMT, na oposição), é considerado um dos mais fortes candidatos à presidência
da ilha, se decidir concorrer às eleições de 2020, de acordo com as últimas
sondagens.
Han visitou Macau em março último
para reforçar as "trocas económicas e comerciais", e "promover a
cooperação bilateral nos domínios turístico e cultural".
MIM (FST/JPI) // PJA | Chui Sai On, na foto.
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