Doze alemães são presos suspeitos
de integrar ou apoiar célula terrorista de ultradireita. Segundo investigações,
grupo se comunicava pelo Whatsapp e tinha planos concretos de atacar mesquitas
durante orações.
A polícia alemã prendeu 12
suspeitos de integrar ou colaborar com uma célula terrorista de extrema direita
que estaria planeando atentados com objetivo de "subverter a ordem
política" no país.
Segundo informou um porta-voz do
governo alemão nesta segunda-feira (17/02), as investigações indicaram que o
grupo estava envolvido em planos de ataques "chocantes" e de
larga escala contra mesquitas na Alemanha.
"É chocante o que foi
revelado aqui: que há células que parecem ter se radicalizado em um espaço tão
curto de tempo", disse Björn Grünewälder, porta-voz do Ministério do
Interior alemão.
Relatos na imprensa alemã
publicados neste domingo afirmam que os 12 homens presos na última
sexta-feira tinham ligação com a célula chamada Der harte Kern ("O
núcleo duro"), fundada em setembro do ano passado.
Segundo o jornal alemão Welt
am Sonntag, eles têm idade entre 20 e 50 anos e foram presos em seis
estados diferentes. Dos 12, quatro estariam sob suspeita de integrar o
grupo, e os demais, de fornecer apoio financeiro.
Os promotores que investigam o
caso suspeitam que eles planeavam ataques contra políticos, requerentes de
refúgio e mesquitas e que buscavam criar "circunstâncias semelhantes a uma
guerra civil".
Em resposta a essas suspeitas, o
porta-voz da chanceler federal alemã, Angela Merkel, enfatizou que o país
trabalha para preservar o direito da população de praticar sua religião sem
perigo. "É tarefa do Estado e, é claro, deste governo proteger a livre
prática da religião neste país, não importa qual seja a religião",
afirmou Steffen Seibert.
O Welt am Sonntag afirma
que os homens entraram em contanto uns com os outros através do aplicativo de
mensagens Whatsapp, antes de se conhecerem pessoalmente. O grupo foi colocado
sob vigilância em meados de 2019.
Nas buscas, os policiais
encontraram grande quantidade de armamentos, além de materiais que poderiam ser
usados na produção de bombas caseiras.
Há uma semana, num encontro na
cidade de Minden, no estado na Renânia do Norte-Vestfália, o suposto líder do
grupo teria comunicado um plano de ataque contra muçulmanos durante o horário
das preces, segundo uma reportagem da revista alemã Der Spiegel, citando
informações da promotoria alemã.
De acordo com a revista, dois
integrantes do grupo foram incumbidos de obter armamentos. O grupo ainda teria
discutido possíveis alvos de ataques. Numa das conversas monitoradas pelas
autoridades, os membros da célula teriam comentado a respeito de
"comandos" que agiriam em dez estados alemães.
O suposto líder, identificado
como Werner S., de 53 anos, da cidade bávara de Augsburg, já era considerado
pelas autoridades como um extremista de direita de alta periculosidade.
A célula teria mantido contatos
com a organização internacional ultradireitista "Soldados de
Odin" (SOO), fundada na Finlândia em outubro de 2015, que possui
ramificações em diversos países. Na Alemanha, uma subdivisão do grupo chamada
"Soldados de Odin Alemanha Divisão Baviera" estava sendo monitorizada
pelas autoridades desde 2017.
De acordo com os promotores
bávaros, o grupo questiona o "monopólio" do uso da força pelo Estado.
As autoridades disseram ter encontrado "fragmentos ideológicos"
associados à extrema direita, como um vídeo postado no Facebook em que uma
pessoa atribui a "morte do povo" alemão – uma referência à perda da
identidade em consequência da miscigenação – aos governantes políticos do país.
Os suspeitos foram levados para o
Tribunal Constitucional Federal em Karlsruhe. Segundo o Welt am Sonntag, um
juiz federal teria ordenado no sábado a prisão preventiva dos 12 indivíduos,
enquanto se desenrolam as investigações.
As leis alemãs permitem que
pessoas suspeitas de estar prestes a cometer crimes graves podem ser
mantidas sob custódia durante um período de seis meses, que, em casos extremos,
pode ser ampliado para um ano.
Deutsche Welle | RC/dpa/afp/rtr/kna
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