José Manuel Diogo |
Jornal de Notícias | opinião
O Pardal Henriques não queria ser
deputado, mas o antigo bastonário Marinho Pinto, vendo como ele defendia bem o
povo, convenceu-o.
O líder em outsourcing do
sindicato dos camionistas de cenas perigosas vai agora ser o ponta de lança da
equipa do PDR para as eleições de outubro. Perfeito!
A jogada nem está mal pensada,
mas é o cúmulo da esperteza saloia. Se funcionar, e em outubro o povo votar
Pardal (ou Pinto), merecemos todos pagar o dobro dos impostos.
É uma cena de filme. Num
restaurante da Mealhada, Marinho e Henriques, sócios únicos da Pinto &
Pardal, combinam a tática.
Ação!
"Pardal, há aí uns
sindicatos com um enorme poder nas mãos e não percebem nada de
comunicação", diz Pinto, dando uma garfada no reco tostado.
"Com um treinador Pardal,
perdão profissional, convencemos os tansos dos camionistas que ganham mal e
montamos aqui uma greve ao gasóleo no fim de semana das férias, que durante uma
semana a TV não fala de outra coisa" retorque Pardal.
"Brilhante", remata
Pinto, "É uma campanha inteira à borla, vai ser o tal Pardal".
Corta!
A greve dos motoristas de
matérias perigosas, entre 12 e 18 de agosto, registou, em apenas 7 dias, um
total de 3 475 notícias em mais de 200 horas de emissão de Televisão. (E ainda
falta contabilizar as notícias de que Pardal aceita o convite de Pinto). Para
termos uma noção da dimensão deste número, Uriel Oliveira da Cision compara-o à semana dos
incêndios de Pedrógão, quando, em 2017, as televisões portuguesas dedicaram o
mesmo tempo à morte de 66 portugueses.
Cabe-nos a todos denunciar oportunismos
básicos. Quem se aproveita da inocência e da fraqueza dos outros não devia ser
candidato, devia ser mudo.
*Especialista em Media
Intelligence
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