No norte de Moçambique, o autarca
de Nampula, Paulo Vahanle, diz ser alvo de ameaças de morte. O seu predecessor,
Mahamudo Amurane, tal como Vahanle, membro da oposição, foi igualmente
ameaçado, antes de ser assassinado.
Paulo
Vahanle, o edil do maior partido da oposição, a Resistência nacional
Moçambicana (RENAMO), disse à DW que está a ser pressionado para renunciar à
gestão da terceira maior cidade moçambicana. Vahanle diz que as ameaças de
morte de autores são constantes e chegam através de telefonemas com números
privados: "Nessas ligações, dizem que eu devia abandonar esse lugar
[presidência do Município] para ir à Assembleia da República [onde suspendeu o
seu mandato de deputado]", porque lá estaria melhor "acomodado” e que
a continuar em Nampula "vou perder a vida, porque estou a ocupar espaço
que já tem donos".
O edil da RENAMO diz que as
ameaças já se arrastam há três meses, mas ainda não fez queixa à
Procuradoria-Geral da República ou na polícia por não poder precisar a
proveniência das chamadas, tendo reportado a situação apenas à RENAMO.
Tanto na residência oficial, como
no gabinete de trabalho, o edil tem proteção da Polícia Municipal. Mas os
agentes não estão armados, diz Vahanle. Por isso adanta que a sua segurança
está nas mãos de Deus. "Não tenho praticamente uma segurança que me faça
sentir mais seguro. Mas não deixarei de circular no meu município por
ameaças".
Para que a história não se repita
Paulo Vahanle não é o primeiro a
receber ameaças de morte. Também o primeiro edil da oposição a governar o
município de Nampula, Mahamudo
Amurane, do partido da oposição Movimento Democrático de Moçambique
(MDM), foi ameaçado, antes de ser assassinado em outubro de 2017. Os seus
assassinos continuam por ser idetificados. Mas Paulo Vahanle insiste que não
cede a pressões. "Eu vim para este lugar sabendo que é uma vaga deixada
por um assassinato. Então, moralmente e psicologicamente estou preparado para
enfrentar este cargo que o partido e os munícipes da cidade de Nampula me
confiaram. Estou consciente e preparado para encarar qualquer circunstância que
possa advir sobre a minha pessoa", disse o edil.
A Polícia da República de
Moçambique, através do seu porta-voz em Nampula, Zacarias Nacute, disse à DW
que a corporação ainda não recebeu uma denúncia do edil. Mas garante
protegê-lo, tal como a todos os cidadãos. "Desde já aconselhamos, não só
ao presidente, mas a todos os cidadãos no nosso território, para que sempre que
forem ameaçados por alguém ou correrem perigo, a procurar a polícia".
Sitoi Lutxeque (Nampula) |
Deutsche Welle
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