“ENCONTRO MUNDIAL CONTRA O IMPERIALISMO”
"Pela vida, soberania e paz"
Caracas - Venezuela, de 22 a 24 de janeiro de 2020
Martinho Júnior, Luanda
A Venezuela Bolivariana é um inestimável património de vida,
de soberania e de paz para toda a humanidade e como tal deve ser defendida por
todos aqueles que trilham a lógica com sentido de vida, onde quer que seja a
âncora de sua existência e por isso particularmente a partir dos mais obscuros
rincões do planeta!
Desde África junto-me ao ENCONTRO MUNDIAL CONTRA O
IMPERIALISMO, por que a resoluta alternativa à barbárie do império, é a
civilização que luta pela vida, pela soberania e pela paz para toda a
humanidade!
CONSTANTE NECESSIDADE DE RADIOGRAFAR O IMPÉRIO
COMUNICAÇÃO
I
01- Desde o final da IIª Guerra Mundial e particularmente
desde o deflagrar das bombas atómicas em Hiroshima e Nagasaki (em Agosto de
1945 e com apenas 3 dias de diferença), um crime contra a humanidade a pretexto
de mais rapidamente se pôr fim aos combates, que necessário se tornou a
constante radiografia do império, agora império da hegemonia unipolar, assim
como do seu comportamento nos relacionamentos internacionais, em função do seu
carácter expansionista, exclusivista, dominante (em nome duma estrita aristocracia
financeira mundial) e nazi-fascista.
02- Durante o período denominado de “Guerra Fria” (de
1947 a 1991), o socialismo remanescente da IIª Guerra Mundial conseguiu não só
uma relativa paridade e equilíbrio nos contenciosos com o império, mas também
apoiou a motivação em África do movimento de libertação contra o colonialismo e
o “apartheid”, a luta dos povos e das organizações revolucionárias da
América Latina e Caribe contra as ditaduras fantoches, parte delas emanações do
plano Condor, o fortalecimento do Não Alinhamento activo no espaço da “Tricontinental” e
as expressivas vitórias alcançadas sobretudo no Vietname;
03- Já nos anos de transição 20/30 do século XX, a Reserva
Federal dos Estados Unidos havia sido tomada por um conjunto de poderosos
bancos privados transnacionais sob os auspícios da aristocracia financeira
mundial, algo que teve a ver com a grande depressão que então veio a ocorrer;
04- A economia de guerra dos Estados Unidos acabou por
influenciar na sua própria recuperação económica e financeira, acicatando as
suas intrínsecas capacidades capitalistas e expansionistas até se poder assumir
como império dominante, com o sacrifício da diluição política e administrativa
dos impérios coloniais, a começar pelo britânico;
05- Ainda em plena “Guerra Fria”, os Estados Unidos
começaram a preparar uma escalada do seu poder às custas dos decadentes
impérios coloniais (em colapso social, económico, financeiro, estrutural e em
alguns casos, política e administrativamente) no seguimento da IIª Guerra
Mundial), de forma a consolidá-lo como dominante;
06- Para esse efeito e depois de consolidado o domínio sob a
forma de império entre 1945 e 1970, durante a década de 70 do século XX
começaram a ser impulsionadas as interconexões entre a balança dos pagamentos,
a dolarização da economia com base em papel-moeda (abandonando o ouro enquanto
reserva e sustentáculo do dólar), a conjugação das políticas em função do
controlo das prioridades energéticas por via do petróleo e o estabelecimento
dum esforço militar disseminando uma constelação de mais de 8 centenas de bases
no imenso espaço do “ultramar”, tirando partido das vitórias aliadas da
IIª Guerra Mundial;
07- O contexto real da acção dos neocon tornou-se a
balança de pagamentos e o papel do petróleo e da energia como uma alavanca de
longo prazo da diplomacia americana, em estreita conjugação com a implantação
de bases “ultramarinas”, a começar nas várias centenas que foram
implantadas nas derrotadas potências do eixo, Alemanha, Itália e Japão, a
coberto da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), fundada a 4 de
Abril de 1949.
08- Já nos finais da IIª Guerra Mundial, o entendimento
ou “Tratado de Quincy”, havia reforçado, na montagem do eixo dessa
política visando a globalização do poder dominante, com a aproximação
estratégica entre os Estados Unidos e a monarquia wahabi-sunita da Arábia
Saudita (encontro do Presidente Roosevelt com o Rei Ibn Saud no canal do Suez,
a bordo do cruzador USS Quincy, a 14 de Fevereiro de 1945, imediatamente após o
encontro de Ialta, ocorrido entre 4 e 11 de Fevereiro desse mesmo ano);
09- O principal deficit da balança dos pagamentos, em função
dos gastos militares, agravou-se com a Guerra da Coreia (1950/1951), mas
sobretudo com a do Vietname (década de 60 do século XX) e foi isso que obrigou
o abandono do dólar do ouro, o surgimento do papel moeda em 1971 e uma tomada
de medidas sobre a tipologia da capacidade de intervenção no “ultramar” obrigando
à utilização da “legião estrangeira” criada a partir da “coligação” (com
a Arábia Saudita na charneira do expediente, a que se junta o poder sionista já
no século XXI);
10- O ouro foi substituído por Títulos do Tesouro suportados
pelos bancos centrais estrangeiros, um expediente para fazer face aos
crescentes gastos militares (reciclagem dos dólares em papel moeda, sem corroer
a taxa de câmbio e de forma a pagar os gastos do aparato militar);
11- É esse expediente que tornou a Arábia Saudita e outros
membros da OPEP (estados clientes da área do dólar), a partir da década de 80
do século XX, em efectivos pilares do dólar, mantendo suas reservas oficiais na
forma de Títulos de Tesouro dos Estados Unidos pelo que, quando as monarquias
arábicas aumentaram o preço do petróleo, grande parte dos países do sul ficaram
insolventes, o que os obrigou a cair nas malhas do crédito do FMI e do Banco
Mundial, tornando-se por essa via dependentes dos Estados Unidos (essa passou a
ser uma das vias propícias à neocolonização por imperativos económicos e
financeiros);
12- O superavit em dólares da Arábia Saudita passou também,
por outro lado, a servir para a compra massiva de material militar e
respectivas peças sobressalentes aos Estados Unidos, bem como a possibilitar a
artificiosa montagem da “legião estrangeira” do império (no âmbito
da “coligação” engendrada), ora convertida nas redes da Al Qaeda e do
Estado Islâmico a partir da década de 80 do século passado, (“inimigos úteis” disponíveis
a levar o caos, o terrorismo e a desagregação conforme tem acontecido no Médio
Oriente Alargado, em África e na Oceânia (Afeganistão, Iraque, Líbia, Síria,
Iémen, Irão, Filipinas…);
13- A grande ameaça a esse esquema de dolarização e Títulos
do Tesouro, passaram a ser aqueles que fogem a negociar em dólares ao mesmo
tempo que aumentam suas reservas de ouro para suporte das suas e de outras
moedas mais convertíveis (politica encetada pela Rússia, pela China, pelo Irão
e outros que estão procurando integrar a via da emergência multipolar, com
algumas cripto moedas a facilitarem a deriva (já em pleno século XXI);
14- A dependência do petróleo nesses termos, implicou no
facto de serem as acções humanas (integradoras desse monopólio da dolarização)
as principais causadoras das alterações climático-ambientais, uma das razões também
dos Estados Unidos se terem afastado do Acordo de Paris;
15- A aversão dos Estados Unidos aos oleodutos e gasodutos
da Rússia que estão vindo a abastecer países e regiões limítrofes (reforçando a
Iniciativa da Nova Rota da Seda), é também explicada nessa base, pois os
estrategas da hegemonia unipolar querem tratar o jogo do petróleo como um
monopólio estado-unidense, inerente à hegemonia unipolar;
16- O caos, o terrorismo e a desagregação tornou-se no “modo
democrático” dos Estados Unidos fazerem a guerra em função do “choque
de civilizações”, evitando que hajam mais traumas próprios como no rescaldo da
guerra perdida do Vietname (que acabou sendo condenada pela maioria do povo
estado-unidense);
17- Desse modo, todos os que não perfilham esse “modelo
de globalização” de acordo com a radiografia dos expedientes da hegemonia
unipolar, passam a ser alvos hostilizados pelos Estados Unidos e, se houverem
por parte desses alvos contramedidas “assimétricas” e de “geometria
variável”, seus “regimes” (palavra-chave que enuncia “zona de
risco” que passam a pisar enquanto alvo do império), são propensos a
sofrerem medidas que integram pacotes de guerra psicológica acima do
nível “soft power”, ciberguerra, sanções económicas de todo o tipo
aferidas à economia do país-alvo, sabotagens, bloqueio e esforços visando a
desagregação dos estados por via da fragilização contínua das sociedades e das
instituições (inclusive as instituições judiciais);
18- Os processos de capitalismo neoliberal adequam-se a
esse “modelo de globalização”, visando explorar o êxito da conjugação dos
factores de manipulação e ingerência económica, financeira, de inteligência,
militares e, por fim nas transversalidades sociais e institucionais;
19- Desde então os Estados Unidos desenvolveram nas
universidades tuteladas pela aristocracia financeira mundial, doutrinas e
filosofias que modelam os expedientes de caos, de terrorismo e de desagregação,
em estreita consonância com os expedientes do capitalismo neoliberal (Milton
Friedman, Leo Strauss, Gene Sharp, Francis Fukuyama, Goerge Soros…);
20- Por fim os Estados Unidos tornaram-se subversivos às
leis que estão estabelecidas tanto para os relacionamentos internacionais
(quadro da ONU), como em relação à constitucionalidade dos estados-alvo,
tornados “regimes” (se não forem rotulados de “estados párias”,
ou mesmo “terroristas”, conforme tem acontecido desde o artificioso
colapso da Jugoslávia, no início da década de 90 do século XX).
II
21- Os estados progressistas, as organizações sociais
progressistas e as entidades com consciência anti imperialista, devem
constantemente preocupar-se em radiografar o império de hegemonia unipolar
seguindo uma trilha de lógica com sentido de vida, o seu comportamento, a
panóplia de meios ao seu dispor, os instrumentos que dão substância às
vassalagens, os vínculos das “coligações”, as formas desequilibradas
das “parcerias” e todas as iniciativas, inclusive as consideradas no
âmbito de “soft power”;
22- O vector funcional desse tipo de iniciativas que
conduzem a contramedidas anti-imperialistas, devem ser as nações, os estados e
os povos emergentes dispostos à multilateralização, os socialistas e todos
aqueles que, sem serem instruídos por doutrinas elitistas, estão dispostos a
dar luta às alterações climático-ambientais provocadas pelo homem, sobretudo o
homem ao serviço das acções e comportamentos do império da hegemonia unipolar;
23- Concomitantemente, as medidas de luta contra o
subdesenvolvimento e as assimetrias, por uma geoestratégia de desenvolvimento
sustentável perseguindo lógica com sentido de vida, inscrevem-se nos
contenciosos do leque de contramedidas, devendo ser prioritariamente aplicadas
nas regiões que mais sofrem com o isolamento (casos das pequenas nações
insulares do Caribe, maioritariamente afrodescendentes), ou nas que sofrem com
as alterações climático-ambientais (como a região do sul de Angola composta
pelas províncias do Namibe, do Cunene, da Huíla e do Cuando Cubango);
24- Urgente se torna a necessidade de criar uma bolsa
científica e investigativa de dados de carácter anti-imperialista, que
contribua para combater subdesenvolvimento crónico, assimetrias, isolamento e
regiões atingidas drasticamente pelas alterações climático-ambientais (como a
região onde se regista a seca em Angola), de forma a evitar a expansão dos
desertos quentes e a pressão sobre os espaços vitais ricos em água e outros
recursos naturais (base das tensões que atingem em áfrica, a tão decisiva República
Democrática do Congo e a Região dos Grandes Lagos);
25- Urgente se torna também criar centros de observação e
estudo dos fenómenos de expansão das redes wahabitas-sunitas que compõem
a “legião estrangeira” dos Estados Unidos, de forma a aprimorar
estratégias e táticas de prevenção, persuasão e contramedidas, sobretudo no
Médio Oriente Alargado, em África e na Oceânia (caso das Filipinas);
26- Na América Latina os centros de observação e de estudo
anti-imperialistas, participativos e “protagónicos” devem filtrar os
processos de desestabilização contínua que o império da hegemonia unipolar
promove no seu dilecto “pátio traseiro”, a fim de contribuir para a
implementação das mais adequadas contramedidas, em suporte sobretudo dos
estados e entidades progressistas resistentes da região (desde logo Cuba,
Venezuela Bolivariana e Nicarágua Sandinista),
27- Esse processo alargado deve integrar as articulações de
forma a tornar possível aumentar a capacidade de diálogo e de troca de
informações, de análise e de proposições multissectoriais para a tomada de
medidas, aliando-se à resistência de organizações sociais anti-imperialistas
que combatem as alterações climático-ambientais, que combatem os processos de
dolarização das economias, que combatem a instrumentalização do petróleo por
parte do império, e denunciem as projecções do FMI e do Banco Mundial
28- Urgente se torna apoiar, suportar e articular com as
organizações das culturas indígenas (incluindo as culturas de resistência) e de
outras iniciativas que visem fortalecer os comportamentos de dignidade, de
solidariedade e de internacionalismo proletário, como as organizações
sindicais;
29- O estabelecimento duma rede progressista de nações,
estados e povos comprometidos efectivamente com uma cultura em prol duma
geoestratégia para um desenvolvimento sustentável de largo espectro, torna-se
prioritário, particularmente ali onde existe a expansão dos desertos quentes
(agora sobreaquecidos), em prejuízo das áreas onde existe espaço vital e
possibilidades de sedentarização.
30- Face à complexidade dos fenómenos que dão corpo ao
império e ao seu sulfúrico exercício tendente a acabar com a vida tal qual a
conhecemos na Mãe Terra, as nações, os estados e os povos progressistas (e
todas as organizações integradas nesses processos alternativos), devem gerar
uma cultura que dê cada vez mais espaço à lógica com sentido de vida, em nome
da civilização e contra a barbárie do império da hegemonia unipolar.
Martinho Júnior -- Luanda, 21 de Janeiro de 2020
Imagens:
01- Sob o olhar silencioso do Comandante Hugo Chavez;
02- A Venezuela Bolivariana vai a caminho de construir 5
milhões de habitações por via da Gran Mision Vivienda Venezuela;
03- A Venezuela Bolivariana vai reactivar este ano os
programas de saúde no quadro da Mision Barrio Adientro;
04- A Venezuela Bolivariana vai reactivar este ano o
PETRICARUBE, que cobre o imenso arco de envolvência a norte da costa caribenha
da Venezuela.
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