O presidente da Associação
Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE) criticou hoje a "não decisão"
da Direção-Geral da Saúde de encerrar as escolas casuisticamente, alertando
para o perigo de disseminação do vírus que poderá obrigar "a decisões
fundamentalistas".
O Conselho Nacional de Saúde
Pública (CNSP) recomendou hoje que só devem ser encerradas escolas públicas ou
privadas por determinação das autoridades de saúde, uma posição saudada pela diretora-geral
da Saúde, Graça Freitas, que confirmou que o encerramento será feito de forma
casuística "analisando o risco, caso a caso, situação a situação".
Para o presidente da Associação
Nacional de Dirigentes Escolares, Manuel Pereira, o anúncio feito hoje é
"uma não decisão".
"Eu acho que provavelmente
não estão a tomar as decisões mais corretas atendendo à gravidade da
situação", disse Manuel Pereira, lembrando as conversas recentes com
professores italianos que têm defendido que a situação no seu país poderia ser
diferente se tivessem sido tomado medidas mais cedo.
À Lusa, Manuel Pereira recordou
os apelos feitos por colegas italianos: "O que sistematicamente me dizem é
que ´é preciso que em Portugal não cometam os mesmos erros que cometemos em
Itália. É preciso não esperar que a situação fique incontrolável para tomar
decisões mais fundamentalistas´. E o que está a acontecer é que aqui em
Portugal corremos o risco de estar a tomar decisões caso a caso".
Com o anúncio de casos de alunos
e professores infetados durante o fim-de-semana, o presidente da ANDE
defendeu a antecipação em duas semanas das férias da Pascoa, que estão
marcadas para o final do mês. A ideia não foi recusada pelo primeiro-ministro,
que remeteu uma decisão para o CNSP.
Hoje, ao final da noite, foi
anunciado que a situação se iria manter inalterada: "Em cada região, as
autoridades de saúde analisam a situação concreta de cada escola",
defendeu Graça Freitas.
O representante dos diretores escolares
lembrou que existem atualmente "duas pandemias" em
Portugal: "A pandemia provocada pelo vírus e a pandemia provocada
pelo medo" que, na sua opinião, pode ser tão grave como outras pandemias.
Manuel Pereira disse que já
existe uma "a situação de pânico" nas escolas e que os primeiros
sintomas de medo começam já a revelar-se um pouco por todo o país.
"Em muitas escolas do pais,
muitos alunos não vieram à escola por opção clara dos encarregados de educação
que optaram por tomar decisões contingenciais em relação",
afirmou.
O presidente disse ainda que
existe "uma situação de alarme e de muita intranquilidade na comunidade
educativa".
Para Manuel Pereira a decisão de
antecipar em duas semanas as férias da pascoa seria uma forma de
tentar quebrar a cadeia de transmissão do novo coronavírus e de
acalmar a população, porque este não é apenas um problema das escolas mas
"de todo o país".
Notícias ao Minuto | Lusa |
Imagem: © Getty Images
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