Umaro Sissoco Embaló minimizou a
decisão do Supremo Tribunal de Justiça de ordenar o "apuramento
nacional" dos resultados das presidenciais, já depois de terem sido
validados pela Comissão Nacional de Eleições.
"Estou muito descansado,
porque a interpretação jurídica" é "como a matemática" e "a
única entidade competente para publicar o resultado é a Comissão Nacional de
Eleições" (CNE), disse o vencedor das eleições, segundo os resultados
definitivos divulgados por aquele órgão.
"A Guiné-Bissau já tem um
Presidente eleito, que é o Umaro Sissoco Embaló, general do povo", disse,
em entrevista à agência Lusa, em Lisboa, onde irá ser recebido, a título
privado, pelo Presidente e pelo primeiro-ministro portugueses, Marcelo Rebelo
de Sousa e António Costa.
Na sexta-feira (17.01), a CNE
publicou os resultados definitivos das eleições presidenciais, confirmando a
vitória na segunda volta de Sissoco Embaló. Mais tarde, o STJ
divulgou uma aclaração do acórdão anterior, a pedido de Domingos
Simões Pereira, derrotado nas eleições de dezembro, exigindo àquele órgão que
cumpra a lei eleitoral, procedendo-se às "operações do apuramento
nacional".
Para o Partido Africano da
Independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde (PAIGC), que apoiou o candidato
derrotado na segunda volta, o acórdão obriga a uma recontagem dos votos e não
apenas à verificação das atas e exigiu à CNE o cumprimento dessa decisão.
Essa decisão é "uma questão
júnior, meramente júnior, porque já estou preocupado com uma política que
impacte a população guineense", disse Sissoco Embaló, assumindo-se como
vencedor legítimo e de facto das eleições, tendo já agendada a tomada de posse
para 19 de fevereiro.
A reconsiderar DSP, "armado
em chico-esperto"
Para Sissoco Embaló, a política é
"um jogo de risco" e Domingos Simões Pereira perdeu. Durante a
campanha, Sissoco Embaló disse que "não teria nenhum problema em nomear
Domingos Simões Pereira como primeiro-ministro no caso de o PAIGC manter a
maioria".
Mas, hoje, "estou a
reconsiderar" porque "gosto de ter pessoas honestas e sérias" e
Domingos Simões Pereira tem tido um "comportamento infantil",
armando-se em "chico esperto" ao não reconhecer os resultados
eleitorais de 29 de dezembro, disse.
Na segunda volta, Sissoco Embaló
ficou convencido de que iria ganhar, depois de ter recolhido apoios dos
principais candidatos derrotados na primeira volta.
"Eu vim da sociedade
castrense e sou oficial da inteligência militar, pelo que sei quais são as
alianças que eu podia fazer para ganhar", explicou.
"Quando obtive aquelas
alianças com o Nuno Nabian, José Mário Vaz e Carlos Gomes Júnior [terceiro,
quarto e quintos classificados], disse ao meu assessor para fazer as contas:
'olha vamos ganhar as eleições'", disse.
Na campanha, "Domingos
Simões Pereira tinha toda a máquina do tesouro público", numa referência
ao facto de o PAIGC ser o partido com maioria parlamentar e que tem o
primeiro-ministro.
"Mas não tenho culpa de ser
carismático e de ser o candidato em quem os pobres confiam mais", resumiu
Sissoco Embaló, prometendo que a Guiné-Bissau "não será nunca mais a
República das bananas".
Deutsche Welle | Agência Lusa
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