A eleição é formalizada hoje de
manhã, quando forem a votos as listas da futura direção nacional
A moção de estratégia de
Francisco Rodrigues dos Santos, líder da Juventude Popular e conhecido por 'Chicão',
foi a mais votada no 28.º congresso do CDS, em Aveiro. Intitulada 'Voltar
a acreditar', reclamava uma mudança no partido e obteve 671 votos (46,4%).
Atrás ficou a moção do deputado
João Almeida, com 562 e a de Filipe Lobo d`Ávila, com 209 votos. Quer João
Almeida quer Lobo d`Ávila adiantaram que vão apresentar listas apenas ao
Conselho Nacional, cumprimentando Rodrigues dos Santos pela vitória da sua
moção de estratégia para os próximos dois anos. A quarta moção que foi a
votos, de José Ângelo da Costa Pinto, teve três votos (0,02%). Registaram-se
três votos brancos e nulos e no total, votaram 1.449 delegados.
Com este resultado, e depois de João Almeida e Lobo d´Ávila terem reconhecido a vitória do líder da
JP, pode considerar-se futuro líder do CDS-PP.
A eleição é formalizada na manhã
deste domingo, quando forem a votos as listas da futura direção nacional.
Entre as 09h30 e as 12h30 decorrerá a eleição para os órgãos de direção,
seguindo-se a apresentação de moções setoriais e o encerramento, às
13h30, com o discurso do futuro líder do CDS.
Se ao início da tarde as
candidaturas adversárias de Rodrigues dos Santos relativizavam o significado
dos aplausos ao candidato da Juventude Popular, ao final da noite já admitiam
que estava "renhido" e mais tarde que ganharia. Ao todo, retirando as
interrupções de uma hora para almoço e jantar, o primeiro dia prolongou-se por
14 horas e terminou na madrugada de domingo.
O primeiro dia
A jornada começou cerca das
11h00, com uma breve homenagem a Diogo Freitas do Amaral, fundador do partido
que morreu em outubro passado, com os delegados a cumprirem um minuto
de silêncio também por outros dirigentes já falecidos.
A manhã do primeiro dia foi ainda
marcada pela despedida de Assunção Cristas, que assumiu ter falhado nos objetivos:
"Cumpri o caminho traçado e a estratégia proposta, mas cumpre-me hoje
reconhecer uma evidência: falhei o resultado", afirmou. Nas primeiras
intervenções dos principais candidatos à liderança, foi Francisco Rodrigues dos Santos a levantar a sala com um
discurso inflamado em defesa de um "partido popular interclassista" e
com valores de direita.
O descontentamento com o
resultado eleitoral obtido pelo CDS-PP nas legislativas de outubro passado
- 4,25 % e cinco deputados eleitos, menos 13 do que os eleitos em 2015 - foi
visível ao longo da tarde, com muitos delegados a advertir para o
"descrédito" do CDS junto dos eleitores e a reclamar uma
mudança de direção do partido. Entre as dezenas de intervenções
das chamadas "bases" do partido, alguns delegados advertiram que o CDS não
perdeu só votos como militantes e exigiram mudança.
João Almeida, apontado pelo
adversário Abel Matos Santos - que desistiu em favor de Rodrigues dos
Santos - como o candidato da "continuidade" e do "mais
do mesmo" procurou desfazer essa ideia, invocando a sua experiência como
secretário de Estado e parlamentar, e apresentou-se como aquele que "pode
unir" o partido.
Momentos de tensão
Ao final da tarde, o 28.º
Congresso viveu momentos de tensão quando o antigo ministro da Economia Pires
de Lima se dirigiu, no púlpito, a Francisco Rodrigues dos Santos para lhe pedir
respeito pelos adversários, advertindo que se lhe deve "dar tempo"
para "apurar a sua cultura democrática". Pires de Lima foi vaiado por grande parte da sala e, a
seguir, o ex-dirigente Adolfo Mesquita Nunes fez uma intervenção em sua defesa,
criticando quem apupou um ministro que "tirou o país da bancarrota".
Lobo d'Ávila considerou ser "o único que consegue fazer pontes com
aqueles que são os outros dois candidatos", Francisco Rodrigues dos
Santos e João Almeida, e o único "capaz de contribuir para a união deste
partido".
Notícias ao Minuto | Lusa | Imagem: Global Imagens
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