Organizadores dos protestos
pró-democracia no Sudão elevaram para mais de 100 número de mortos resultantes
da repressão violenta das manifestações. A oposição rejeitou proposta da junta
militar para retomar diálogo.
O Comité Central de Médicos do
Sudão elevou esta quarta-feira (05.06) para 101 o número de mortos na repressão
violenta das manifestações do início da semana.
Segundo um comunicado do
sindicato médico, 40 corpos foram retirados do rio Nilo por uma milícia leal ao
governo militar, que se somam a outros 61 mortos contabilizados desde
segunda-feira.(03.06). Os médicos acusaram a milícia "yanyauid", leal
às autoridades de Cartum, de ter retirado os corpos no rio e de levá-los para
um lugar desconhecido.
O comunicado diz ainda que
"as milícias do Conselho Transitório continuam a matar e a aterrorizar
pessoas inocentes e indefesas nas ruas e dentro das suas casas em Cartum e em
todo o país, o que aumenta o número de mortos e feridos nos hospitais".
O Governo do Sudão contraria
os números dos opositores. No primeiro balanço feito desde o início da
operação militar para desmobilizar o acampamento de manifestantes em Cartum, o
ministro da Saúde negou "que o número de mortos tenha atingido os
100", assegurando que "não ultrapassa os 46", segundo a agência
de notícias oficial Suna.
Oposição rejeita proposta para
retomar diálogo
Esta quarta-feira, a oposição do
Sudão rejeitou uma proposta da junta militar, no poder, para retomar o diálogo,
questionando a seriedade dos militares sobre as negociações quando disparam
sobre a população e matam manifestantes.
O presidente do Conselho Militar
Transitório do Sudão, Abdel Fattah Burhan, afirmou por sua vez disponibilidade
para retomar as negociações "sem restrições", depois de, na
terça-feira, ter anunciado a suspensão de todos os acordos alcançados com a
oposição.
A Associação de Profissionais
Sudaneses, que lidera os protestos, classificou a proposta como uma tentativa
de "reeditar" os passos do ex-Presidente Omar al-Bashir, deposto
pelos militares em abril.
A tomada de posição de Burhan
surgiu depois de, na segunda-feira, as Forças Armadas terem lançado uma
operação militar para desmobilizar o acampamento de opositores em Cartum, que
exigem a transição do poder para uma autoridade civil.
EUA condenam ataques
Os Estados Unidos condenaram esta
quarta-feira (05.06) "os recentes ataques contra manifestantes" no
Sudão e apelaram aos militares no poder a "renunciarem à violência",
após a repressão dos protestos que matou mais de 100 pessoas desde
segunda-feira (03.06).
"Os Estados Unidos condenam
os recentes ataques contra manifestantes no Sudão", afirmou a porta-voz do
Departamento de Estado dos EUA em comunicado, acrescentando que a diplomacia
americana reafirma o seu desejo de ver uma transição liderada por um Governo
civil para realizar eleições numa "data apropriada".
Entretanto, a Organização
das Nações Unidas (ONU) retirou do Sudão funcionários não essenciais.
"Nós relocalizámos temporariamente pessoal da ONU não essencial, se bem
que todas as operações da Organização continuem no Sudão", indicou a
porta-voz Eri Kaneko.
Não foi detalhado o número de
funcionários retirados nem para onde foram transferidos. A ONU dispõe de uma
grande presença no Sudão, com funcionários de 27 organismos, que se dedicam
sobretudo a ajuda humanitária à população. A ONU tem uma missão de paz no
Darfur, realizada em conjunto com a União Africana, com cerca de 7.200
militares e polícias.
Agência Lusa, EFE, ms | Deutsche
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