quinta-feira, 14 de novembro de 2019

Portugal dos pobrezinhos. Sem direito a esmola…


Chuva e frio é o que não falta em Portugal. Até que enfim. Vem aí tempestade com vento forte. Uma tempestadezinha também fazia falta por cá. O mau hálito dos que tanto falam por cá empesta o ar que respiramos. A tempestade limpa o ambiente. Que maravilha,  serão os odores da natureza verde e revigorante a prevalecer...

Dizem, por exemplo, os dos maus hálitos: “Ah, e tal, Salário Mínimo Nacional aumentado, que bom. Grande governo, maravilha de patrões e de sindicatos.” Francamente, um euro por dia de aumento, 31 e uns tostões no final do mês… Aumento? Uma esmola. Malvado cheiro a bedum, desses. Os das esmolas, que esbanjam milhares de milhões aos das suas castas. Milhares de milhões... de todos, só para alguns.

Outra: Que prevalecem as diferenças nas políticas de saúde para ricos e para pobres. E é constatável todos os dias, a toda a hora. Mas os portadores de halitoses graves e fedorentas respondem: “Não, nem pensar. A saúde dos portugueses é uma das prioridades dos governos e também do atual do Costa & Companhia.” Mentira. As desigualdades florescem aqui e ali, acrescentando-se às anteriores. Mais que muitas. Inadmissíveis. Antidemocráticas.

Ainda outra: Crianças de rua. A miséria prevalece a reboque da indiferença e da inexistência de prevenção, substituída por esmolas - para que não se diga que nada fazem. Uma pobreza, retrato das elites desta fossa lusa.

Há mais. Muitas mais, coisas lusas...

Bom dia, a seguir vai acontecer o Expresso Curto. De pobreza, na nossa opinião. Por vezes acontece aos melhores jornalistas darem de caras com temas de pobreza. A dependência de acontecimentos é o que dá. Não que os diferentes e ricos de humanidade não aconteçam. Só que nem sempre são considerados acontecimentos de interesse para o sistema neoliberal global que nos coarta o enriquecimento do conhecimento… Porque sim. Porque alguém imagina que é o que convém.

"Eles" passeiam. Indiferentes às pobrezas dos reféns em Portugal...

Siga para o Curto Pobre… Sem direito a esmola. Até porque esmola não é futuro e é o que mais vimos acontecer em Portugal e no mundo neoliberal, a roçar o fascismo em tantas situações, opções e atitudes.

SC | PG



Bom dia este é o seu Expresso Curto

Patrão fora, dia frio na loja

Ricardo Marques | Expresso

Não sei se já reparou, mas estamos por nossa conta. O Presidente da República não está, o primeiro-ministro vai para fora e até o ministro dos Negócios Estrangeiros anda em viagem por terras distantes.

Olhando pela janela, quem os pode censurar? Está frio, vento, chove e neva, e o mar ameaça entrar pela terra dentro. O quintal não está bonito e é preciso ter cuidado na estrada.

Augusto Santos Silva participou numa conferência internacional em Nairobi e aproveitou para encontros com empresários portugueses e para uma palestra na universidade da capital queniana. (Dois caminhos para ler a atualidade no Quenia: The Star Nation)

Marcelo Rebelo de Sousa está em Paris e vai discursar esta tarde na Academia Francesa, numa sessão à porta fechada, para falar das “riquezas das línguas e das letras” portuguesa e francesa. (Mais dois jornais, agora franceses: Le Monde Libération)

António Costa encontra-se em visita oficial à Suécia e tem um jantar marcado com o seu homólogo sueco, Stefan Lofven. (Os últimos dois jornais, na língua natal: este e este). O jantar é na Rua Rodbodgatan, número 6, Estocolmo, às 19h30, caso esteja por perto…

Provavelmente não está. E como o jogo da selecção é só à noite (19h45, lá chegaremos), aposto que vai andar o dia inteiro a pensar em ontem. Há quem lhe tenha chamado “o primeiro debate parlamentar com todos”, mas também se aceita “a estreia parlamentar dos minuto-e-meio”. Tem aqui um excelente resumo da jornada de trabalho no Parlamento, em que ninguém achou interessante falar daquele problema de alguns não quererem deixar falar os outros.

Um dos temas do dia foi a atualização do salário mínimo, com amor e justiça à mistura. Falhada a Concertação Social, prevaleceu a decisão do Governo. Contas feitas, como se costuma dizer, serão 635 euros - o que significa mais 31,15 euros líquidos por mês.

Os chumbos, ou a ausência deles, foi o outro grande assunto que ocupou a recém-eleita Assembleia. A oposição fala de facilitismo, o Governo responde que a retenção não favorece o sucesso educativo.

Parece que estamos a caminhar para um sistema em que os miúdos, estudem muito pouco ou nada, com mais ou menos apoio, passam todos até ao nono ano. A seguir, também passam… três anos a estudar, como se não houvesse amanhã, para conseguir entrar na faculdade.

A vida das criaturas mais pequenas não está fácil.

Outras notícias

Na eventualidade de ser sujeito a um teste surpresa sobre os principais temas e assuntos da atualidade, e para que não fique retido e possa transitar tranquilamente para a sexta-feira, fica esta pequena cábula.

Após semanas consecutivas de urgências fechadas no Hospital Garcia de Orta, a ministra da Saúde recebe esta tarde a presidente da Câmara Municipal de Almada. O caso vai também chegar ao Parlamento em breve.

A Black Friday está aí à porta. Quase. De qualquer modo, nunca é demasiado cedo para conhecer os seus direitos. Pode ler aqui no Expresso alguns conselhos e alertas para os dias de descontos.

Paulo Macedo prepara-se para dar €500 milhões a Mário Centeno só em remuneração acionista. Eis o que a Caixa Geral de Depósitos vai pagar ao Estado. Jáo

Ainda sobre o caso, conhecido ontem, da miúda de 13 anos que foi impedida de participar num jogo de basquetebol (esta é a história e aqui está a resposta da Federação Portuguesa de Basquetebol), atrevo-me a sugerir um artigo sobre uma campanha da Nike na Alemanha, escrito num jornal francês por uma correspondente que admite que em França dificilmente seria possível, sobre os muçulmanos no desporto.

O telemóvel está a funcionar bem? Está? Ainda bem. Há umas semanas não estava assim, pois não? Ainda se lembra do apagão das redes? Tire dois minutos e 59 segundos para saber tudo sobre o que aí vem no universo telemóvel.

Numa breve passagem de olhos pelos jornais, é possível ficar a saber que os portugueses estão a consumir menos bebidas com açúcar (JN), que Portugal vai construir um comboio (Público) e que foi encontrado um raro esqueleto de dinossauro na Amadora (estava num laboratório do LNEG). O DN diz que “Há doentes que morrem antes de serem chamados para juntas médicas” e o Correio da Manhã assegura que o “Governo trava novos médicos e enfermeiros”.

Arranca hoje uma petição pública que exige a remoção total do amianto das escolas.

A violência está a aumentar em Gaza, tendo sido registados 26 mortos em dois dias de ataques israelitas na região.

Nos Estados Unidos da América, o impeachment de Donald Trump está, digamos, em curso. O primeiro dia de audições não correu bem para o inquilino da Casa Branca. Assunto para continuar a seguir. Entretanto, Donald tem um novo amigo. Chama-se Erdogan.

Tensão em Moçambique, com a Renamo a ameaçar não aceitar o resultado das eleições do. mês passado. Depois do acordo de paz assinado em agosto, Renamo e Frelimo parecem estar de novo em rota de colisão, com trocas de acusações violentas.

Há sinais de divisão na Igreja Católica. Em causa estão algumas decisões tomadas no Sínodo dos Bispos sobre a Amazónia, que não caíram bem nos setores mais conservadores.

A Dinamarca repôs os controlos na fronteira com a Suécia, em Hong Kong as escolas estão fechadas e a violência na Bolívia já fez oito mortos.

Segue a saga de Jesus no Brasil. O Flamengo marcou cedo, sofreu dois, voltou a marcar antes do intervalo, sofreu logo a começar a segunda parte, e voltou a marcar e marcou mais uma vez e depois sofreu … (Sugestão de questão para o exame de matemática do 9.º ano: quantos golos foram?) Sim, foi isto, foi cansativo só de ver, mas foi muito mais, como vai perceber se seguir para este artigo especial da Tribuna.

A selecção joga logo à noite no Algarve contra a Lituânia, à procura de uma vitoria que garanta que é preciso ganhar no jogo a seguir para garantir que há maneira de ir ao Europeu defender o título conquistado há quatro anos…

Sem querer voltar ao assunto dos chumbos, ou da ausência deles, começa hoje em Dallas, nos US of A, uma conferência internacional de pessoas que acreditam que a Terra é plana. Segundo consta, haverá palestras sobre o Espaço ser falso, sobre a descrição bíblica do planeta e sobre as inconsistências da NASA.

Isto no preciso dia em que passam 50 anos da Missão Apolo 12 e 25 anos da primeira viagem de comboio no Eurotunel. Voamos para longe da Terra, cavamos bem fundo na sua superfície e, ainda assim, não acreditamos.

Mas se daqui a pouco alguém lhe contar que pode falar com o telefone e com os electrodomésticos lá de casa, em português… bom, nisso pode acreditar. A Google tem novidades…

Morreu Manuel Jorge Veloso, músico, compositor e crítico de jazz

Frases

”Será no Norte… Será no Norte do país”, João Galamba, secretário de Estado da Energia, em entrevista à SIC, sobre a cidade portuária portuguesa onde irá funcionar uma futura refinaria de lítio, cuja instalação, segundo o governante, está a ser discutida com varias empresas europeias

“Política sem amor é comércio”, Joacine Katar Moreira, deputada do Livre, sobre o salário mínimo nacional

O que ando a ler

Este Expresso Curto apanhou-me num daqueles dias de começo de livro. O exemplar em causa, acabado de chegar à mesa, é “Política para Perplexos”, do filósofo espanhol Daniel Innerarity. Promete ser uma espécie de mapa para os dias que vivemos, num mundo cada vez mais complexo e, de certo modo, distante.

“A perplexidade é uma situação própria das sociedades em que o horizonte do possível se abriu tanto que os nossos cálculos acerca do futuro são especialmente incertos”, lê-se, na lombada.

No prefácio, Francisco José Viegas termina com uma história que, garante, ilustra bem o comportamento de Daniel Innerarity perante “a chamada espuma dos dias”: a melhor forma de nos aproximar-mos da realidade é manter uma distância segura.

Fique um pouco mais longe para ficar mais muito mais perto. Fique com o Expresso.

Tenha uma excelente quinta-feira. E tenha cuidado lá fora.

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