Um advogado australiano, acusado
de conspiração por divulgar informações secretas relacionadas com espionagem a
Timor-Leste, representou hoje outro alegado denunciante que tornou públicos
documentos sobre a presença militar australiana no Afeganistão, noticiou hoje a
imprensa local.
O advogado Bernard Collaery,
um de dois acusados no caso de espionagem australiana a Timor-Leste, está a
representar David Mcbride, num processo a decorrer num tribunal de Camberra.
McBride é um ex-advogado do
exército que facultou à cadeia televisiva ABC documentos
confidenciais sobre a ação de efetivos militares
australianos no Afeganistão.
Os dois homens estão no centro de
uma campanha em curso na Austrália para reverter as leis de segurança nacional
que infringem a liberdade de imprensa e para garantir proteções legais
aos denunciantes que expõem irregularidades do Governo.
Os documentos que McBride
divulgou serviram de base a uma investigação da ABC, transmitida em 2017,
e na qual se denunciava que tropas australianas mataram homens e crianças
desarmados em 2013.
Na sequência do programa, os
estúdios da ABC foram alvo de rusgas por parte da Polícia Federal e
dos serviços secretos australianos.
No caso de Collaery, em
causa está a espionagem que o Governo australiano fez a Timor-Leste em 2004,
durante as negociações sobre os recursos do Mar de Timor, tendo instalado
material de escuta no Palácio do Governo, em Díli, aproveitando obras no
edifício realizadas no âmbito do apoio externo australiano ao país.
Collaery será julgado ainda
este ano, acusado de conspirar com um ex-espião para divulgar essas informações
classificadas, num caso que tem causado mal-estar entre a Austrália e
Timor-Leste.
Os antigos Presidentes timorenses Xanana Gusmão
e José Ramos-Horta e o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros australiano
Gareth Evans apresentaram já depoimentos sob juramento a serem usados pela
equipa de defesa de Collaery.
O espião, conhecido apenas como
"testemunha K", indicou que se vai declarar culpado.
No tribunal, Collaery disse
que estava em causa determinar se McBride tinha atuado ao abrigo da
Lei de Divulgação de Interesse Público, por os documentos terem sido divulgados
por interesse público.
Na quinta-feira, Mcbride iniciou
uma campanha de angariação de fundos para financiar a sua defesa.
"Estou a enfrentar 50 anos
de prisão por denunciar a liderança antiética, prejudicial e altamente
politizada da Força de Defesa Australiana", disse McBride aos jornalistas
à saída da audiência.
Notícias ao Minuto | Lusa | Imagem: 1 - © Reuters; 2 – Collaery, in Collaery Lawiers
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