O antigo secretário-geral do
MPLA, Álvaro de Boavida Neto, foi apontado pela ex-administradora do município
de Chinguar, Beatriz Napende Diniz, de ter sido o mandante dos crimes de que
ela está a ser acusada, quando ele era governador da província do Bié.
Jurista diz que as acusações de Beatriz Diniz fazem sentido porque era executora das decisões do governador.
Presa desde Dezembro de 2018, a antiga gestora
municipal, e mais outros 21 arguidos, respondem pelos crimes de peculato,
associação criminosa, branqueamento de capitais, falsificação de documentos,
participação em negócios e tráfico de influência, além de terem defraudado o
Estado angolano em cerca de 300 milhões de kwanzas.
Diante do juiz do tribunal
provincial, Beatriz Diniz negou na terça-feira, 10, responsabilidade nos crimes
de que é acusada com o argumento de que os actos que praticou foram em
cumprimento de ordens de Álvaro de Boavida Neto.
“Fiz tudo em orientação do
ex-governador Álvaro Boavida Neto, por via telefónica, com realce na
arrecadação de receitas do município, consubstanciadas na concessão de terra,
licenças de obras e vedação”, denunciou a antiga responsável, citada pela
imprensa pública.
Álvaro de Boavida Neto foi
afastado do cargo de secretário-geral do MPLA em Junho de 2019, sem que fossem
avançadas as razões que terão levado à sua substituição por Paulo Pombolo.
Provas e razões da acusação
Boavida Neto foi o primeiro do
dirigente do MPLA a manifestar-se contra a prisão de membros do seu partido,
indiciados nos crimes de corrupção, tendo defendido que todos eles “fizerem
parte do sistema”.
O jornalista Ilídio Manuel admite
que a tendência dos réus em atribuir culpas a terceiros é uma estratégia dos
advogados dos réus.
Manuel entende que as acusações
de Baetriz Diniz têm de ser suportadas com documentos sob pena de não serem
consideradas como provas.
Por sua vez, o jurista Pedro
Capracata considera que as declarações da antiga administradora fazem todo o
sentido considerando a sua condição de executora das orientações do seu
superior hierárquico.
Capracata também acrescenta não
haver dirigente do partido no poder que não se tenha a apropriado do dinheiro
público para o seu enriquecimento.
VOA – Voz da América | Na foto: Boavida
Neto era governador do Bié na altura dos crimes
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