A câmara alta do Parlamento
britânico votou favoravelmente dar seguimento ao projeto de lei, que fora
aprovado por conservadores rebeldes e deputados da oposição na Câmara dos
Comuns (a câmara baixa) e que deverá aqui regressar até às 17:00 de
sexta-feira. O projeto de lei poderá ser novamente votado na segunda-feira e
submetido para aprovação real.
Câmara dos Lordes votou esta
madrugada a favor de fazer passar o projeto de lei Benn, contra um Brexit sem
acordo, por todas as etapas do Parlamento antes de este ser suspenso a pedido
do primeiro-ministro, Boris Johnson.
Por volta da 01:30, após um
debate pela noite dentro, a câmara alta do Parlamento britânico votou
favoravelmente dar seguimento ao projeto de lei, que fora aprovado por
conservadores rebeldes e deputados da oposição na Câmara dos Comuns (a câmara
baixa) e que deverá aqui regressar até às 17:00 de sexta-feira. Fica assim
descartada a hipótese de obstrução.
Em seguida, o projeto de lei
poderá ser novamente votado pelos deputados na segunda-feira e submetido para
aprovação real, relata o jornal “The Guardian”. A Câmara dos Lordes ainda deverá debater o
projeto de lei e as suas emendas esta quinta-feira.
DOIS DIAS, TRÊS DERROTAS PARA BORIS
JOHNSON NOS COMUNS
A 28 de agosto, Johnson pediu à
rainha Isabel II a suspensão do Parlamento e a monarca acedeu. À luz deste
pedido, os trabalhos parlamentares estariam encerrados entre a próxima
segunda-feira, 9 de setembro, e 14 de outubro, a data fixada para a
apresentação no Parlamento do programa de Governo para a próxima legislatura.
Em dois dias de revés para o
primeiro-ministro, Johnson sofreu esta quarta-feira a sua terceira derrota
consecutiva. Os deputados da Câmara dos Comuns aprovaram o projeto de lei do
trabalhista Hilary Benn. Com 329 votos a favor e 300 contra, na generalidade, e
327 a
favor e 299 contra na globalidade, o diploma passou para a Câmara dos Lordes,
que a discutiu e votou de madrugada.
Os deputados rejeitaram ainda a
proposta de Johnson para antecipar para 15 de outubro as eleições legislativas,
marcadas para 2022. O impasse no Reino Unido aprofunda-se, com um Governo
minoritário e sem eleições em perspetiva.
Na véspera, na primeira votação
que o seu Governo disputou nos Comuns, Johnson averbou uma pesada derrota. Com
328 votos a favor e 301 contra, os deputados aprovaram a realização, no dia
seguinte, do debate e votação de um projeto de lei que impede o Brexit sem
acordo e obriga o Governo, à falta de consenso com os 27, a pedir uma novo
adiamento da saída da União Europeia.
“TENTATIVA PATÉTICA DE BATER UM
RECORDE DO GUINNESS”
O líder do Partido Trabalhista,
Jeremy Corbyn, disse a Johnson que não aceitará novo ato eleitoral até o
projeto de lei receber o consentimento real. Para o primeiro-ministro, aquele
projeto de lei, que alguns temiam que pudesse ficar bloqueado nos Lordes, irá
“comprometer as negociações” de Londres com Bruxelas.
A líder da oposição trabalhista
na câmara alta, Angela Smith, descreveu as últimas horas nestes termos: “Foi
uma noite e tanto. Foi um longo debate e estou grata aos nobres Lordes por o
terem acompanhado. Isso mostra a importância do trabalho que fazemos mas também
do assunto que estamos a debater.”
Por sua vez, o líder dos Liberais
Democratas na Câmara dos Lordes, Richard Newby, mostrou-se satisfeito por já
não ter de usar o seu edredão na sala, escreve o “Guardian”: “Penso que
continuar durante mais 24 ou 48 horas, como temos feito numa tentativa patética
de bater um recorde mundial do Guinness, não faria bem a ninguém.”
Hélder Gomes | Expresso | Foto:
Mike Kemp / Getty Images
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