O ministro dos Negócios
Estrangeiros chinês Wang Yi criticou ontem “a violência pura e simples” dos
manifestantes em Hong Kong, afirmando que foi “encorajada por forças
estrangeiras”, em entrevista à agência de notícias francesa AFP.
“O que se passa hoje em Hong Kong
não tem nada a ver com manifestações pacíficas. É violência pura e simples. São
actos inaceitáveis em qualquer país”, declarou o ministro dos Negócios
Estrangeiros chinês Wang Yi, evocando “manifestantes que atacam transeuntes”, a
polícia e “paralisam os transportes”.
O chefe da diplomacia chinesa
afirmou à AFP que “há forças estrangeiras que encorajam esse género de
violência nas ruas com o objectivo de desestabilizar Hong Kong, de semear o
caos (…) para destruir o progresso histórico alcançado com a aplicação da
política ‘um país, dois sistemas’”. “Posso dizer-vos que tais acções nunca
serão bem-sucedidas”, afirmou.
Wang Yi afirmou-se igualmente
convicto de que “o governo da região administrativa especial conseguirá
restabelecer a ordem social e o respeito pelo Estado de direito em conformidade
com a lei” e que, com o apoio de Pequim, Hong Kong “vai continuar a aplicar a
política de Um País, Dois Sistemas”. “Neste momento, o mais importante, e para
o que mais precisamos de apoio, é o fim da violência, restabelecer a ordem
económica e gerir os assuntos relacionados com o Estado de direito”, disse.
Wang Yi sublinhou que “nenhum descontentamento pode servir de pretexto para a
violência”.
O ministro dos Negócios
Estrangeiros chinês criticou ainda que “certos meios de comunicação social estrangeiros,
num desprezo total pela realidade, classifiquem essa violência de ‘movimento
democrático e pacífico’ e não hesitam em classificar a acção da polícia como
violenta”. “Se essas alegações podem ser entendidas como a realidade, como é
possível imaginar que ainda exista justiça no mundo?”, interrogou-se o ministro.
A contestação social que se vive
em Hong Kong desde o início de Julho foi desencadeada pela apresentação de uma
proposta de emendas à lei de extradição, que o Governo de Carrie Lam já retirou
formalmente, em resposta a uma das exigências apresentadas pelos manifestantes.
Contudo, os manifestantes continuam a exigir que o Governo responda a quatro
outras reivindicações: a libertação dos manifestantes detidos, que as acções
dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à
violência policial e, finalmente, a demissão da chefe de Governo e consequente
eleição por sufrágio universal para este cargo e para o Conselho Legislativo.
Ponto Final (Macau) | Lusa
| Imagem: EPA
Sem comentários:
Enviar um comentário