A ministra dos Negócios
Estrangeiros da Guiné-Bissau, Suzi Barbosa, disse hoje que o crime organizado
continua a ser uma grande ameaça para o país e que procurar combatê-lo está a
levar a tentativas de desestabilização.
Falando na Assembleia Geral da ONU,
em Nova Iorque, nos Estados Unidos, a responsável lembrou as recentes
apreensões de cocaína para dizer que essas ações mexeram
profundamente "com as estruturas políticas que sustentam esses negócios,
sendo já visíveis e sentidos os ataques e tentativas desenfreadas de
comprometer o processo de governação para repor o quadro de instabilidade
favorável ao 'status quo' que vinha perdurando há algum tempo".
A Polícia Judiciária da
Guiné-Bissau apreendeu em março cerca de 800 quilos de cocaína e no
início de setembro voltou a fazer uma apreensão de quase duas
toneladas.
Esta semana, o Ministério Público
anunciou que acusou 12 pessoas e três empresas no âmbito da operação que
culminou com a apreensão da droga em Canchungo e Oio, no norte
do país.
Ao discursar no quinto dia
da 74.ª sessão da Assembleia Geral da ONU, a ministra lembrou as
apreensões, que demonstram "vontade política e determinação do Governo"
em combater "esse flagelo", e avisou que o crime organizado põe em
risco o esforço de estabilização.
"Sendo certo que não se
trata de um fenómeno nacional, é inquestionável o aproveitamento que as instâncias do
crime fazem da fragilidade do nosso Estado, envolvendo interesses locais bem
instalados", disse, apelando à comunidade internacional para o reforço dos
mecanismos de acompanhamento do processo político e o apoio das instituições
nacionais de segurança e justiça.
Suzi Barbosa começou por
falar da vontade política do Governo de Aristides Gomes no processo de
consolidação da paz e estabilização política, referiu "acordos sobre
reformas do Estado" e disse que há um "ambicioso programa" para
lutar contra a pobreza, promovendo a educação e apostando nos jovens e nas
mulheres, tendo a igualdade de género sido um dos temas constantes do seu
discurso.
"Sinais de esperança que não
iludem a condição de Estado institucionalmente frágil, pós conflito e com
parcos recursos financeiros. A Guiné-Bissau está em situação difícil e
complexa, com ameaças internas e externas, para a qual a assistência
internacional é chamada a exercer papel de estabilizadora", disse.
Reiterando os apelos ao
alargamento da composição do Conselho de Segurança da ONU, que a União
Africana já tinha feito, a ministra apelou ainda à comunidade internacional
para que garanta a operacionalidade da força conjunta internacional no Sahel,
e ao apoio financeiro e técnico para as eleições presidenciais de 24 de novembro.
Na última quarta-feira, Aristides
Gomes disse que a ação contra o narcotráfico é uma
contribuição do país para cortar as fontes de financiamento do terrorismo no Sahel.
O ministro dos Negócios
Estrangeiros de Portugal, Augusto Santos Silva, disse na sexta-feira à Lusa que
pediu condições de segurança para os militares portugueses no Sahel e
na República Centro-Africana (RCA), em reuniões de alto nível em que participou
nesta semana.
Santos Silva disse que a região
do Sahel representa "uma questão essencial de segurança para
Portugal" e que a prioridade para a região é garantir o apoio aos esforços
de combate ao terrorismo e a criação de uma força conjunta pelos cinco países
do Sahel (o chamado G5, constituído por Burkina Faso, Chade,
Mali, Mauritânia e Níger).
Augusto Santos Silva explicou que
Portugal "tem interesses diretos no Sahel" e
acrescentou que "basta pensar que países de língua portuguesa como a
Guiné-Bissau estão imediatamente a sul da região".
Notícias ao Minuto | Lusa
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