Tensões aumentam na região da
Caxemira, disputada por paquistaneses e indianos, depois que Nova Délhi decidiu
retirar autonomia. Com interesses territoriais próprios, Pequim promete
interceder no Conselho de Segurança.
O Paquistão anunciou neste sábado
(10/08) que recorrerá ao Conselho de Segurança da ONU, com apoio da China, para
denunciar a inesperada decisão da Índia de revogar o status especial da
província de Caxemira, disputada por ambos os países, em meio ao aumento da
tensão no território militarizado há uma semana.
Após serem informados que o
Paquistão decidira levar o assunto à Organização das Nações Unidas, os chineses
"não apenas decidiram nos apoiar no Conselho de Segurança, como também
nomearam os seus funcionários que estarão com os nossos, lá", declarou em
entrevista coletiva o ministro paquistanês do Exterior, Shah Mehmood Qureshi.
"A China demonstrou mais uma vez que são nossos amigos para sempre",
acrescentou, após visita oficial a Pequim.
Qureshi acrescentou que seu país
também considera apelar à Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas sobre
a questão. "Quanto uma mudança demográfica é imposta pela força, isso se
chama genocídio, estamos indo nessa direção.
A Índia planeia anular a cláusula
constitucional que proibia estrangeiros de comprar propriedades no estado de
Jammu e Caxemira. Assim, indianos do resto do país poderão adquirir terras e
candidatar-se a empregos públicos lá. Há temores que isso provoque uma grande
reviravolta demográfica e cultural na região de maioria muçulmana.
A decisão de retirar a autonomia,
que permitiu durante 70 anos a Caxemira ter suas próprias Constituição,
cidadania, bandeira e leis, foi rejeitada pela China por afetar uma parte do
território que também reivindica como seu. "A resposta da China foi
segundo as nossas expectativas. A China considera Jammu e Caxemira como um
território em disputa. Agora estamos fazendo mais contatos diplomáticos",
disse o chefe da diplomacia paquistanesa.
Islamabad reduziu as relações
diplomáticas com a Índia, retirando unilateralmente seus embaixadores e
cortando o comércio bilateral. Descartando por enquanto uma ação militar em
resposta, o país garantiu que usará a via política e diplomática para reverter
a ação indiana, que segundo o governo paquistanês viola a legislação
internacional sobre um território em disputa.
O primeiro-ministro do Paquistão,
Imran Khan, pediu o apoio de "vários líderes mundiais", disse
Qureshi. "Provavelmente hoje, falarei com o ministro do Exterior da
Indonésia, que é membro do Conselho de Segurança. Na segunda-feira, também
falarei com o ministro do Exterior da Polónia, que preside o Conselho de
Segurança", antecipou.
Deutsche Welle | AV/ap, efe
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