Candidato às presidenciais da
Guiné-Bissau acusa CNE de desvalorizar "elemento de validação
eleitoral" e lamenta que Sissoco Embaló esteja a ser recebido em vários
países, quando decorre um contencioso no Supremo.
O candidato às eleições
presidenciais da Guiné-Bissau Domingos Simões Pereira afirmou este sábado
(18.01) que a Comissão Nacional de Eleições (CNE) tentou "desvalorizar o
elemento de validação" do processo eleitoral ao interromper a reunião de apuramento
nacional.
Segundo o também presidente do
Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), a sua
candidatura terá detetado um "conjunto de irregularidades" e entendeu
recorrer à plenária da CNE para "pedir explicações e para que essas questões
fossem dirimidas antes do anúncio dos resultados provisórios".
"Começou por nos surpreender
a tempestividade da reação da CNE, que tinha pressa em divulgar os resultados e
logo a seguir, perante um pedido de esclarecimento, desvalorizar todo o processo
e achar que se tratava da mera assinatura de uma ata", afirmou o
candidato.
"Pior, num momento em que
todo o mundo sabe que há um contencioso pendente, que há uma aclaração que é
pedida a um órgão importante como o Supremo Tribunal de Justiça ouvirmos e
depois confirmarmos que a CNE, se precipita, não só a tentar divulgar aquilo
que chama de resultados definitivos, como inclusive a tentar forçar a sua
publicação no Boletim oficial. É muita coisa", afirmou, em entrevista à
agência Lusa.
Domingos Simões Pereira disse
agora esperar que a aclaração do Supremo Tribunal de Justiça confirme o
"direito do povo guineense saber de facto quem foi eleito Presidente da
República da Guiné-Bissau".
Comunidade internacional deve
respeitar leis e povo
O candidato às eleições
presidenciais lamentou também o que classifica como desrespeito que a
comunidade internacional está a demonstrar em relação às leis do país e ao povo
guineense. "O candidato é um candidato a ser Presidente da Guiné-Bissau.
As leis da Guiné-Bissau devem ser as primeiras a serem respeitadas. Por mais
que lá fora se possa ter um entendimento diferente, é preciso respeitar o povo
guineense", afirmou.
Domingos Simões Pereira
referia-se ao facto de o outro candidato às eleições presidenciais, Umaro
Sissoco Embaló, estar a ser recebido por dirigentes de vários países, incluindo
Portugal, quando está em curso um contencioso eleitoral no Supremo Tribunal de
Justiça relativo aos resultados eleitorais das presidenciais de 29 de dezembro.
Segundo o presidente do PAIGC,
quando através das instituições do país a Guiné-Bissau afirma que o processo de
eleições "não está concluído", o "mínimo que se espera de
entidades democráticas a nível internacional é que digam a todo o mundo que
respeitem as vossas disposições antes de nos confrontarem com essa necessidade
de festejar".
Questionado sobre os encontros
previstos este fim-de-semana de Umaro Sissoco Embaló com o primeiro-ministro e
Presidente portugueses, Domingos Simões Pereira disse que não tem intenção de
julgar entidades estrangeiras. "Se as autoridades portuguesas, mesmo
conhecendo a aclaração do Supremo Tribunal, mesmo conhecendo os nossos
dispositivos legais, entendem que devem manter todo o programa protocolar à
volta de um candidato, têm o direito de o fazer", afirmou.
Para Domingos Simões Pereira não
é da sua competência julgar, mas apenas lamentar e deixar que o povo português
tire as "suas ilações". O presidente do PAIGC salientou que não
acredita em "proclamações antecipadas", mas no "respeito da
ordem dos dispositivos legais".
Deutsche Welle | Agência Lusa
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