domingo, 29 de setembro de 2019

Portugal | Quem tem ordenado mínimo de 600 euros "não tem opções"


A cabeça de lista do Livre pelo distrito de Lisboa, Joacine Katar Moreira, defendeu hoje em Odivelas que quem tem "um ordenado mínimo de 600 euros não tem opções", argumentando que "não há vontade política" para o aumentar.

"Alguém com um ordenado mínimo de 600 euros não tem opções. Não tem opções rigorosamente nenhumas. E também um ordenado mínimo de 600 euros é o Estado a informar alguns indivíduos de que não tem altas expectativas em relação a eles", disse à Lusa Joacine Katar Moreira, à margem de uma ação de campanha do Livre em Odivelas, distrito de Lisboa.

A candidata a deputada pelo círculo de Lisboa considerou que um ordenado mínimo de 600 euros faz com que se esteja "todos os meses com ansiedade enorme" para se sobreviver, e significa "um empobrecimento dos cidadãos".

A candidata do Livre, partido que propõe um aumento do salário mínimo para os 900 euros, considerou ainda que "não há vontade política para o aumento do salário mínimo".

"Vão-se sempre encontrar, obviamente, argumentos económicos e economicistas para se ir evitando sucessivamente isto [o aumento do salário mínimo]. Isto obviamente porque a nossa elite política tem relações com a nossa elite industrial, com a elite financeira, e por aí fora", salientou a historiadora.


Joacine Katar Moreira considera que nos últimos quatro anos de legislatura deixaram "as pessoas em 'stand by' [espera]", mas reconheceu que "os últimos anos foram essenciais" para a estabilização da economia e redução do endividamento.

Já Carlos Teixeira, número dois da lista do Livre por Lisboa, lembrou que "três milhões e meio de portugueses não estão na pobreza, mas não têm 500 euros no banco se tiverem de fazer frente a uma emergência".

"Um terço da população portuguesa vive, de facto, sob 'stress' permanente. E isto significa que se nós, por exemplo, os convidarmos a optar por um alimento um bocadinho mais caro mas mais sustentável, eles não podem tomar esta opção", referiu o engenheiro ambiental.

Carlos Teixeira lembrou que o 'fast food' [comida rápida] é "muitas vezes aquilo que alguns setores da população recorrem por ser um alimento mais barato", e questionou como é possível uma transição ecológica e mudança nos padrões de consumo se não se puder contar "com quase um terço da população portuguesa".

"Eu não tolero um empobrecimento geral. Eu quero, de facto, que as pessoas com mais recursos consumam menos e, se queremos que as pessoas com menos recursos consumam melhor, temos que as ajudar", defendeu o número dois.

Depois de uma ação de campanha com discursos dos candidatos, a comitiva do Livre seguiu pelas ruas de Odivelas, onde Joacine Katar Moreira encontrou duas pessoas que a interpelaram para elogiar a sua campanha.

Adalberto Fernandes confessou que ainda estava indeciso, e que "como bom português" iria deixar a decisão do seu voto para "a última hora", enquanto Rita Grácio apelidou de "trabalho fantástico de campanha política" o da candidata, e manifestou-se "muito feliz, como feminista, que estejam mulheres negras a começar na vida política portuguesa", onde "as minorias estão sub-representadas".

Notícias ao Minuto | Lusa

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