Pedro Augusto Pinho*
O século XX foi um século de
progressos, de transformações sociais e económicas e, também, de grandes males
e criminosos. Trataremos brevemente de dois destes, pouco analisados sob esta
vertente, ambos súbditos britânicos: Winston Churchill (1874-1965) e Margaret
Thatcher (1925-2013). Nossa ênfase será nas consequências de seus crimes.
Curiosamente suas vidas
percorreram todo o século, de 1900 a 1999. E deixaram enorme trilha de mortes,
misérias, devastações ao redor do mundo, apenas conduzidos por uma vaidade
ideológica e a sede política de poder.
Churchill queria restabelecer um
fantasma cruel do século XIX, o Império Britânico. Este extinguiu etnias,
idiomas, populações, espaços e bens culturais, corrompeu e assassinou apenas
para enriquecer uma aristocracia fútil e capitalista.
A senhora Thatcher, aliada ao
Império que passou a conduzir a tocha britânica a partir da II Grande Guerra –
os Estados Unidos da América (EUA), aniquilou a economia mundial, até então
produtora, desenvolvimentista, industrial, no sentido amplo de indústria que
incorpora novas tecnologias, para estabelecer a economia estéril do rentismo
monetário.
Com o financismo neoliberal de
Thatcher houve o empoderamento dos capitais ilícitos, marginais no sentido
penal, que hoje dominam a economia de quase todo mundo, e é o hegemónico no
ocidente, compreendido em seu sentido político, não geográfico.
Este capital financeiro –
controlado pelas drogas, pelo tráfico de pessoas e de órgãos humanos, e que tem
a colaboração do contrabando de armas – domina, atualmente, por corrupção,
golpes e subornos quase todos os governos ocidentais e controla a maior parte
do fluxo internacional de capitais. Representa um poder enorme, nada
desprezível, para a vida de pessoas e para a existência de Estados Nacionais.
Com esta origem escusa, nada
surpreende que os métodos torpes e ardilosos sejam usados para atingir seus
objetivos, dentre os quais ressalta o controle planetário dos recursos naturais
e daqueles processados, transformados, industrializados, ao controlar as
empresas produtoras/transformadoras.
E facilmente se comprovam estas
afirmativas observando que são as denominadas empresas “gestoras de ativos”,
onde se destaca a BlackRock, que dominam o capital da ExxonMobil, da IBM e
inúmeras outras multinacionais, de todos os ramos de negócio.
É a meta do capital ilícito,
neoliberal, que nos insere na Era do Medo.
Em 1º de fevereiro de 2020, o
portal Pátria Latina editou artigo de Chris Summers, com título “A economia
mundial entraria em colapso se a City de Londres deixasse de fazer lavagem de
dinheiro”.
Ora, caros leitores, quem é a
City de Londres, quem é a Wall Street nova-iorquina, quem são estas praças de
especulação financeira ao redor do mundo?
Aqueles desregulados centros,
recriados, reformatados por Margaret Thatcher e Ronald Reagan, onde capitais
tradicionais e ilícitos, com o mesmo objetivo do lucro rápido e fácil, aplicam
sucessivos golpes na população em geral. Especialmente naquela classe média que
sonha ser rentista.
Vamos transcrever do citado
artigo um trecho especialmente adequado à formação da Era do Medo.
“Numa intervenção no Hay-on-Wye
Book Festival (2016), o jornalista italiano Roberto Saviano disse ao público:
“Se eu perguntasse qual é o lugar
mais corrupto do mundo, você poderia dizer-me que é o Afeganistão, talvez a
Grécia, a Nigéria, o sul da Itália e eu vou dizer-lhe: é o Reino Unido. Não é a
burocracia, não é a polícia, não é a política, mas o que é corrupto é o capital
financeiro: 90% dos proprietários de capital em Londres têm sua sede no
exterior”.
Em resposta, Nicholas Wilson
(advogado britânico), disse: “Concordo com isso. Ele está falando sobre a City
de Londres, que é a capital mundial da lavagem de dinheiro. Nada pode ser feito
para limpar a City. Se algum político tentasse desmantelá-la, a economia
mundial entraria em colapso. O dinheiro das drogas foi a única coisa que
manteve em funcionamento os bancos durante a crise financeira de 2008”.
Em 2016, o Home Affairs Select
Committee declarou que 100 biliões de libras de dinheiro ilícito eram lavados
no mercado imobiliário de Londres todos os anos”.
Neste mesmo artigo, onde confirma
a péssima reputação do banco inglês HSBC, criado para servir de suporte
financeiro na guerra do ópio empreendida pelo Reino Unido contra a China, 1839
– 1860, também se lê:
“Rona Fairhead, ex-diretora do
HSBC, que também foi presidente do BBC Trust e é atualmente membro da Câmara
dos Lordes, foi ministra no governo de Theresa May, até maio do ano passado”.
E há quem diga que corrupção é no
Brasil. Que a Lava Jato, criada na inteligência estadunidense para extinguir a
competitiva engenharia brasileira, foi necessária. Isso também nos dá medo.
*Pedro Augusto Pinho, avô,
administrador aposentado
Artigo publicado em Oriente Mídia -- Fevereiro
2020
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