quinta-feira, 5 de setembro de 2019

Portugal | Mostra de padrões partidários, a tecelagem da ilusão


Bom dia, ainda de manhã. Ao que parece o Expresso Curto do dia saiu mais tarde, hoje. Decerto coisas de férias. Pessoal das letras escasso… Talvez. Importante é que saiu. Vamos lá tomar a nossa cafeína, oferta do tio Balsemão, simpático, o velhote das empresas. Candeias à frente iluminam melhor. Todo p’rá frente atira-se o jornalista (editor) Pedro Candeias, autor da cafeína que pode ler em baixo. Adiante.

O autor limita-se a mostrar a manta de retalhos da política partidária portuguesa em que existe um padrão muito igualzinho apesar de uns parecerem muito diferentes. Ilusão, claro. Mas Candeias sabe que fazer a mostra daqueles padrões, tecidos há muito e quase sempre os mesmos, dá-nos que pensar. E isso é bom. Porque muita gente até se esquece de praticar esse benéfico exercício.

Uns de direita, outros de esquerda, do centro, do social-democrata, do assim-assim… Pois. Mas isso é quase só conversa. Na prática o CDS não está distante do PSD, e vice-versa. Na prática o CDS e o PSD não estão distantes do PS, e vice-versa. As provas vêm sendo dadas há décadas. Só aparentemente os padrões são diferentes. 

Mesmo diferentes são o Bloco e o PCP, o resultado tem-se visto. Pois. Disto havia alguma coisa a dizer mas fica para outra oportunidade.

Atualmente existe o PAN parlamentar. Tirando o padrão relativo a talibanismo sobre os animais e etc, tem muito pouco de diferente dos anteriormente aqui abordados. E assim as pessoas continuam tramadas porque nada muda, a não ser um ou outro deputado. PAN, Pessoas, Animais e Natureza. É assim que se define. Natureza, a modernidade manda “lixá-la” mas falar muito dela. Até mesmo os que nunca viram um grão de terra, cercados que estão por betão, empedrado e alcatrão. Até esses têm o cãozinho para depositar nos passeios empedrados ou cimentados (feios) os seus excrementos, que chamam moscas, esses seres contaminantes-pousantes também nas “carecas dos doutores” imensos deste país. Uns para serem os caixas diplomados de supermercados, outros para rechearem as elites - os tais que obtiveram o canudo à força de cunhas e provavelmente de pilim. É aos que estamos entregues, como lixo reciclável que só serve para dar lucro e depois é absolutamente descartável.

Ena, credo! Onde esta “conversa” já vai. Melhor é avançar. Nada melhor que avançar para a cafeína servida por um Candeias que nos ilumina as mentes com a mostra refinada e inteligente dos padrões partidários que se dizem assim ou assado. Tudo menos referirem-se a que estão muito do lado dos que são donos disto tudo e até de nós, pessoas que lhes dão lucros mirabolantes, lhes sustentam os vícios, e recebem raspas ou coices. Sim, claro, porque esses tipos, na maior parte dos exemplos, são muito ricos mas umas bestas de desumanidade. Esclavagistas da modernidade apoiados por governos do bloco infernal que dura há décadas em Portugal. Os(as) que se dizem Democratas Sociais, Sociais Democratas e/ou Socialistas. Sim, às vezes são. Mas muito poucas vezes.

Bom dia. Abrigue-se. O governo devia decretar a sesta nestes dias de calor… Oh, quer lá ele saber dos que trabalham que nem mouros, a ralé. Para eles ar condicionado, pago por todos nós, não falta.

Siga para o Curto. Boa cafeína.

Redação PG | MM





Bom dia este é o seu Expresso Curto

A social-democracia que toda a gente quer e o Ronaldo que fica até 2020

Pedro Candeias | Expresso

Ser-se político também é ter um certo domínio da ambiguidade linguística, na medida em que uma palavra mal escolhida e um cenário descontextualizado resultam em complicações; coisas definitivas são igualmente desaconselháveis.

Catarina Martins e os seus discursos da social-democracia e das barragens e das evaporações evaporadas, por exemplo, não correram bem à primeira e foi necessário um explicador posterior para sossegar... bem, para sossegar as águas e os sociais-democratas.

Que também podem andar à esquerda e a direita, porque a literatura diz-nos que a social-democracia é historicamente um conceito centro-esquerda que o centro-direita foi aculturando com o tempo. Basicamente, é a procura da justiça social, da democracia, da distribuição da riqueza de uma forma digna dentro de um sistema capitalista. Basicamente, também, tudo o que qualquer um de nós que não seja um sociopata gosta.

Daí, Rui Rio, que à Lusa assegurou que o seu Partido Social Democrata não era um partido de direita, mas sim de centro-direita, e que de direita-direita era o outro com quem o seu se coligara no passado da PaF. Disse ele: “O CDS é um partido de direita - e bem, tem de haver partidos democráticos de direita -, o PSD não é um partido de direita genuinamente desde a sua fundação (...) é social-democrata, somos um partido de centro”. Rio disse encontrar diferenças ideológicas irresistíveis com o CDS, por um lado, mas certamente não enjeitou juntar os trapinhos com Assunção Cristas para formar uma “maioria”. “E depois há um resultado eleitoral e o lógico é que, sendo necessário para formar uma maioria, haja uma coligação”. Uma geringonça às direitas.

A propósito de derivações e inclinações, a Mariana Lima Cunha apresenta-nos uma possível solução para o dilema: então, quem é de direita aqui?

E isto leva-nos ao autor original de soluções nunca antes vistas, António Costa. Em entrevista à SIC, na quarta-feira, o primeiro-ministro continua a dar sinais, alguns definitivos, outros nem tanto, sobre que parcerias a formar. Façamos a escala, começando nas impossibilidades e acabando no talvez-não-seja-mal-pensado-se-correr-mal: Aliança < Pan < BE < PCP. Nenhum deles, claro, poderia estar no Executivo. “Um governo tem de ser uma entidade coesa Nem PCP, nem BE, podiam adotar algumas das medidas que aprovámos [se estivessem no Conselho de Ministros]. E nenhum dos partidos evoluiu nos seus fundamentos para mudarmos de posição sobre essa matéria”.

OUTRAS NOTÍCIAS

O “Ronaldo da Finanças”, que o português teima em conhecer pelos nomes próprio e apelido, Mário Centeno, admitiu ter contrato assinado com o Governo até junho de 2020. Portanto, e permitam-me a analogia da bola, Centeno jogará uma época mais porque os acordos são para se cumprir, mesmo que lá de fora clubes maiores o queiram sacar à legislatura. “Assumi um compromisso, esse compromisso foi até ao fim”.

Ah, o Brexit sem fim, aquele movimento quebra-cabeças, monstro de várias cabeças - decepada uma logo surgirá outra com a sua agenda política e as suas mil incógnitas. Façamos, então, o proverbial ponto de situação: a Câmara dos Lordes votou nesta madrugada a favor do projeto de Lei Benn, que bate de frente com as aspirações do frenético Boris Johnson, que procura o Brexit sem acordo. Mas sendo isto o que é, a coisa não ficará por aqui e o Hélder Gomes traça os próximos passos. Ao vivo e a cores, o Pedro Cordeiro e o Ricardo Costa explicam o que aconteceu até aqui.

Já sobre o que aconteceu ao Sporting pouca gente consegue explicar. Aparentemente, nem o próprio presidente do clube, pois a sua entrevista de ontem, à SportingTV teve alguns lapsos e confusões que denunciam alguma inconsistência na estratégia. Pois, sim, o Sporting contratou Jesé, mas há três anos não o teria contratado. Pois, sim, o Sporting demitiu Keizer agora, mas a ideia já vinha de trás, só que o treinador “tinha ganho uma Taça da Liga e uma Taça de Portugal”. Pois, sim, Varandas chegou à liderança de Alvalade com a áurea de pacificador, mas os recorrentes apertos da sempre presente oposição dão nisto: “ao primeiro desaire, os esqueletos falaram”.

Para o fim do segmento, um 2:59 sobre uma aparente contradição que tem a ver com Portugal. A Helena Bento aponta alguns dados preocupantes sobre o número de homicídios que contrastam com a percepção que temos deste país à beira-mar plantado.

FRASES

“Não me passou pela cabeça atingir Sócrates”. António Costa a justificar a tirada das maiorias absolutas que Sócrates não gostou nem um bocadinho

“Há espaço para aumentos no Estado à taxa de infação” Mário Centeno em entrevista ao Negócios

“Estamos no meio de uma das maiores crises nacionais na história do país. Podemos esperar que mais mortes sejam registadas. Isto é apenas informação preliminar” O chefe do Governo das Bahamas sobre os 20 mortos e as 2,2 milhões de pessoas obrigadas a abandonar as casas. É o furacão Dorian.

O QUE ANDO A VER

Um documentário com a produção dos Obama e que se chama “American Factory”. Ora a fábrica americana não é bem uma fábrica americana, mas uma antiga fábrica americana falida na qual foram injetados milhões de uma empresa chinesa, transformando-a noutra coisa qualquer. Onde antes de produziam carros, no Ohio, passaram a fazer-se vidros para automóveis, por mãos americanas e chinesas. E tudo o que parecia um sonho para os locais, que foram resgatados ao desemprego pela Fuyao, irá tornar-se um pequeno pesadelo, quando as condições à chinesa se impuserem à forma de fazer as coisas no ocidente. O horários contínuos, as pausas irrisórias e trabalho extraordinário não-remunerado levam à sublevação de alguns operários com a tentativa frustrada de formar um sindicato. Pelo meio, há vários momentos - divertidos, caricatos trágicos ou ingénuos - inerentes a um choque de culturas. E também surgem trabalhadores espiões e a figura sinistra de advogado de uma empresa subcontratada apenas para evitar a constituição de um sindicato. Fá-lo com meias palavras e aquela ligeira intimidação que faz os jovens repensar na vida e na carreira. O tom é o do ultracapitalismo e a palavra mais ouvida é lucro. A todo o custo.

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