Chuva e frio é o que não falta em
Portugal. Até que enfim. Vem aí tempestade com vento forte. Uma tempestadezinha
também fazia falta por cá. O mau hálito dos que tanto falam por cá empesta o ar
que respiramos. A tempestade limpa o ambiente. Que maravilha, serão os odores da
natureza verde e revigorante a prevalecer...
Dizem, por exemplo, os dos maus
hálitos: “Ah, e tal, Salário Mínimo Nacional aumentado, que bom. Grande
governo, maravilha de patrões e de sindicatos.” Francamente, um euro por dia de
aumento, 31 e uns tostões no final do mês… Aumento? Uma esmola. Malvado cheiro a bedum,
desses. Os das esmolas, que esbanjam milhares de milhões aos das suas castas. Milhares de milhões... de todos, só para alguns.
Outra: Que prevalecem as diferenças nas políticas
de saúde para ricos e para pobres. E é constatável todos os dias, a toda a
hora. Mas os portadores de halitoses graves e fedorentas respondem: “Não, nem
pensar. A saúde dos portugueses é uma das prioridades dos governos e também do
atual do Costa & Companhia.” Mentira. As desigualdades florescem aqui e ali,
acrescentando-se às anteriores. Mais que muitas. Inadmissíveis. Antidemocráticas.
Ainda outra: Crianças de rua. A miséria prevalece a reboque da indiferença e da inexistência de prevenção, substituída por esmolas - para que não se diga que nada fazem. Uma pobreza, retrato das elites desta fossa lusa.
Há mais. Muitas mais, coisas lusas...
Bom dia, a seguir vai acontecer o
Expresso Curto. De pobreza, na nossa opinião. Por vezes acontece aos melhores
jornalistas darem de caras com temas de pobreza. A dependência de acontecimentos é o que dá. Não que os diferentes e ricos de humanidade não
aconteçam. Só que nem sempre são considerados acontecimentos de interesse para
o sistema neoliberal global que nos coarta o enriquecimento do conhecimento… Porque
sim. Porque alguém imagina que é o que convém.
"Eles" passeiam. Indiferentes às pobrezas dos reféns em Portugal...
Siga para o Curto Pobre… Sem direito
a esmola. Até porque esmola não é futuro e é o que mais vimos acontecer em Portugal e no mundo neoliberal, a roçar o fascismo em tantas situações, opções e atitudes.
SC | PG
Bom dia este é o seu Expresso
Curto
Patrão fora, dia frio na loja
Ricardo Marques | Expresso
Não sei se já reparou, mas estamos
por nossa conta. O Presidente da República não está, o primeiro-ministro vai
para fora e até o ministro dos Negócios Estrangeiros anda em viagem
por terras distantes.
Olhando pela janela, quem os pode
censurar? Está frio, vento, chove e neva, e o mar ameaça entrar pela
terra dentro. O quintal não está bonito e
é preciso ter cuidado na estrada.
Augusto Santos Silva participou
numa conferência internacional em Nairobi e aproveitou para encontros com
empresários portugueses e para uma palestra na universidade da capital
queniana. (Dois caminhos para ler a atualidade no Quenia: The Star e Nation)
Marcelo Rebelo de Sousa está
em Paris e vai discursar esta tarde na Academia Francesa, numa
sessão à porta fechada, para falar das “riquezas das línguas e das letras”
portuguesa e francesa. (Mais dois jornais, agora franceses: Le Monde e Libération)
António Costa encontra-se em
visita oficial à Suécia e tem um jantar marcado com o seu homólogo sueco, Stefan
Lofven. (Os últimos dois jornais, na língua natal: este e este).
O jantar é na Rua Rodbodgatan, número 6, Estocolmo, às 19h30, caso esteja
por perto…
Provavelmente não está. E
como o jogo da selecção é só à noite (19h45, lá chegaremos), aposto
que vai andar o dia inteiro a pensar em ontem. Há quem lhe tenha chamado “o
primeiro debate parlamentar com todos”, mas também se aceita “a estreia
parlamentar dos minuto-e-meio”. Tem aqui um excelente
resumo da jornada de trabalho no Parlamento, em que ninguém achou
interessante falar daquele problema de alguns não quererem deixar
falar os outros.
Um dos temas do dia foi a atualização
do salário mínimo, com amor e justiça à mistura. Falhada a Concertação
Social, prevaleceu a decisão do Governo. Contas feitas, como se
costuma dizer, serão 635 euros - o
que significa mais 31,15 euros líquidos por mês.
Os chumbos, ou a ausência deles,
foi o outro grande assunto que ocupou a recém-eleita Assembleia. A
oposição fala de facilitismo, o Governo responde que a retenção não
favorece o sucesso educativo.
Parece que estamos a caminhar
para um sistema em que os miúdos, estudem muito pouco ou nada, com mais ou
menos apoio, passam todos até ao nono ano. A seguir, também passam… três
anos a estudar, como se não houvesse amanhã, para conseguir entrar na faculdade.
A vida das criaturas mais
pequenas não está fácil.
Outras notícias
Na eventualidade de ser sujeito
a um teste surpresa sobre os principais temas e assuntos da atualidade,
e para que não fique retido e possa transitar tranquilamente para a
sexta-feira, fica esta pequena cábula.
Após semanas consecutivas de
urgências fechadas no Hospital Garcia de Orta, a ministra da Saúde
recebe esta tarde a presidente da Câmara Municipal de Almada. O caso vai
também chegar
ao Parlamento em breve.
A Black Friday está aí
à porta. Quase. De qualquer modo, nunca é demasiado cedo para conhecer os seus
direitos. Pode ler aqui no Expresso alguns
conselhos e alertas para os dias de descontos.
Paulo Macedo prepara-se para
dar €500 milhões a Mário Centeno só em remuneração acionista. Eis
o que a Caixa Geral de Depósitos vai pagar ao Estado. Jáo
Ainda sobre o caso, conhecido
ontem, da miúda de 13 anos que foi impedida de participar num jogo de
basquetebol (esta é
a história e aqui está
a resposta da Federação Portuguesa de Basquetebol), atrevo-me a
sugerir um artigo sobre
uma campanha da Nike na Alemanha, escrito num jornal francês por uma
correspondente que admite que em França dificilmente seria possível, sobre os muçulmanos no desporto.
O telemóvel está a funcionar
bem? Está? Ainda bem. Há umas semanas não estava assim, pois não? Ainda se
lembra do apagão das redes? Tire dois minutos e 59 segundos para saber
tudo sobre o que aí vem no universo telemóvel.
Numa breve passagem de olhos
pelos jornais, é possível ficar a saber que os portugueses estão a
consumir menos bebidas com açúcar (JN), que Portugal vai construir um
comboio (Público) e que foi encontrado um raro esqueleto de
dinossauro na Amadora (estava num laboratório do LNEG). O DN diz que “Há
doentes que morrem antes de serem chamados para juntas médicas” e o
Correio da Manhã assegura que o “Governo trava novos médicos e enfermeiros”.
Arranca hoje uma petição
pública que exige a remoção
total do amianto das escolas.
A violência está a aumentar
em Gaza, tendo
sido registados 26 mortos em dois dias de ataques israelitas na
região.
Nos Estados Unidos da América, o
impeachment de Donald Trump está, digamos, em curso. O primeiro
dia de audições não correu bem para
o inquilino da Casa Branca. Assunto para continuar a seguir.
Entretanto, Donald tem um novo amigo. Chama-se
Erdogan.
Tensão em Moçambique, com a
Renamo a ameaçar não aceitar o resultado das eleições do. mês passado. Depois
do acordo de paz assinado em agosto, Renamo e Frelimo parecem
estar de novo
em rota de colisão, com trocas de acusações violentas.
Há sinais
de divisão na Igreja Católica. Em causa estão algumas decisões tomadas
no Sínodo dos Bispos sobre a Amazónia, que não caíram bem nos setores mais
conservadores.
A Dinamarca repôs os controlos
na fronteira com a Suécia, em Hong Kong as escolas
estão fechadas e a violência
na Bolívia já fez oito mortos.
Segue a saga de Jesus no
Brasil. O Flamengo marcou cedo, sofreu dois, voltou a marcar antes
do intervalo, sofreu logo a começar a segunda parte, e voltou a marcar e marcou mais
uma vez e depois sofreu … (Sugestão de questão para o exame de
matemática do 9.º ano: quantos golos foram?) Sim, foi isto, foi cansativo só
de ver, mas foi muito mais, como vai perceber se seguir para este
artigo especial da Tribuna.
A selecção joga logo à noite no
Algarve contra a Lituânia, à
procura de uma vitoria que garanta que é preciso ganhar no jogo a
seguir para garantir que há maneira de ir ao Europeu defender o título
conquistado há quatro anos…
Sem querer voltar ao assunto dos
chumbos, ou da ausência deles, começa hoje em Dallas, nos US of A, uma conferência internacional de pessoas
que acreditam que a Terra é plana. Segundo consta, haverá palestras sobre o Espaço
ser falso, sobre a descrição bíblica do planeta e sobre as inconsistências
da NASA.
Isto no preciso dia em que passam 50
anos da Missão
Apolo 12 e 25 anos da primeira
viagem de comboio no Eurotunel. Voamos para longe da Terra, cavamos bem
fundo na sua superfície e, ainda assim, não acreditamos.
Mas se daqui a pouco alguém
lhe contar que pode falar com o telefone e com os electrodomésticos lá de
casa, em português… bom, nisso pode acreditar. A Google tem
novidades…
Morreu Manuel
Jorge Veloso, músico, compositor e crítico de jazz
Frases
”Será no Norte… Será no Norte do
país”, João Galamba, secretário de Estado da Energia, em entrevista à SIC,
sobre a cidade portuária portuguesa onde irá funcionar uma futura refinaria de
lítio, cuja instalação, segundo o governante, está a ser discutida com varias
empresas europeias
“Política sem amor é comércio”,
Joacine Katar Moreira, deputada do Livre, sobre o salário mínimo nacional
O que ando a ler
Este Expresso Curto apanhou-me
num daqueles dias de começo de livro. O exemplar em causa, acabado de
chegar à mesa, é “Política para Perplexos”, do filósofo espanhol Daniel
Innerarity. Promete ser uma espécie de mapa para os dias que vivemos, num
mundo cada vez mais complexo e, de certo modo, distante.
“A perplexidade é uma situação
própria das sociedades em que o horizonte do possível se abriu tanto que os
nossos cálculos acerca do futuro são especialmente incertos”, lê-se, na
lombada.
No prefácio, Francisco José
Viegas termina com uma história que, garante, ilustra bem o comportamento de
Daniel Innerarity perante “a chamada espuma dos dias”: a melhor forma de nos
aproximar-mos da realidade é manter uma distância segura.
Fique um pouco mais longe para
ficar mais muito mais perto. Fique com o Expresso.
Tenha uma excelente
quinta-feira. E tenha cuidado lá fora.
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um/a amigo/a
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