domingo, 22 de dezembro de 2019

Portugal | Os números falsos de Centeno



Procurando virar a opinião pública contra os trabalhadores da Função Pública, o governo divulgou em comunicado números sobre o aumento da despesa determinado pelas progressões nas carreiras e pelo “aumento” de 0,3% proposto no OE. Acontece que dados do próprio Ministério das Finanças mostram que esses números não correspondem à realidade. E a diferença não é pequena: o comunicado do governo empola a despesa em mais de 200 milhões

OS NÚMEROS DE CENTENO SOBRE O AUMENTO DA DESPESA DEVIDO ÀS PROGRESSÕES NAS CARREIRAS DA FUNÇÃO PÚBLICA NÃO BATEM CERTO COM OS DO MINISTÉRIO DAS FINANÇAS. UM CONCURSO PARA A CONTRATAÇÃO DE 1.000 TÉCNICOS SUPERIORES QUE ESTÁ PARALISADO OU A FORMA COMO CENTENO ENGANA E DESTRÓI OS SERVIÇOS PÚBLICOS, INCLUINDO A ADSE

Quadro 1 – O aumento dos salários na Administração Pública segundo o governo

Evolução dos salários na Administração Pública

Segundo o governo, as progressões e revisões nas carreiras determinaram um aumento de despesa com os trabalhadores da Função Pública de 465 milhões € em 2018, de 666 milhões € em 2019 e, em 2020, o aumento de despesa determinados pelas progressões mais o aumento de apenas 0,3% nas remunerações destes trabalhadores, será, segundo o governo, de 715 milhões €. E daí conclui, procurando manipular a opinião pública, que o aumento médio por trabalhador foi de 2,2% em 2018, de 3,1% em 2019 e, em 2020, será de 3,2%. E no comunicado que divulgou, não mostra a forma como chegou a tais valores, certamente porque pensa que, numa matéria tão importante para a vida de centenas de milhares de trabalhadores, não tem de dar explicações, e assim poderá apresentar os valores que quiser e não será contestado. Para além disso, também se “esqueceu” de informar no seu comunicado que há muitos milhares de trabalhadores das Administrações Públicas que não tiveram qualquer progressão na sua carreira porque ainda não tinham “10 pontos”. Mas assim vai a transparência de que tanto fala este governo. E é desta forma que procura virar a opinião publica contra os trabalhadores da Função Pública que há 10 anos têm os seus salários congelados.


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