Paulo Baldaia | Jornal
de Notícias | opinião
Atraída pelo fator novidade e
pelo pitoresco, a Comunicação Social tem dado uma atenção desmesurada aos
partidos que elegeram apenas um deputado.
É pelo que vestem, é pelas
fotografias que tiram, é pela gaguez que comunicam, é pelo líder que se foi
embora porque elegeram outro e não a ele para o Parlamento, é pelo ostracismo a
que todos os partidos votaram o extremista de Direita e é pela contradição do
político e do doutorando. É por qualquer coisa, porque qualquer coisa tem de
servir para tirar o país mediático da modorra política em que caiu ao descobrir
que, afinal, há um partido que pode governar como se tivesse maioria absoluta.
Há quatro anos descobrimos que é
possível governar sem ganhar eleições, agora que é possível controlar uma
maioria parlamentar sem ter metade dos deputados mais um, nem fazer acordos. O
arco do poder, alargado ao PCP e BE, perdeu interesse e espaço nos média. O
futuro próximo está escrito, os orçamentos de 2020 e 2021 estão dados como
aprovados, não se adivinham discussões políticas para mudar estruturalmente o
país. Assim sendo, dão-se vivas aos populismos.
Os que chegaram saúdam a
Comunicação Social, fazem tudo para chamar a sua atenção e a Comunicação Social
agradece, porque o populismo vende. Claro, se rende votos, tem de render
audiências. Quem diz o que o povo quer ouvir contra os "interesses instalados",
é sucesso garantido.
E os interesses instalados podem
ser os partidos que não aceitam reduzir os impostos a um nível que garanta a
ineficácia do Estado. Ou os que não trabalham e querem viver à conta dos
impostos que os outros pagam. Ou os homens brancos que oprimem todas as
minorias. Ou as minorias que oprimem a maioria. Há mercado para todos, o povo é
muito diverso. Aí estão as primeiras sondagens a comprovar que os populistas, à
Direita e à Esquerda, com preciosa ajuda, estão a fazer o caminho como estava
previsto. Livre e Chega já valem o dobro em intenções de voto, apenas um mês
depois de terem acesso quase diário a todos os canais de televisão.
*Jornalista
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