Manifesto assinado por mais de 11
mil cientistas pede mudanças radicais para reduzir fatores que contribuem para
alterações do clima. "Declaramos inequivocamente que a Terra está
enfrentando uma emergência climática."
Mais de 11 mil cientistas de 153
países advertiram em um manifesto que a humanidade corre o risco de passar por
um "sofrimento sem precedentes" se não forem colocadas em prática
mudanças radicais para reduzir os fatores que contribuem para as alterações
climáticas.
"Declaramos claramente e
inequivocamente que a Terra está enfrentando uma emergência climática",
diz o texto, publicado nesta terça-feira (05/11) na revista BioScience.
"Para garantir um futuro sustentável, precisamos mudar a forma como
vivemos. Isso implica grandes transformações na maneira como nossa sociedade
global funciona e interage com os ecossistemas naturais."
Os cientistas ainda afirmam que
não há tempo a perder. "A crise climática chegou e está se acelerando mais
rapidamente do que muitos cientistas esperavam. É mais grave do que o previsto,
ameaçando os ecossistemas naturais e o destino da humanidade."
De acordo com o documento, os
cientistas analisaram informações recolhidas e publicadas ao longo de mais de
40 anos sobre o uso de energia, registros de temperaturas na superfície da
Terra, crescimento populacional, desmatamento, perda de calotas polares, índices
de fertilidade, emissões de dióxido de carbono e produto interno bruto das
nações.
A publicação coincide com o
aniversário de 40 anos da primeira Conferência sobre Alterações Climáticas,
realizada em Genebra, na Suíça, em 1979. Desde então, cientistas que participam
de conferências semelhantes vêm alertando sobre a ameaça da mudança climática e
advertindo governos e empresas sobre a necessidade de tomar medidas para
moderá-la.
"Os cientistas têm a
obrigação moral de alertar a humanidade sobre qualquer grande ameaça. Com base
nas informações que temos, fica claro que enfrentamos uma emergência
climática", disse Thomas Newsome, da Universidade de Sydney, na Austrália,
um dos autores do manifesto.
O artigo ainda inclui indicadores
que os pesquisadores descrevem como "sinais vitais" relacionados a
essa mudança, bem como as áreas que requerem ação global imediata.
Alguns desses indicadores de
atividade humana são positivos, como a crescente incorporação de fontes de
energia renováveis, mas a maioria dos indicadores pinta um cenário sombrio,
incluindo a crescente população de animais para consumo humano, perda de
florestas e emissões de dióxido de carbono.
Os autores expressaram sua
esperança de que esses "sinais vitais" sirvam como guia para
governos, setor privado e público em geral para que seja entendida "a
magnitude da crise" e para que sejam monitorados "os progressos
alcançados" e reorganizadas "as prioridades para mitigar as
alterações climáticas".
Os cientistas signatários
enfatizaram seis objetivos: reforma do setor de energia, redução de poluentes
no curto prazo, restauração de ecossistemas, otimização do sistema alimentar,
estabelecimento de uma economia livre de dióxido de carbono e uma população
humana estável.
Apesar da amplitude de suas
preocupações e da magnitude dos esforços que reivindicam, os cientistas
expressaram certo otimismo ao mencionarem "um aumento recente na atenção
para este problema".
"Agências de vários governos
fazem declarações de emergência climática, há greves de crianças em idade
escolar, tribunais movem ações judiciais por danos ambientais, movimentos de
cidadãos exigem mudanças, e muitos países, estados, províncias, cidades e
empresas estão respondendo", concluem.
Deutsche Welle | JPS/lusa/ots
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