quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

A concertação bilateral


Jornal de Angola | editorial

A concertação bilateral ou multilateral entre as lideranças africanas constitui sempre motivo de regozijo para os povos, com particular realce para aqueles sectores que tendem a aproveitar estes cenários como incentivo e energia para as suas investidas no quadro da cooperação e das trocas comerciais.

A recente visita do Presidente da República Democrática do Congo (RDC), Félix Tshisekedi, tendo-se encontrado com o seu homólogo angolano, João Lourenço, confirma o grau de aproximação e a excelência das relações, que precisam de ser reforçadas a outros níveis.

Angola e a RDC são dois países que, ao contrário da visão pessimista de muitos sectores, relativamente à situação política até 2016, souberam materializar processos internos de transição política que fica para a História como exemplar e encorajadora. Quando muitos anteviam transições difíceis e quase impossíveis, os dois Estados, as suas instituições e os seus povos demonstraram capacidade de maturação e “savoir-faire” que faz os dois países trilharem o caminho da democracia.

Trata-se de uma caminhada longa, difícil e que precisa de contínuas melhorias para que, no fim e com o contributo de cada cidadão, em cada país, se possa fazer um balanço positivo da jornada escolhida para a construção de um bom país para os seus filhos.

Acreditamos que, independentemente da fase em que cada um dos dois países se encontra, neste processo de reforço do papel das instituições, nos esforços para materializar a boa governação, a transparência e a prestação de contas, entre outros ingredientes vitais dos Estados modernos, Angola e a RDC têm muito a aprender entre si. Reconhecer essa realidade apenas nos engrandece como povos e Estados, ao contrário da ideia errada de que não temos nada a aprender um com outro. A concertação bilateral ao mais alto nível serve sempre como ponto de partida para que um dos segmentos mais importantes de Angola e RDC, nomeadamente as populações, reforcem a interacção e trocas que os laços seculares e sanguíneos ao longo dos mais de 2000 quilómetros de fronteira exigem.

As autoridades angolanas entendem que uma RDC pacificada e estabilizada é do interesse de Angola e de toda a região, numa altura em que os Estados e povos se empenham para materializar a integração regional, acrescida dos passos para a formalização da Zona de Livre Comércio. Acreditamos igualmente que as autoridades da RDC encaram Angola como um parceiro estratégico, um país irmão e cujos passos no sentido da concertação, do reforço da cooperação e da troca de experiência devem ser as bandeiras dos laços bilaterais.

Os dois povos e Estados devem continuar a maximizar os pontos de convergência, os elementos que mais os aproximam e continuamente fazer prova de que têm muito mais a ganhar aproximando-se e estreitando as relações, em vez de se afastarem.

Não há dúvidas de que os Presidentes João Lourenço e Félix Tshisekedi compreendem perfeitamente esta dimensão das relações bilaterais, razão pela qual encetam, com a regularidade que os vínculos aconselham, contactos entre si. Congratulamo-nos todos com esse processo de concertação, na expectativa de que os resultados daí decorrente sirvam também para aproximar mais os povos e motivar os outros Estados e povos de África.

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