A inauguração do gasoduto “Poder da Sibéria” foi um marco nas relações bilaterais
entre Rússia e China, em tempos de sanções do ocidente contra ambos os países.
Em uma empreitada de cooperação sem precedentes, Moscovo e Pequim consolidam
sua posição de parceiros comerciais, assumida em 2014, com a crise da Crimeia. Conforme
reportado pelo Sputnik, o comércio Sino-Russo atingiu, em 2019, a marca dos 110 biliões
de dólares, representando um crescimento de 3,1%, com base no mesmo período
do ano passado (nomeadamente, de janeiro a novembro de 2018).
Há nove anos consecutivos, a China é o maior parceiro comercial da Rússia, tanto em
importações, como exportações. De acordo com dados divulgados pela
Administração Geral das Alfândegas da China e publicados pela TASS, o volume de exportações chinesas para a Rússia
manteve-se estável nos primeiros oito meses do ano (2019), enquanto as
importações chinesas de produtos e serviços russos cresceu 8,3%, sendo a Rússia a maior fornecedora de petróleo bruto para o país.
Mais detalhadamente, o porta-voz do Ministério do Comércio da China, Gao Feng,
disse que, até outubro de 2019, as importações de produtos agrícolas de origem russa aumentaram
12,4%, enquanto as exportações de carros chineses para a Rússia cresceram 66,4%.
O Primeiro-Ministro russo, Dmitry
Medvedev, anunciou a ambição do Kremlin de dobrar o comércio entre Federação Russa e
China até 2024, o que acarretaria um faturamento de 200 biliões de dólares em
negócios mútuos. As áreas de foco da cooperação seriam a agricultura (principalmente a soja), por intermédio da
remoção de barreiras tarifárias; a indústria de alta tecnologia e, é claro, o
setor energético.
É importante salientar que a
Rússia já tem megaprojetos de infraestrutura aprovados para
acontecer neste período de cinco anos, incluindo aeroportos, pontes,
autoestradas, portos e ferrovias, dos quais 10% são destinados a facilitar o comércio através do
corredor Leste-Oeste. Um exemplo é a Estrada Meridiana (Meridian Highway): uma via de 2.000 quilómetros
entre a Bielorrússia e o Cazaquistão, a mais curta autoestrada
conectando a Europa com a China, para propósitos comerciais.
Embora seja uma relação de longa
data, o volume de dinheiro movimentado pelo comércio bilateral entre os países
apenas cresceu vertiginosamente nos últimos anos, saltando de 69,6 biliões de dólares em 2016 para mais de 107,1
biliões em 2018* e atingindo novo recorde este ano (2019).
Em reunião de imprensa após
discussão com o Presidente chinês, em setembro de 2018, Vladimir Putin
confirmou que as relações Federação Russa-China vão além do comércio per
se: “Rússia e China reafirmaram seu interesse em expandir o uso das moedas
nacionais em acordos bilaterais, o que melhoraria a estabilidade dos serviços
bancários durante as transações de importação e exportação sob as arriscadas
condições dos mercados globais”.
A parceria segue um caminho
promissor. Xi Jinping afirma que a Rússia é o país que mais visitou, e em junho
deste ano (2019) premiou o presidente Vladimir Putin com a primeira medalha de
amizade da China, considerando-o seu “melhor e mais íntimo amigo”.
Bruna Adamatti | CEIRI | em 19 de
Dezembro de 2019
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