quarta-feira, 19 de junho de 2019

Chefe do Governo de Hong Kong continua no cargo e volta a pedir desculpa à população


Hong Kong, China, 18 jun 2019 (Lusa) - A chefe do Governo de Hong Kong declarou hoje que vai continuar no cargo e voltou a pedir "as mais sinceras desculpas" à população pela crise desencadeada com as emendas à lei da extradição.

Em conferência de imprensa, Carrie Lam explicou também não existir uma data para retomar o debate das emendas à lei da extradição, suspenso no sábado passado na sequência dos violentos protestos registados na quarta-feira anterior.

As emendas à lei permitiriam extraditar suspeitos de crimes para territórios sem acordo prévio, como é o caso da China continental.

"Em julho do próximo ano termina o mandato do atual Conselho Legislativo [LegCo, parlamento local]. O trabalho legislativo foi suspenso e há um processo para ser retomado, para o qual não temos calendário", explicou Lam.

Se, até julho de 2020, a proposta de lei não voltar ao LegCo, o documento perde a validade, acrescentou.


"Ao reconhecer a ansiedade e os receios causados pela proposta nos últimos meses, se não tivermos a confiança da população não voltaremos ao trabalho legislativo", afirmou.

"Não darei seguimento ao trabalho legislativo, se estes medos e ansiedades não forem adequadamente superados", reiterou a responsável, apesar de não retirar formalmente a proposta, tal como foi exigido pelos manifestantes.

Por outro lado, e em resposta aos manifestantes que pediram a demissão da chefe do Executivo de Hong Kong, Lam afirmou que o seu "Governo no futuro será difícil, não por falta de capacidade, mas por falta de confiança".

"O meu trabalho nos próximos três anos vai ser muito difícil, mas com a minha equipa penso que vamos ser capazes de reconstruir a confiança da população", disse.

A governante sublinhou existir "muito a fazer em termos de desenvolvimento económico e social de Hong Kong" e destacou que "esse é o compromisso para os próximos três anos".

"Devo assumir pessoalmente a maior parte da responsabilidade no conflito que criei. Apresento as minhas mais sinceras desculpas a toda a população de Hong Kong", disse Lam, repetindo o pedido de desculpas feito no domingo, quando cerca de dois milhões de pessoas, de acordo com os organizadores, saíram às ruas da região administrativa especial chinesa para exigir a retirada da proposta de lei e a demissão da chefe do Executivo.

A polícia estimou em 338 mil os manifestantes de domingo, no terceiro protesto numa semana e um dia depois de Carrie Lam ter anunciado a suspensão do debate e da votação das emendas à lei da extradição.

Propostas em fevereiro, as alterações permitiriam que a chefe do executivo e os tribunais de Hong Kong processassem pedidos de extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental.

A transferência de Hong Kong e Macau para a República Popular da China, em 1997 e 1999, respetivamente, decorreu sob o princípio "um país, dois sistemas", precisamente o que os opositores às alterações da lei garantem estar agora em causa.

Para as duas regiões administrativas especiais da China foi acordado um período de 50 anos com elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judiciário, sendo o Governo central chinês responsável pelas relações externas e defesa.

EJ (JMC) // FPA

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