Procurando virar a opinião
pública contra os trabalhadores da Função Pública, o governo divulgou em
comunicado números sobre o aumento da despesa determinado pelas progressões nas
carreiras e pelo “aumento” de 0,3% proposto no OE. Acontece que dados do próprio
Ministério das Finanças mostram que esses números não correspondem à realidade.
E a diferença não é pequena: o comunicado do governo empola a despesa em mais
de 200 milhões
OS NÚMEROS DE CENTENO SOBRE O
AUMENTO DA DESPESA DEVIDO ÀS PROGRESSÕES NAS CARREIRAS DA FUNÇÃO PÚBLICA NÃO
BATEM CERTO COM OS DO MINISTÉRIO DAS FINANÇAS. UM CONCURSO PARA A CONTRATAÇÃO
DE 1.000 TÉCNICOS SUPERIORES QUE ESTÁ PARALISADO OU A FORMA COMO CENTENO ENGANA
E DESTRÓI OS SERVIÇOS PÚBLICOS, INCLUINDO A ADSE
Quadro 1 – O aumento dos salários
na Administração Pública segundo o governo
Evolução dos salários na
Administração Pública
Segundo o governo, as progressões
e revisões nas carreiras determinaram um aumento de despesa com os
trabalhadores da Função Pública de 465 milhões € em 2018, de 666 milhões € em
2019 e, em 2020, o aumento de despesa determinados pelas progressões mais o
aumento de apenas 0,3% nas remunerações destes trabalhadores, será, segundo o
governo, de 715 milhões €. E daí conclui, procurando manipular a opinião
pública, que o aumento médio por trabalhador foi de 2,2% em 2018, de 3,1% em
2019 e, em 2020, será de 3,2%. E no comunicado que divulgou, não mostra a forma
como chegou a tais valores, certamente porque pensa que, numa matéria tão
importante para a vida de centenas de milhares de trabalhadores, não tem de dar
explicações, e assim poderá apresentar os valores que quiser e não será
contestado. Para além disso, também se “esqueceu” de informar no seu comunicado
que há muitos milhares de trabalhadores das Administrações Públicas que não
tiveram qualquer progressão na sua carreira porque ainda não tinham “10
pontos”. Mas assim vai a transparência de que tanto fala este governo. E é
desta forma que procura virar a opinião publica contra os trabalhadores da
Função Pública que há 10 anos têm os seus salários congelados.
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