É uma aberração o que acontece
hoje com as populações nativas no Brasil. Estão matando suas lideranças
sumariamente. Assassinaram neste ano sete representantes qualificados dessas
comunidades, gente da linha de frente na defesa de suas culturas.
Segundo a Comissão
Pastoral da Terra (CPT), das 27 pessoas que morreram em 2019 no País por causa
de conflitos no campo, sete eram líderes indígenas — é o maior número desde
2008. No ano passado, duas pessoas nessas condições foram assassinadas. Há um
ambiente de permissividade crescente estimulado pelo governo de Jair Bolsonaro,
que favorece atos de violência contra povos vulneráveis e empodera garimpeiros,
madeireiros e grileiros interessados em explorar as riquezas das reservas
indígenas.
Com a Funai e o Ibama desmantelados
e o discurso de ódio às minorias prosperando, a estrutura de defesa dos
territórios indígenas perdeu qualquer capacidade dissuasiva. Na visão de
Bolsonaro, essas reservas ameaçam a soberania e são ocupadas por pessoas sem
compromissos com a nacionalidade. É melhor deixar a terra nas mãos de
destruidores brancos do que com os povos autóctones. Para Bolsonaro, os
indígenas são adversários da civilização e gente não confiável. Promove-se a
cultura do vale tudo para combater um adversário frágil e incapaz de reagir aos
ataques desenfreados.
Especialmente fustigado está
sendo o grupo Guajajara, no Maranhão. Dois índios da etnia, Raimundo e Firmino
Guajajara, morreram baleados. Outros quatro ficaram feridos em um atentado
cometido sábado 7, na BR-226, em Jenipapo dos Vieiras, a 500 quilômetros de São
Luís. No mesmo dia, morria em um hospital de Manaus, o ativista Humberto Lemos,
da etnia tuyuca, agredido a pauladas na segunda-feira 2. O ministro da Justiça,
Sergio Moro, determinou o envio da Força Nacional para o Maranhão para proteger
os guajajaras. É uma medida de proteção reativa, que pode ajudar a controlar a
situação local, mas não toca na raiz do problema. A defesa dos indígenas requer
medidas preventivas e de repressão aos seus algozes.
De uma hora para outra, o Estado
brasileiro não só deixou de proteger as populações nativas como virou um agente
promotor de agressões. O presidente Bolsonaro tem repetido que os indígenas já
têm muita terra e que atrapalham o progresso do Brasil. Para ele, tratam-se de
usurpadores. Existem hoje 800 mil indígenas no País. Pelo andar da carruagem,
estão todos seriamente ameaçados por um governo, que mostra grande disposição
para aniquilar culturas tradicionais e abrir caminho para um progresso doentio.
O ódio ao indígena é uma doença.
Com Funai e Ibama desmanteladas e
o discurso de desprezo às minorias prosperando, os brasileiros nativos
estão indefesos.
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