Candidato do PAIGC, Domingos
Simões Pereira, venceu as presidenciais sem os 50% + 1 para vencer à primeira
volta. Umaro Sissoco Embaló é o segundo mais votado. Os dois antigos
primeiros-ministros vão a votos em dezembro.
A 29 de dezembro, os guineenses
vão novamente às urnas para eleger o futuro chefe de Estado. Será a terceira
votação no país este ano. Os dois candidatos mais votados nas sétimas eleições
presidenciais realizadas na Guiné-Bissau, no passado domingo, dia 24, vão
disputar a segunda volta do pleito, para escolher o sucessor do Presidente
derrotado, José Mário Vaz (Jomav).
O líder do PAIGC e candidato
presidencial Domingos Simões Pereira obteve 222.870 votos, o
equivalente a 40,13%, contra os 153530 mil - 27,65% - de Umaro Sissoco
Embaló, terceiro vice-coordenador do MADEM-G15, de acordo com os resultados
provisórios divulgados nesta quarta-feira (27.11), pela Comissão Nacional de
Eleições (CNE). Os dados apontam ainda para uma abstenção acima dos 25%.
Os dois candidatos, antigos
primeiros-ministros na era Jomav Presidente, tiveram apoios dos dois partidos
mais votados nas eleições legislativas de 10 de março último, o PAIGC, no
poder, e o, MADEM-G15, líder da oposição. O MADEM é um partido criado por
dissidentes do PAIGC em divergência com a direção de Simões Pereira.
Mais de 760.000 guineenses foram
chamados no domingo às urnas para eleger o próximo Presidente da Guiné-Bissau,
entre 12 candidatos. As eleições foram consideradas pelas missões de
observadores nacionais e internacionais com livres, justas e transparentes. O
ato da votação decorreu sem incidentes e com elevado nível de civismo - a chave
do sucesso eleitoral, disse à DW África o sociólogo Miguel de Barros. "O
carisma dos candidatos vai decidir a segunda volta", nota.
De acordo com os dados da CNE,
DSP ganhou na capital guineense, setor autónomo de Bissau, na região de Biombo,
Oio, Bolama-Bijagós, Quinará, Tombali e obteve também o maior número de votos
na diáspora. Sissoco venceu nas regiões de Gabú e Bafatá, enquanto que José
Mário Vaz apenas venceu em Cacheu, região aonde nasceu. Para vencer na primeira
volta, o candidato precisa recolher 50% dos votos + 1.
Estas eleições são tidas como
cruciais para a estabilização política e governativa de um país que, em cinco
anos, teve sete governos e nove primeiros-ministros, a maioria nomeado à margem
da Constituição da República, salientam analistas guineenses.
Um duelo entre ex-chefes de
Governo
Domingos Simões Pereira, de 56
anos, mestre em Engenharia Civil e doutorado em Ciências Políticas e Relações
Internacionais, já passou por vários cargos em diversos executivos guineenses e
organizações internacionais. Em 2002, detinha a pasta do Equipamento Social no Executivo
de Mário Pires, passando depois a ministro das Obras Públicas e Urbanismo, no
Governo de Carlos Gomes Júnior, de 2004 a 2005. Em 2006, foi conselheiro do
primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Aristides Gomes, e, ao mesmo tempo,
secretário-geral da Caritas do país.
Antigo secretário executivo da
CPLP (2008-2012), foi eleito duas vezes presidente do PAIGC. DSP, que concorre
pela primeira vez à Presidência da República, foi agraciado com a Grã-Cruz da
Ordem Infante D.Henrique em 2012, pelo antigo Presidente de Portugal, Aníbal
Cavaco Silva. Depois da vitória do PAIGC nas legislativas de 2014, foi nomeado
primeiro-ministro do país e formou um Governo de Inclusão com os partidos da
oposição. Enquanto presidente do PAIGC, ganhou duas legislativas e foi
arredado do poder pelo Presidente cessante, José Mário Vaz.
Por sua vez, com a patente de
Major-general, na reserva, Umaro Sissoco Embaló disputa a Presidência guineense
pela primeira vez, com 47 anos de idade. O terceiro vice-coordenador do
MADEM foi
primeiro-ministro do país em novembro de 2016, na sequência da grave
crise política que se vivia na altura.
Sob mediação da Comunidade
Economica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), as partes assianaram o
chamado Acordo de Conacri. O nome de Sissoco estava entre os três propostos
pelo Presidente, José Mário Vaz, para o cargo do primeiro-ministro. O seu
Governo viria a durar um ano e meio. Nas últimas legislativas, é eleito
deputado da nação, no círculo 12, na região de Gabú, leste do país. Sissoco diz
ser conselheiro de vários chefes de Estado de África e dono de uma boa relação
com os líderes mundiais.
Derrotas pesadas
De acordo com os resultados divulgados
pela Comissão Nacional de Eleições, Nuno Nabiam, que perdeu a segunda volta das
presidenciais de 2014 para o Presidente cessante, José Mário Vaz, surge, desta
vez, como o quarto candidato mais votado, com 13,16% dos votos.
O líder do APU-PDGB concorreu com
o apoio do Partido da Renovação Social (PRS), a terceira força política no
Parlamento. Nas legislativas, o APU elegeu quatro deputados e aliou-se ao PAIGC
para formação de um Governo de coligação liderado por Aristides Gomes, do
PAIGC.
A direção superior do PAIGC já
solicitou apoio do APU para a derradeira segunda volta, mas ainda não obteve um
resposta. Os dois outros antigos primeiros-ministros, Carlos Gomes Júnior, com
2,66%, e Baciro Djá, com 1,28%, ficaram aquém das expetativas na votação, bem
como o antigo chefe das Forças Armadas, António Afonso Té, que não passou dos
0,19%.
Braima Darame | Deutsche Welle
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