sexta-feira, 3 de maio de 2019

Portugal | Um debate, um golpe falhado e o Serviço Nacional de Saúde


Jorge Rocha* | opinião

1. Há muito tempo, que não via a SIC por ser tão evidente a linha editorial imposta por Ricardo Costa para prejudicar o mais possível o irmão. Embora pouco dado a assuntos bíblicos detesto cains, que não olham a meios para satisfazerem os seus interesses egoístas, nem que para tal assassinem os irmãos. A exceção hoje feita àquela regra só deu razão à justeza de a prosseguir: o «moderador» escolhido por Ricardo Costa para o debate sobre as Eleições Europeias só se preocupou em interromper Pedro Marques sempre que iniciava uma linha de raciocínio no seu discurso, enquanto permitiu total liberdade a Paulo Rangel para dizer o que queria ou, pior ainda, permitir a Nuno Melo o lamentável espetáculo de demagogia primária, que explica bem porque está efetivamente voxizado.

2. Pode-se explicar a estratégia de Bento Rodrigues como causa-efeito das deceções acumuladas pelas direitas nos meios de comunicação nos dias mais recentes: não só engoliram em seco com o fracasso do golpe de Guaidó na Venezuela como se viram obrigadas a reconhecer a vitória socialista no país vizinho. Terem a expetativa de verem a Península Ibérica confiada a governos socialistas constitui-lhes pesadelo, que ameaça causar-lhes insónias por muitos e bons anos.



3. A Venezuela suscitou um rol sucessivo de fake news vindas de Caracas e de Washington. Por exemplo a badalada base de La Carlota nunca se colocou ao lado do golpista, que se limitou a falar aos meios de comunicação nas suas redondezas. Ou John Bolton procurou lançar a zizania na cúpula política afeta a Maduro, debitando nomes que, segundo ele, já estariam a falar clandestinamente com a oposição numa clássica manobra de tentar a divisão no campo contrário. O que se revelou notícia verdadeira foi a confiança que Leopoldo López , teve na ação do seu cúmplice, apressando-se a pedir asilo numa embaixada.

4. Do dia fica, igualmente, o artigo de António Costa sobre o Serviço Nacional de Saúde a assumir a regra da gestão pública, só se recorrendo à gestão privada em circunstâncias excecionais e devidamente fundamentadas, supletiva e temporariamente. Seu apoiante incondicional tenho de reconhecer que me soube a pouco, porque defendo o que no mesmo jornal («Público») escrevia Teresa Gago: que o PS perderá a legitimidade de se dizer o partido do SNS se trair o legado de António Arnaut. O que aconteceria se renovasse as PPP’s com empresas privadas nos hospitais de Cascais, Loures e Vila Franca, cujos contratos estão a terminar.

*jorge rocha | Ventos Semeados

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