Hong Kong, China, 18 jun 2019
(Lusa) - A chefe do Governo de Hong Kong declarou hoje que vai continuar no
cargo e voltou a pedir "as mais sinceras desculpas" à população pela
crise desencadeada com as emendas à lei da extradição.
Em conferência de imprensa,
Carrie Lam explicou também não existir uma data para retomar o debate das
emendas à lei da extradição, suspenso no sábado passado na sequência dos
violentos protestos registados na quarta-feira anterior.
As emendas à lei permitiriam
extraditar suspeitos de crimes para territórios sem acordo prévio, como é o
caso da China continental.
"Em julho do próximo ano
termina o mandato do atual Conselho Legislativo [LegCo, parlamento local]. O
trabalho legislativo foi suspenso e há um processo para ser retomado, para o
qual não temos calendário", explicou Lam.
Se, até julho de 2020, a proposta de lei não
voltar ao LegCo, o documento perde a validade, acrescentou.
"Ao reconhecer a ansiedade e
os receios causados pela proposta nos últimos meses, se não tivermos a confiança
da população não voltaremos ao trabalho legislativo", afirmou.
"Não darei seguimento ao
trabalho legislativo, se estes medos e ansiedades não forem adequadamente
superados", reiterou a responsável, apesar de não retirar formalmente a
proposta, tal como foi exigido pelos manifestantes.
Por outro lado, e em resposta aos
manifestantes que pediram a demissão da chefe do Executivo de Hong Kong, Lam
afirmou que o seu "Governo no futuro será difícil, não por falta de
capacidade, mas por falta de confiança".
"O meu trabalho nos próximos
três anos vai ser muito difícil, mas com a minha equipa penso que vamos ser
capazes de reconstruir a confiança da população", disse.
A governante sublinhou existir
"muito a fazer em termos de desenvolvimento económico e social de Hong
Kong" e destacou que "esse é o compromisso para os próximos três
anos".
"Devo assumir pessoalmente a
maior parte da responsabilidade no conflito que criei. Apresento as minhas mais
sinceras desculpas a toda a população de Hong Kong", disse Lam, repetindo
o pedido de desculpas feito no domingo, quando cerca de dois milhões de
pessoas, de acordo com os organizadores, saíram às ruas da região
administrativa especial chinesa para exigir a retirada da proposta de lei e a
demissão da chefe do Executivo.
A polícia estimou em 338 mil os
manifestantes de domingo, no terceiro protesto numa semana e um dia depois de
Carrie Lam ter anunciado a suspensão do debate e da votação das emendas à lei
da extradição.
Propostas em fevereiro, as
alterações permitiriam que a chefe do executivo e os tribunais de Hong Kong
processassem pedidos de extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem
acordos prévios, como é o caso da China continental.
A transferência de Hong Kong e
Macau para a República Popular da China, em 1997 e 1999, respetivamente,
decorreu sob o princípio "um país, dois sistemas", precisamente o que
os opositores às alterações da lei garantem estar agora em causa.
Para as duas regiões
administrativas especiais da China foi acordado um período de 50 anos com
elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judiciário, sendo o
Governo central chinês responsável pelas relações externas e defesa.
EJ (JMC) // FPA
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