Presidente da Venezuela afirma
que ex-diretor do serviço de inteligência do país agiu como "espião
infiltrado" e fora aliciado pela agência americana para tramar golpe
fracassado contra seu governo.
O presidente da Venezuela,
Nicolás Maduro, afirmou na sexta-feira (10/06) que o então diretor do Serviço
Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin), general Manuel Ricardo Cristopher
Figuera, liderou o levante militar do último dia 30 de abril por ter sido
"cooptado" há um ano pela CIA, a agência de inteligência dos Estados
Unidos.
"Depois de investigações,
conseguimos comprovar que o general Manuel Ricardo Cristopher tinha sido
cooptado pela CIA há mais de um ano e trabalhava como um traidor, um espião
infiltrado nos cargos que ocupava", afirmou Maduro em um evento com
estudantes.
A primeira confirmação da
participação de Figuera veio de Washington. Na terça-feira, o vice-presidente
dos Estados Unidos, Mike Pence, anunciou que as sanções contra o militar – que
comandou o Sebin até o dia da insurreição fracassada – estavam sendo suspensas,
como recompensa pelo apoio à rebelião. "Sacrifiquei tudo", disse
Figuera, num vídeo publicado na quinta-feira pela emissora NTN24, em sua
primeira aparição desde o motim.
No mesmo dia da tentativa de
golpe, Maduro retirou Figuera do posto, mas nunca anunciou oficialmente a saída
dele do Sebin. Em outro pronunciamento, apresentou o também general Gustavo
González López como novo diretor do órgão.
Em recente entrevista à agência
de notícias Efe, o enviado especial dos Estados Unidos para a Venezuela,
Elliott Abrams, disse que integrantes do governo estavam negociando com a
oposição a saída de Maduro. Eles teriam "desligado os celulares" após
o levante militar.
Abrams disse ter ficado frustrado
com três figuras-chave do chavismo, entre elas o ministro da Defesa, Vladimir
Padrino López, um dos que teriam negociado com a oposição para derrubar Maduro.
Segundo o governo dos EUA, também
participaram dessas conversas o presidente do Tribunal Supremo de Justiça
(TSJ), Maikel Moreno, e o comandante da Guarda de Honra Presidencial e da
Direção Geral de Contrainteligência Militar (Dcim), Iván Rafael Hernández Dala.
Maduro afirmou que Figuera foi
quem "armou a história" de que contava com os "patriotas"
Padrino, Moreno e Hernández Dala.
"Foram Padrino, Moreno e
Dala que me avisaram, uma semana antes do golpe, da conduta estranha deste
general que seria substituído, demitido de seu cargo e detido no dia 30 de abril.
Por isso, ele se apressou e abortou a ação golpista. Ele fugiu e até hoje está
foragido", afirmou Maduro durante o evento.
O líder chavista ainda ironizou o
general pelo fato de não ter comparecido ao levante militar liderado
pelo autoproclamado presidente interino do país, Juan Guaidó, que começou
em frente à base militar de La Carlota, em Caracas.
"Ele foi quem articulou toda
a armadilha de mentiras, de intrigas e não foi capaz de ir ao local",
ressaltou Maduro.
As acusações de Maduro foram
feitas na véspera de novas manifestações convocadas por Guaidó em todo o país
para recuperar a iniciativa após o fracasso da insurreição e em meio a
uma ofensiva
do governo contra deputados oposicionistas, que resultou na prisão do
vice-presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Edgar Zambrano, levou três
outros parlamentares a se refugiarem em representações diplomáticas e outro a
se refugiar na Colômbia.
MD/efe/afp/lusa
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