Manlio Dinucci*
Geoffrey R. Pyatt exerceu a
função de Embaixador dos EUA, na Ucrânia, de 2013 a 2016. Organizou com
Victoria Nuland, o golpe EuroMaidan. Nomeado por Barack Obama Embaixador dos
EUA, na Grécia, em 2016, elaborou um cisma dentro da Igreja Ortodoxa e agora está
encarregado de bloquear o fornecimento de gás natural russo à União Europeia.
O porto de Alexandrópolis, no
nordeste da Grécia, confinante com a Turquia e a Bulgária, está localizado no
mar Egeu, perto do Estreito de Dardanelos, que, ligando o Mediterrâneo e o Mar
Negro ao território turco, constitui uma rota de trânsito marítimo fundamental,
sobretudo para Rússia. Qual é a importância geoestratégica deste porto, que
Pyatt visitou, juntamente com o Ministro da Defesa grego, Nikolaos
Panagiotopoulos, explica a Embaixada dos EUA em Atenas: "O porto de
Alexandrópolis, graças à sua localização estratégica e infraestrutura, está bem
posicionado para apoiar exercícios militares na região, como demonstrado pelo recente
Sabre Guardian 2019 ".
O "investimento
estratégico", que Washington já está a realizar nas infraestruturas
portuárias, tem como objectivo tornar Alexandrópolis uma das bases militares
americanas mais importantes da região, capaz de bloquear o acesso dos navios
russos ao Mediterrâneo. Isto é possível pelas "relações militares
excepcionais" com a Grécia, que há muito tempo disponibilizam as suas
bases militares para os EUA: em particular Larissa, para os drones armados
Ripers e Stefanovikio para os caças F-16 e para os helicópteros Apache. Esta
última, que será privatizada, será comprado pelos EUA.
Sublinha, assim, a importância
assumida pela "geopolítica da energia", afirmando que
"Alexandrópolis tem um papel crucial na ligação da segurança energética e
na estabilidade na Europa". A Trácia Ocidental, a região grega onde o
porto está situado, é, de facto, "uma encruzilhada energética para a
Europa Central e Oriental". Para compreender o que o Embaixador significa,
basta lançar um olhar à carta geográfica.
A vizinha Trácia Oriental - ou
seja, a pequena parte europeia da Turquia - é o ponto em que chega,
depois de atravessar o Mar Negro, o gasoduto TurkStream vindo da Rússia, na
fase final da construção. A partir daqui, através de outro gasoduto, o gás
russo deve chegar à Bulgária, à Sérvia e a outros países europeus. É a
contramedida da Rússia ao movimento bem sucedido dos Estados Unidos que, com a
contribuição decisiva da Comissão Europeia, bloquearam, em 2014, o oleoduto
South Stream que deveria levar gás russo para a Itália e de lá, para outros
países da UE.
Os Estados Unidos tentam agora
bloquear também o oleoduto TurkStream, objectivo mais difícil, visto que entram
em jogo as relações, já deterioradas com a Turquia. Fazem-no na Grécia, a quem
fornecem quantidades crescentes de gás natural liquefeito como alternativa ao
gás natural russo. Não se sabe o que os Estados Unidos estão a preparar na
Grécia, também contra a China, que pretende fazer do Pireu um ponto de paragem
importante, na Nova Rota da Seda. Não seria surpreendente se, no modelo do
"Incidente do Golfo de Tonkin", se verificasse no Egeu, um
"Acidente de Alexandrópolis".
*Manlio Dinucci| Voltaire.net.org
|Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos | Fonte: il manifesto
*Manlio Dinucci - Geógrafo e
geopolitólogo. Livros mais recentes: Laboratorio
di geografia, Zanichelli 2014 ; Diario di
viaggio, Zanichelli 2017 ; L'arte
della guerra / Annali della strategia Usa/Nato 1990-2016, Zambon
2016, Guerra
Nucleare. Il Giorno Prima 2017; Diario di guerra Asterios
Editores 2018; Premio
internazionale per l'analisi geostrategica assegnato il 7 giugno 2019
dal Club dei
giornalisti del Messico, A.C.
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