Martinho Júnior, Luanda
1- O carnaval de piratas guaidós
chegou a Angola: desta feita trouxe-nos a fanfarra dum presidente guaidó, que
tem tudo a ver com impérios, vassalos e as máscaras de cinismo, de hipocrisia,
de ingerência e de manipulação do costume, sob a aviltada capa dos “brandos
costumes” que não passam de projectos de assimilação (deles e do império a
que respondem, conforme à geometria variável de sua guerra psicológica que tem
como objectivo maior o saque, via“inteligência económica” dos países do
sul).
Em África os guaidós tugas
aninham-se nos interesses da NATO e do AFRICOM, mas também nos interesses
alinhados com o “pré carré” da “FrançAfrique”, cujo carácter
responde a uma União Europeia intimamente filtrada pela hegemonia unipolar e
pelos modelos exclusivistas de “democracia representativa”, apta e servil
para as oligarquias e funcionalmente depressiva para com a multidão de pobres,
sobre quem faz recair tanta ilusão, tanta alienação, tanta confusão, caos e
terrorismo e tanta iniquidade!
Regendo-se pelo Paribas, agora
até a CPLP se submete cada vez mais à francofonia feita da máscara duma
descolonização que de facto não houve!
2- O presidente guaidó visita
Angola no momento em que a Venezuela Bolivariana fecha os escritórios da PDVSA
e transfere-os para Moscovo, respondendo ao facto dos piratas guaidós tugas
terem-se assenhoreado de seus activos em Portugal, algo que segue a trilha dos
ladrões de colarinho branco que se acoitavam no BES, Banco Espírito Santo.
O BES, respondendo ao espírito
santo da hegemonia unipolar, instalou-se na Líbia, em Angola, no Brasil e
também na Venezuela, imediatamente antes da crise do petróleo, pronto a com
isso explorar as vantagens do que, com tanto a propósito, “adivinharam” no
horizonte temporal próximo.
Com a Líbia, ninguém sabe quanto
capital as oligarquias piratas europeias absorveram via BES proveniente dos
activos roubados aos cofres desse país alvo da ofensiva NATO-AFRICOM de 2011…
200.000 milhões de dólares tornaram-se voláteis nessa forçada e sangrenta “transfusão”,
sem pinta de rasto e atirados deliberadamente para o esquecimento (nem foi
preciso “lavar a imagem”)!
Em Angola a usura da “inteligência
económica” serviu para reforçar o modelo inquinado e mascarado da banca
presente no espaço nacional, apesar do BESA ter sido algo como “ladrão que
rouba ladrão e por isso, para quem rouba, merecedor de perdão”…
No Brasil, o futuro deste
espírito santo agora Novo Banco, é ainda “promissor”: o governo de
Bolsonaro, instalado mesmo a propósito dos guaidós, reúne condições que dão
totais garantias à “representatividade”, atirando desde logo para as
calendas gregas os interesses democráticos, económicos e financeiros do seu
próprio povo, em época de seu entorpecimento, alienação e servilismo.
Na Venezuela, os guaidós tugas
responderam de imediato em função da Doutrina Monroe ressuscitada, como se no
carnaval global assumissem a metamorfose própria dos cães de Pavlov à voz do
dono de turno, Trump, enquanto reitor dos interesses cada vez mais esgotados do
petrodólar:
O Novo Banco, sucedâneo do BES,
mas correspondendo uma vez mais ao decadente espírito santo da hegemonia
unipolar, a 5 de Fevereiro do ano corrente, há menos de um mês, suspendeu uma
transferência de fundos do governo do presidente Nicolás Maduro para os bancos
no Uruguai, por que Portugal reconhecia Guaidó, o próprio rei do carnaval, como
o Rei Nomo do presente na Venezuela!
Agora a Venezuela Bolivariana
responde fechando os escritórios da PDVSA em Lisboa e transferindo-os para
Moscovo, por que a Europa não dá garantias necessárias, já que o mundo
capitalista em pleno carnaval, viola as próprias leis e não é capaz de
garantir a segurança dos ativos venezuelanos…
3- Conforme afirmei em “Trump
e a multiplicação dos guaidós”, “os regimes oligárquicos que compõem a
União Europeia animam desse modo a farsa da democratização da Venezuela,
explorando brechas entre as instituições do país: os velhos guaidós, vassalos
de turno do reitor de turno da Doutrina Monroe, à democracia dizem nada em
torno do novo Guaidó e a janela possível para que fosse providenciada a
oportunidade das partes encontrarem capacidades de diálogo que revertam a
tendência na direcção da guerra, é fechada por via dum ultimato estúpido e de
mau agoiro que chega hoje ao seu fim”…
De facto se a Europa não se
propiciou à descolonização mental e prática de suas opções, não por interesse
de seus povos, mas por exclusivo interesse dos regimes oligárquicos que
representam o que há de mais retrógrado e pirata na banca de que se servem, conforme
aliás ao que advém do passado de séculos, a Venezuela Bolivariana está a dar a
resposta consequente, pois há vida para lá do petrodólar e das suas filiais,
sejam elas o Euro na Europa, como o Franco CFA em África.
Ao não se propiciar à descolonização
mental e “inteligentemente económica”, na parte que cabe a África e
sobretudo a Angola, é assim que os guaidós europeus tanto têm a ver com o
elevado grau de corrupção, só possível por que por cá se engoliu a pílula do
modelo bancário estimulado pela hegemonia unipolar, cujo tentáculo injector e
prático são os bancos tugas.
De carnavalesca assimilação, em
carnavalesca assimilação, é por via desse modelo que em Angola alguns mentores
da forja duma oligarquia angolana assimilada se decidiram a assumir o que
é “cultura legítima e secular” dos interesses dos regimes
oligárquicos europeus agora enquanto guaidós do petrodólar: “quem parte e
reparte e não escolhe a maior parte, ou é parvo, ou não tem arte”!...
Só que nesta ultraperiferia
económica e financeira que é África neocolonizada, o que há a repartir são
migalhas e mesmo assim, essas migalhas evaporam-se como o capital líbio, nas
mesmas mãos piratas do bancário costume secular, algo que até parece genético
para uma Europa decadente, que injecta impunemente decadência em África e na
América e fecha as portas do futuro para os povos, a começar para os seus
próprios povos!
Martinho Júnior - Luanda, 2 de Março de 2019
Fotos dum desfile de carnaval…