Mal regressara de férias no
início deste ano, Bruno Simões foi 'atropelado' pelas más notícias: as suas
empresas de eventos de Macau estavam 'infetadas' pela paralisação da indústria
turística e perdera todos os contratos até abril.
Com o fecho dos casinos na
capital mundial do jogo, com a paralisação da economia e com o mercado
chinês turístico 'contaminado' pelo coronavírus Covid-19, "a
situação é dramática", desabafou. "Até no Vietname cancelaram coisas
para abril", disse à agência Lusa.
À semelhança do Governo de Macau,
que enviou alunos e funcionários públicos para casa, que trabalham à distância,
Bruno Simões foi obrigado a tomar medidas excecionais na DOC DMC e
na SmallWORLD Experience.
"Teve de se mandar as
pessoas já para casa até abril e negociámos um mês de licença sem
vencimento com os funcionários, com a esperança ainda de que a partir de março as
coisas animem", explicou.
Com escritório também na vizinha
cidade chinesa de Zhuhai, numa província que tem sido uma das mais afetadas pelo
surto em número de infetados, o negócio vive muito das multinacionais que
trabalham na Ásia. Por ano organizavam cerca de duas centenas de eventos.
Agora, sem trabalhos, sem conferências, sem eventos e com encargos mensais
fixos na ordem das 300 mil patacas (quase 35 mil euros), a esperança é que em abril ou maio "as
empresas, que têm os seus calendários e têm de os executar" consigam
devolver algum oxigénio à indústria.
Até lá, precisamente para acudir
a pequenas e médias empresas como aquelas geridas pelo português, o Governo de
Macau anunciou na quinta-feira benefícios fiscais e empréstimos bonificados,
bem como apoios financeiros e sociais para a população no valor de 20 mil
milhões de patacas (2,3 mil milhões de euros).
À Lusa, o deputado Sulu Sou
sublinhou defender há muito que "devido ao monopólio da indústria do jogo,
o Governo tem a responsabilidade de apoiar as pequenas e médias empresas,
sobretudo por causa da epidemia", flexibilizando, por exemplo, as
condições dos empréstimos sem juros, nomeadamente ao nível dos limites
superiores dos montantes a conceder.
Por outro lado, sugeriu a criação
de um fundo antiepidémico de mais de dez mil milhões de yuans (1,3
mil milhões de euros) para subsidiar diretamente os arrendamentos e
os salários das PME durante o período que durar o impacto económico,
financeiro e social devido ao surto.
Como uma 'bola de neve', o
encerramento dos casinos e de hotéis (27), a suspensão das ligações marítimas,
as restrições nas fronteiras, o cancelamento de voos e os receios associados ao
risco de contágio minaram profundamente a economia e praticamente colocaram de
quarentena multinacionais e negócios locais.
"O setor dos
eventos das empresas é muito rápido na reação", para o bem e para o
mal, salientou Bruno Simões. "As empresas não enviam os seus empregados
para os eventos e os convidados também não vêm", sublinhou, para concluir:
"O medo é o pior que há".
A retoma "vai acontecer, mas
a que ritmo é que não se sabe", afirmou, mostrando-se apreensivo com
algumas notícias mais recentes do setor.
Enquanto isso, e mesmo fora da Ásia,
foi cancelado o Mobile World Congress (MWC), a maior feira de telecomunicações
móveis, cujo início estava previsto para dia 24, em Barcelona, precisamente
perante as sucessivas desistências dos participantes face ao receio associado
ao coronavírus.
E em Macau, por exemplo, a
realização do Global Gaming Expo Asia (G2E Asia), o maior evento de jogo do
continente asiático, que junta operadores, jogadores e empresários ligados ao setor,
previsto para maio, está depende da evolução do surto.
Notícias ao Minuto | Lusa |
Imagem: © Getty Images
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