A cabeça de lista do Livre pelo
distrito de Lisboa, Joacine Katar Moreira, defendeu hoje em Odivelas que quem
tem "um ordenado mínimo de 600 euros não tem opções", argumentando
que "não há vontade política" para o aumentar.
"Alguém com um ordenado
mínimo de 600 euros não tem opções. Não tem opções rigorosamente nenhumas. E
também um ordenado mínimo de 600 euros é o Estado a informar alguns indivíduos
de que não tem altas expectativas em relação a eles", disse à Lusa Joacine Katar Moreira,
à margem de uma ação de campanha do Livre em Odivelas, distrito de
Lisboa.
A candidata a deputada pelo
círculo de Lisboa considerou que um ordenado mínimo de 600 euros faz com que se
esteja "todos os meses com ansiedade enorme" para se sobreviver, e
significa "um empobrecimento dos cidadãos".
A candidata do Livre, partido que
propõe um aumento do salário mínimo para os 900 euros, considerou ainda que
"não há vontade política para o aumento do salário mínimo".
"Vão-se sempre encontrar,
obviamente, argumentos económicos e economicistas para se ir evitando
sucessivamente isto [o aumento do salário mínimo]. Isto obviamente porque a
nossa elite política tem relações com a nossa elite industrial, com a elite
financeira, e por aí fora", salientou a historiadora.
Joacine Katar Moreira
considera que nos últimos quatro anos de legislatura deixaram "as pessoas
em 'stand by' [espera]", mas reconheceu que "os últimos anos foram
essenciais" para a estabilização da economia e redução do endividamento.
Já Carlos Teixeira, número dois
da lista do Livre por Lisboa, lembrou que "três milhões e meio de
portugueses não estão na pobreza, mas não têm 500 euros no banco se tiverem de
fazer frente a uma emergência".
"Um terço da população
portuguesa vive, de facto, sob 'stress' permanente. E isto significa que se
nós, por exemplo, os convidarmos a optar por um alimento um bocadinho mais caro
mas mais sustentável, eles não podem tomar esta opção", referiu o
engenheiro ambiental.
Carlos Teixeira lembrou que o
'fast food' [comida rápida] é "muitas vezes aquilo que alguns setores da
população recorrem por ser um alimento mais barato", e questionou como é
possível uma transição ecológica e mudança nos padrões de consumo se não se
puder contar "com quase um terço da população portuguesa".
"Eu não tolero um
empobrecimento geral. Eu quero, de facto, que as pessoas com mais recursos
consumam menos e, se queremos que as pessoas com menos recursos consumam
melhor, temos que as ajudar", defendeu o número dois.
Depois de uma ação de
campanha com discursos dos candidatos, a comitiva do Livre seguiu pelas ruas de
Odivelas, onde Joacine Katar Moreira encontrou duas pessoas que
a interpelaram para elogiar a sua campanha.
Adalberto Fernandes confessou que
ainda estava indeciso, e que "como bom português" iria deixar a
decisão do seu voto para "a última hora", enquanto Rita Grácio apelidou
de "trabalho fantástico de campanha política" o da candidata, e
manifestou-se "muito feliz, como feminista, que estejam mulheres negras a
começar na vida política portuguesa", onde "as minorias estão
sub-representadas".
Notícias ao Minuto | Lusa
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