segunda-feira, 15 de abril de 2019

FMI "satisfeito" e "impressionado" com reformas em Angola


Em relatório sobre a África subsaariana, Fundo Monetário Internacional prevê ainda crescimento para a Guiné-Bissau e STP, em 2019.

A economia angolana é destaque em vários pontos do mais recente relatório do FMI com as previsões económicas para a África subsariana em 2019, apresentado na sexta-feira (12.04) em conferência de imprensa, em Washington.

O diretor do departamento africano do FMI, Abebe Aemro Selassie, considerou que Angola "tem tido grandes êxitos na resposta aos desequilíbrios orçamentais com que se deparou nos últimos anos", sublinhando que o FMI está "muito impressionado com a dimensão e profundidade das reformas" que estão a ser praticadas pelo país, ao abrigo do PFA.

O responsável pelo departamento africano do FMI explicou que Angola está num ponto de inflexão em ambiente económico, tendo sido muito afetada pelo "choque" da descida de preços do petróleo entre 2014 e 2016.

O crescimento da economia angolana foi negativo em 2018, situando-se em -1,7%, em relação ao ano anterior.



Para 2019, o FMI prevê um crescimento económico de 0,4%, seguido de uma subida para 2,9% em 2020.

A dívida de Angola em 2018 situou-se em 88,1% do Produto Interno Bruto (PIB), que deverá subir para 90,5% em 2019 e descer para 82,8% em 2020, de acordo com o FMI.

Ainda no campo do PFA, negociado com o FMI, uma das coisas a melhorar no futuro será a introdução de programas de proteção social, para ter a certeza que os ajustes são progressivos e evitam efeitos adversos, em particular na situação dos mais desfavorecidos, disse Abebe Aemro Selassie.

No futuro, o FMI quer ver também a implementação de reformas para melhorar a competitividade da economia angolana nos mercados, que serão importantes para aumentar o crescimento.

O FMI recomenda a Angola o reforço do quadro das despesas a médio prazo e mais aplicação de controlos internos para evitar uma má repartição de despesas e facilitar a gestão de atrasos no desenvolvimento.

Crescimento acelerado na Guiné-Bissau

Segundo o mesmo documento, o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê uma subida de 5% no Produto Interno Bruto (PIB) da Guiné-Bissau em 2019 e 2020, um crescimento mais acelerado depois dos 3,8% registados em 2018.

Há um ano, o FMI previa que o crescimento da Guiné-Bissau em 2018 fosse de 5,5% , o que não se verificou.

O FMI ainda não fez comentários quanto à conclusão da sexta avaliação do Programa Alargado de Crédito no país, que em janeiro foi adiada para depois das eleições legislativas de 10 de março.

No relatório das previsões económicas para a África subsariana para 2019, a Guiné-Bissau é apresentada como um exemplo de melhoria de eficiência económica relacionada com empresas estatais, tendo promovido uma maior transparência das contas com a atribuição da gestão das empresas públicas a entidades privadas.

O FMI prevê um desempenho progressivo na diminuição da dívida pública até 2020: os 56,1% de dívida em 2018 vão, segundo as previsões, transformar-se em 54,9% em 2019 e em 51,8% no ano de 2020.

O FMI aprovou um Programa Alargado de Crédito, num montante de cerca de 21 milhões de euros, em julho de 2015, que foi posteriormente prolongado até julho de 2019.

Com a extensão da intervenção no país, o valor do programa aumentou para o montante de 27,6 milhões de euros.

A Guiné-Bissau está classificado pelo FMI como país "em situação frágil", pobre em recursos naturais e de rendimento baixo.

São Tomé e Príncipe cresce e dívida baixa

O Fundo Monetário Internacional (FMI) aponta um crescimento económico de 4% em 2019 em São Tomé e Príncipe, segundo o mesmo relatório.

Em 2018, o crescimento da economia de São Tomé e Príncipe foi de 3%, enquanto que as previsões para 2020 indicam um crescimento de 4,5%.

A dívida de São Tomé e Príncipe, que se situou nos 81,3% do PIB em 2018, irá descer, segundo as previsões do FMI, para 74,1% este ano.

Em 2020, o FMI prevê que São Tomé e Príncipe apresente uma dívida de 67,3%.

Uma missão técnica do FMI visitou o país em final de março e inícios de abril, para discutir um novo programa de assistência financeira de três anos, conhecido como Facilidade de Crédito Alargado (ECF, na sigla em inglês).

Depois da visita, o FMI apelou à introdução de reformas estruturais alargadas nos setores da energia e turismo.

O Governo são-tomense assumiu o compromisso de reduzir a discrepância entre receitas e despesas públicas, que em 2018 resultaram numa balança orçamental de -2,1%.

 As previsões do relatório do FMI indicam uma balança orçamental de -1,9% este ano e de -1,8% em 2020, que demonstram despesas públicas maiores do que receitas.

São Tomé e Príncipe foi um caso de sucesso na balança orçamental entre 2010 e 2015, com as receitas a significarem mais 31,5% sobre as despesas, o maior valor de balança orçamental na África subsariana nesse período.

 O arquipélago de São Tomé terminou no final do ano passado um programa de financiamento no valor de 6,2 milhões de dólares (5,5 milhões de euros), que durava desde 2015. 

O FMI coloca o país na classificação de "situação de fragilidade", pobre em recursos naturais e de rendimento médio.

Agência Lusa, cvt | EM Deutsche Welle

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