terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

CARAÇAS


Acima, imagem alusiva ao Carnaval de Veneza, que foi desconvocado oficialmente mas que continua a comemorar-se com centenas ou milhares de pessoas. Muitas centenas na emblemática Praça de São Marcos. Na peça a seguir ao Expresso Curto que se segue alertamos no PG para o que foi divulgado que ocorre em Veneza. Veja no título PG: Global: Covid-19, mais de 80 mil casos | Carnaval de Veneza está imune?

Sobre o Curto de hoje, da autoria de Martim Silva, há um grande abraço ao "escândalo sexual que daria origem ao movimento global de defesa dos direitos das mulheres #MeToo". Como se trata o coronavírus, fique a saber. Itália está em fase crescente relativamente ao Coronavírus, há cidades já isoladas, lá para o sul da "bota italiana". Quer parecer que a UE não se safa da contaminação em grande. Vendo pelos olhos e saber dos economistas e vários outros "istas" o malvado víruscorona/Covid-19 poderá ser uma saída airosa para a economia, quer dizer: para aliviar a pressão das reformas e dos que acorrem aos cuidados de saúde mais insistentemente devido a serem os mais fragilizados. Velhos(as), doentes oncológicos, subnutridos, etc. Vai ser um ar que lhes dá. Ou um vírus. de provável sequência de guerra-biológica. Questões de ótica, dirá um político da atualidade com uma catrefa de competências universitárias e canudos correspondentes (talvez que apensos a cunhas milagroso-económico-partidárias... e outras).

Adiante, porque é carnaval. Festejos pagãos em que brincamos com todos os irmãos. E é assim que nos despedimos desta irmandade. Uns, mascarados todo o ano (já referimos isso uns dias atrás) e outros que nem por isso. A não ser que os semblantes dos cidadãos preocupados sejam considerados máscaras... Não sabemos bem sobre isso. Estamos na época do vale tudo para uns e do não vale nada para outros. Os outros são uma 'enooorme 'maioria. Pois. Sobre Portugal, no Curto. Tudo na mesma, como a lesma. Atualize-se.

Bom dia. Divirta-se com a bagunça de todo o ano porque o carnaval é mesmo isso. Isso e uma grande tourada. Diferente porque raramente investimos contra os algozes bandarilheiros e cavaleiros que nos acossam os lombos e as mentes. Já para não referir o "el contado" que nunca é suficiente para as contas que surgem no final do mês.

Bom carnaval e uma boa caraça/máscara. Caraças. Calma, também estamos a brincar ao carnaval.

PG



Na imagem: Convidados da edição da Moda Milão de fevereiro 2020, usam máscaras de proteção contra o Covid - 19. Máscaras cheias de glamour como manda a moda... / MATTEO BAZZI/EPA

Bom dia, este é o seu Expresso Curto

#MeToo e um Carnaval em que se fala de outras máscaras

Martim Silva | Expresso

Bom dia,

Hoje é Carnaval e já todos sabemos que ninguém leva a mal. Mas as máscaras do momento são outras, e bem mais assustadoras.

O alarme do coronavírus continua a assustar o planeta, com repercussões em Itália, na União Europeia, na China e em muitos cantos do globo. Com efeitos na economia à escala global. Com repercussões políticas que vão do aperto causado ao regime ditatorial da China ao teste que uma situação limite destas impõe a democracias liberais.

Além deste tema, a condenação de Harvey Weinstein em tribunal e o jogo de ontem do Benfica são os meus destaques deste que é o dia não feriado mais feriado de Portugal.

#METOO

Há dois anos e meio rebentou o escândalo sexual que daria origem ao movimento global de defesa dos direitos das mulheres #MeToo. E tudo começou com a cascata de denúncias e acusações de abusos sexuais, violações e comportamento para lá de incorrecto de um dos mais poderosos produtores da indústria cinematográfica de Hollywood.

Agora, Harvey Weinstein foi condenado em tribunal, depois de ser considerado culpado de violação e ato sexual criminoso (apesar das inúmeras denúncias públicas surgidas, este julgamento reporta-se a apenas alguns casos concretos) e pode ficar entre seis e 29 anos na prisão. Ainda assim, Weistein foi ilibado nas acusações criminais mais graves, de agressão sexual predatória, que o poderiam condenar a perpétua.

O julgamento centrou-se nas queixas contra Weinstein apresentadas por Miriam Haley, uma antiga assistente do produtor, e por Jessica Man, antiga atriz. Os depoimentos de quatro outras mulheres foram também permitidos em tribunal (para permitir estabelecer um padrão de comportamento).

Mal foi conhecida a sentença (atribuída por um júri que demorou cinco dias a deliberar), Weinstein virou-se para os advogados e por três vezes disse "sou inocente".

Aqui pode ler com mais detalhe sobre o tema, neste texto do NYT. E também este. E aqui pergunta-se o que mudou realmente entretanto no mundo do cinema de Hollywood.

A importância deste caso ultrapassa em muito as queixas das duas mulheres e a condenação de um homem. Dois anos e meio depois do surgimento do #MeToo, esta condenação dá corpo e razão a um movimento global que visa lutar pelo fim da violência sexual entre homens e mulheres. Que visa lutar contra o muro de silêncio que se abate sobre tantas e tantas mulheres abusadas, molestadas, assediadas e violadas e cujo depoimento é também tantas vezes desvalorizado ou relativizado.

Não, este não é um caso qualquer. E sim, aqui devemos ser todos feministas.

CORONAVÍRUS

Ainda antes de irmos ao noticiário propriamente dito, eis uma informação de interesse público. Como se trata afinal o coronavírus? O que fazer? Que medicamentos devem tomar os doentes infectados? Perceba aqui tudo, direitinho, nesta notícia da Vera Lúcia Arreigoso, a jornalista do Expresso que há muitos anos acompanha os temas relacionados com a saúde.

este outro artigo ajuda a explicar como o controlo dos passageiros nos aeroportos, nomeadamente tentando perceber quem tem sintomas, não impede de todo a propagação do vírus (dado que um portador pode ainda não ter sintomatologia).

Depois de uns dias em que o problema parecia estar a começar a diminuir, o susto global com o coronavírus regressou. Irão, Coreia do Sul e Itália, por exemplo, assistiram ao disparar do número de casos em pouco tempo.

A Organização Mundial de Saúde alertou para os riscos de uma pandemia à escala global. "Este vírus tem potencial para se tornar uma pandemia global? Sem dúvida. Se já lá chegámos? Penso que não".

No Expresso Diário, Francisco George tem opinião diferente e considera que a pandemia já aí está.

Na Europa, as bolsas tiveram o seu pior dia desde que os britânicos decidiram votar pela saída da União Europeia, no referendo de junho de 2016

Carnavais suspensos, povoações isoladas, desfiles de moda cancelados e até jogos decisivos como o Juventus-Inter jogados à porta fechada. O alerta com o coronavírus está a abalar Itália, que já decretou o estado de emergência nacional.

Neste texto, o nosso correspondente em Itália explica por exemplo como estão a ser abastecidas as pessoas das 11 localidades do norte do país que foram isoladas, por terem sido aí detectados os primeiros casos no país (e entretanto já morreram sete pessoas).

Do outro lado do mundo, onde tudo começou: Em poucas semanas, a economia chinesa já reduziu as emissões de CO2 para a atmosfera num valor idêntico ao total de emissões que são produzidas anualmente em Portugal.

Perante a onda de alarme (e quiçá alarmismo) criada, a Comissão Europeia veio ontem, além de anunciar mais fundos na ajuda ao combate do vírus, apelar à serenidade em matéria de possível fecho de fronteiras entre Estados-membros, dizendo que tal nunca deve ser feito por razões políticas, mas apenas se a evidência científica o aconselhar.

Por cá, o arrefecimento da economia asiática já está por exemplo a lançar o alerta nos produtores de têxtil nacional, pela falta de matérias primas.

Ao mesmo tempo, a situação em Itália, país bem mais próximo que a China, começa a aconselhar outro tipo de alertas e prevenção.

O português infectados com o vírus e que se encontrava retido num navio de cruzeiros no Japão já foi transferido para uma unidade hospitalar local.

E os casos suspeitos de cidadãos portugueses vindos de Itália já foram despistados e não se tratava de Covid-19. Já vamos em 14 casos suspeitos por cá, e todos deram negativo.

Eis um tema que seguramente se vai manter no topo da atualidade.

OUTRAS NOTÍCIAS

Cá dentro,

Numa espécie de reprise da discussão de há uma década, o tema do novo aeroporto de Lisboa continua a alimentar muita polémica e volte faces e hesitações e outros quejandos. Agora, perante a oposição de algumas das câmaras municipais afectadas pela infra-estrutura do Montijo, eis que o Governo se lembra de sugerir uma alteração à lei, de forma a fintar esse chumbo. O PSD é que não revela para já o que fará nesse caso – dá ou não a mão ao Executivo rosa?

No meio da confusão sobre o novo aeroporto, desencanta-se também o debate sobre Alcochete. Quem se lembra do jamé?

A escolha dos juízes do Tribunal Constitucional depende de um acordo, mais ou menos formal, entre PS e PSD. Sempre assim foi. Mas agora, os sociais-democratas parecem com vontade de chumbar a intenção socialista de colocar no Palácio Ratton Vitalino Canas, antigo porta-voz do PS.

Há muito tempo que costumamos brincar com os cortejos carnavalescos nacionais, que tentam imitar os brasileiros, apesar das temperaturas invernosas habituais nos nossos meses de Fevereiro. Um destes dias, essas piadas deixarão de fazer sentido. Ainda agora, a Madeira registou a temperatura mais elevada de sempre no segundo mês do ano, acima dos 28 graus.

Aqui pode ler o relato de uma mulher que alega ter sido vítima de violência policial em Lisboa, no último domingo, durante um desfile de Carnaval. A PSP já admitiu ter recorrido ao uso da força.

O actual estado da NATO tem levantado muitas críticas e interrogações, mas o Governo português não está particularmente pessimista, de acordo com o ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, em declarações ao El Pais.

Lá fora,

As Nações Unidas realizaram um extenso inquérito na Venezuela e chegaram à conclusão que um terço da população do país não tem acesso aos alimentos necessários para ter uma vida saudável.

Um alemão está a ser investigado por tentativa de homicídio depois de ter atropelado uma multidão que se juntava numa cidade da Alemanha para assistir a um desfile de Carnaval.

Um estudo sobre os recentes e devastadores incêndios que levaram um quinto das florestas da Austrália comprova que a tragédia teve uma causa: anos sucessivos de seca causados pelas alterações climáticas.

Líbia: Fações rivais suspendem participação em negociações políticas em Genebra.

160 polícias de município mexicano suspensos e desarmados

Morreu o escritor espanhol responsável pela tradução da poesia de Antero de Quental para castelhano.

DESPORTO

O Benfica conseguiu na última noite superar o Gil Vicente, em Barcelos, e voltou ao comando da I Liga. Vinicus foi o homem da noite, num terreno que se tem revelado muito difícil para os visitantes.

O Liverpool de Klopp continua a sua impressionante caminhada para ser campeão 30 anos depois em Inglaterra.

Rui Pinto apresentou queixa contra Portugal junto da União Europeia, por alegadas irregularidades no seu processo de extradição para o nosso país.

Nos EUA, um emotivo memorial a Kobe Bryant, que incluiu uma tocante mensagem de Jordan.

O QUE ANDO A LER

Depois da notícia do final da última semana, do desaparecimento do mais brilhante colunista e polemista português das últimas décadas, fiquei cheio de vontade de regressar a livros como O Poder e o Povo ou Glória (uns verdadeiros Maias do século XX português). Não será nesta newsletter mas para breve está marcada uma (re)incursão pelas magníficas obras de Vasco Pulido Valente.

Mas enquanto não volto a VPV, fica a sugestão do livro que me ocupou os últimos dias (e que já foi aqui referido em outros Expresso Curto de colegas meus): Em Tudo Havia Beleza, do espanhol Manuel Vilas, editado pela Alfaguara. Um relato biográfico intenso, meditativo e profundo sobre as relações familiares e as memórias dos parentes já desaparecidos.

Por hoje é tudo. Ao longo do dia, pode acompanhar a actualidade no Expresso online. Sim, porque é Carnaval mas nós até mascarados trabalhamos para lhe trazer todas as notícias.
Divirta-se e boas leituras.

Sugira o Expresso Curto a um/a amigo/a - e não estamos a brincar

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