Adesão ronda os 90%, dizem
sindicatos. Paralisação pode durar três dias caso o Governo não cumpra o
memorando de agosto para a aprovação do Código de Trabalho e pagamento de
salários em atraso.
Começou na terça-feira (07.01)
uma greve geral de três dias na Função Pública da Guiné-Bissau, convocada pelas
duas maiores centrais sindicais do país, a União Nacional dos Trabalhadores da
Guiné (UNTG) e a Confederação Geral dos Sindicatos Independentes (CGSI).
A primeira greve geral do ano
visa exigir o cumprimento do memorando de entendimento assinado em agosto de
2019 com o Governo e praticamente toda a administração pública do país ficou
paralisada, desde os centros de produção de Bilhetes de Identidade aos
hospitais e centros de saúde.
Nas primeiras horas da greve, a
situação era difícil para os pacientes internados no maior centro hospitalar do
país, o Hospital Nacional Simão Mendes (HNSM): "Desde manhã, não nos
trataram e eu nem medicamento tenho, o meu dinheiro acabou", disse
uma paciente aflita à DW África.
O sentimento é partilhado e
reportado por outro doente internado no Simão Mendes: "Esta madrugada
é que me fizeram tratamento e só peço que me ajudem com a junta médica para ir
tratar, há sete anos que não consigo andar. O que quero pedir é que o
Estado olhe para o hospital, para os médicos, que lhes pague, porque a saúde é
o mais importante no mundo".
A adesão ao primeiro dia de greve
rondou os 90%, de acordo com o porta-voz da comissão negocial das duas centrais
sindicais, Domingos da Silva. A paralisação deverá prolongar-se até
quinta-feira (09.01) caso o Governo não responda às reivindicações dos
sindicalistas.
"A condição mínima para o
levantamento da greve é o cumprimento daquilo que é acordado no memorando de
entendimento, porque, se formos para o memorando de entendimento, vamos ver que
há pontos que tinham que ser cumpridos em outubro, novembro e dezembro. Esses
pontos devem ser cumpridos por parte do Governo", frisa Domingos da Silva.
Os sindicatos exigem, por
exemplo, a conclusão do processo de aprovação do novo Código de Trabalho na
Guiné-Bissau, a harmonização da tabela salarial na administração pública, a
institucionalização do salário mínimo no valor de 100.000 francos CFA (mais de
150 euros) e o pagamento de 12 meses de salário em atraso ao pessoal contratado
do Ministério de Saúde Pública.
Segundo informações apuradas pela
DW África, esta terça-feira houve um encontro entre um representante do Governo
e os sindicatos, que não deu resultados.
O Governo guineense ainda não se
pronunciou publicamente sobre esta greve, em que se exige também que o ingresso
na Função Pública guineense passe a ser feito através de concurso público.
Iancuba Dansó (Bissau) | Deutsche
Welle
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