Domingos de Andrade* | Jornal de
Notícias | opinião
Aos homens de bem não se há de
querer mal. José Manuel Rodrigues Berardo, Joe para os amigos e para os outros
também, é uma dessas personagens a quem tudo corre bem, apesar de parecer
correr mal. E o que se fala e escreve e diz sobre ele são aleivosias maldosas,
sem contexto ou realidade.
Porque ele é, no fim e no
princípio das contas, alguém que tudo fez e tudo faz para o bem dos outros,
nomeadamente da banca, que tentou ajudar nos tempos duros da crise.
Foi isso mesmo que Joe disse na
segunda Comissão Parlamentar de Inquérito à gestão da Caixa Geral de Depósitos,
instituição a quem as suas Fundação Berardo e Metalgest mais prejuízos
causaram: 320 milhões de euros no final de 2015, segundo a auditoria da EY aos
atos de gestão do banco entre 2000 e 2015.
A ajuda foi tanta que o
empréstimo contraído na Caixa servia para comprar ações do BCP, então em guerra
de lideranças, sendo as próprias ações o aval do empréstimo.
Joe, que vive dias desafogados
numa penthouse com 652 m2 ,
tem mais umas contas de relativa monta por liquidar. Ou melhor: ele não, porque
é homem de poucas posses e sem dívidas pessoais como candidamente disse aos
deputados, apenas uma garagem e uma coleção de arte com o seu nome entregue ao
CCB em regime de comodato.
Berardo, como se escrevia, é só
um dos grandes devedores do BCP e do Novo Banco, este último suportado pelos
contribuintes, com empréstimos próximos dos 960 milhões de euros. A banca deu
ordem para executar os seus bens e as suas empresas para recuperar a dívida,
mas lá está, ele nunca deu avais pessoais, porque não iria arriscar a sua vida
"numa coisa que é um investimento".
O país, os pensionistas, os
contribuintes, os que sofreram a crise na pele devem muito a homens como
Berardo. É por isso um conforto ouvir o tom de condescendência e de
desprendimento com que fala para os deputados. Eles são, afinal, os
representantes da nação.
*Diretor do JN
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