O primeiro-ministro britânico,
Boris Johnson, desafiou hoje a oposição a avançar com uma moção de censura
contra o Governo para forçar eleições antecipadas e enfrentar o "dia do
juízo final" com os eleitores.
"Acho que as pessoas deste
país estão fartas. Este Parlamento deve colocar-se de lado e deixar que o
Governo conclua o 'Brexit', ou propor uma moção de censura e, finalmente,
enfrentar o dia do juízo final com os eleitores", afirmou, numa
intervenção na Câmara dos Comuns, que retomou hoje os trabalhos depois de
uma decisão do Supremo Tribunal.
Boris Johnson deu até ao final da
sessão para ser apresentada uma moção de cesura, para ser debatida e votada na
quinta-feira.
"Será que eles têm a coragem
de agir ou vão recusar-se a assumir a responsabilidade e não vão fazer nada
senão hesitar e adiar", questionou, referindo-se à oposição.
Na resposta, o líder da oposição,
o trabalhista Jeremy Corbyn, renovou o apelo à demissão do
primeiro-ministro na sequência da decisão do Supremo Tribunal, que anulou a
suspensão do parlamento ordenada por Boris Johnson.
"Eu quero umas eleições
nacionais. É muito simples: se ele quer umas eleições, garanta uma extensão [do Brexit]
e vamos para eleições", disse.
Corbyn condenou o
primeiro-ministro pela falta de humildade perante a decisão do Supremo Tribunal
e perguntou sobre se pretende respeitar a lei que obriga o Governo a pedir uma
extensão do processo de saída do Reino Unido da União Europeia, cujo prazo é 31
de outubro.
Boris Johnson disse que o Governo
"discorda, mas claro que respeita" a deliberação dos juízes, mas não
foi claro sobre se vai obedecer à chamada lei Benn.
No início de setembro foi
promulgada uma lei que obriga o primeiro-ministro a pedir formalmente um
adiamento da data de saída por três meses, até 31 de janeiro, se não for
alcançado um acordo até 19 de outubro nem for autorizado pelos
deputados um 'Brexit' sem acordo.
"Claro que nós obedecemos à
lei, e vamos sair da UE a 31 de outubro", garantiu.
Na terça-feira o Supremo Tribunal britânico
decidiu que a suspensão do Parlamento decidida pelo Governo era "ilegal,
nula e sem efeito".
Na leitura da decisão, a juíza,
Brenda Hale, disse que "a decisão de aconselhar Sua Majestade a suspender
o Parlamento foi ilegal porque teve o efeito de frustrar ou impedir a
capacidade do Parlamento de desempenhar as suas funções constitucionais sem uma
justificação razoável".
Fechado desde 10 de setembro,
o Parlamento britânico voltou hoje a reunir-se, antecipando a reabertura,
que estava prevista apenas para 14 de outubro.
No início da sessão, pelas 11h30
horas, o presidente da câmara baixa, John Bercow, disse que a
referência nas atas à suspensão do Parlamento será "removida" e
substituída por "interrompido".
Notícias ao Minuto | Lusa
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